JJ e a (não) aposta na formação: Mito a combater ou realidade a retomar?

    A verdade é que, na altura, já se notava qualidade nos jovens da formação do Seixal, mas não a suficiente, creio, para serem aposta concreta nas equipas de Jesus. Tal muito se deve à falta das duas outras razões para que tenha mudado (melhorado) a formação do SL Benfica: a presença regular na Youth League e nas seleções jovens (bem como a melhoria destas).

    Os jogadores dos escalões de formação do clube da Luz têm vindo a chegar às equipas seniores com mais qualidade e maturidade, muito graças às experiências internacionais adquiridas na Youth League (criada em 13/14, época em que as águias disputaram a final, com Estrela no onze) e nas seleções jovens. Os formandos da Luz começaram a integrar com maior regularidade as convocatórias para as seleções a partir de 2014, 2015.

    Foi também a partir dessa altura que as seleções de sub-19 e sub-21 (as mais próximas da seleção sénior) voltaram a frequentar e a vencer as fases finais dos Europeus. A participação de jovens do SL Benfica nessas mesmas fases finais aporta-lhes uma maturidade técnica, tática e pessoal vital para um fácil ingresso na equipa B e, posteriormente, na equipa A.

    De resto, voltemos a Estrela, para fazer uma comparação com o mais recente “6” da formação do SL Benfica, Florentino Luís. Na sua época, Estrela era um jovem com enorme potencial. Mas não mais do que isso. Por seu turno, Florentino Luís chegou à equipa principal do SL Benfica campeão europeu de sub-17 e sub-19 pela seleção portuguesa, vice-campeão europeu de sub-19 pelo SL Benfica (também Estrela o foi, diga-se) e com 72 jogos realizados pela equipa B.

    Florentino quando chegou à equipa principal do SL Benfica já tinha um bom currículo nas camadas jovens do clube
    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Toda esta experiência e todas estas experiências facilitam a aposta nos jovens oriundos da formação e que nunca saíram do clube. Ainda assim, as notícias veiculadas relativamente ao ataque encarnado ao mercado deixam claro, parece-me, que a aposta na formação será relegada para segundo plano, ainda que possa não ser totalmente abandonada.

    Espero que, tal como aconteceu com quase tudo este ano, essa aposta seja apenas adiada, não cancelada. Espero que a chegada de Gilberto, por exemplo, signifique que a ideia passa por deixar crescer jovens como Tomás Tavares até ao ponto-rebuçado, o que, diga-se, é uma ideia mais viável do que “atirá-lo aos cães” na Liga dos Campeões vindo dos juniores (veja-se a diferença de não passar pela equipa B).

    Creio, em suma, que JJ irá ter uma maior atenção aos jovens da formação, sem, no entanto, abdicar da sua predileta forma de montar plantéis: contratar jogadores “feitos” que compreendam mais facilmente todas as suas indicações.

    P.S.: continua a ser inaceitável a não aposta de Jesus em João Cancelo e Bernardo Silva.

    Artigo revisto por Joana Mendes

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    Márcio Francisco Paiva
    Márcio Francisco Paivahttp://www.bolanarede.pt
    O desporto bem praticado fascina-o, o jornalismo bem feito extasia-o. É apaixonado (ou doente, se quiserem, é quase igual – um apaixonado apenas comete mais loucuras) pelo SL Benfica e por tudo o que envolve o clube: modalidades, futebol de formação, futebol sénior. Por ser fascinado por desporto bem praticado, segue com especial atenção a NBA, a Premier League, os majors de Snooker, os Grand Slams de ténis, o campeonato espanhol de futsal e diversas competições europeias e mundiais de futebol e futsal. Quando está aborrecido, vê qualquer desporto. Quando está mesmo, mesmo aborrecido, pratica desporto. Sozinho. E perde.