Por fim, também a postura de Rui Vitória merece destaque e nota positiva. O Sport Lisboa e Benfica é um clube com raízes muito humildes e também isso faz parte da sua identidade coletiva. Não pode haver espaço para arrogâncias e condutas inconsequentes enquanto se está ao serviço do Benfica. Rui Vitória já avisou para não contarem com ele para alimentar intrigas e miudezas que só entretêm os pobres de espírito, e agradeço-lhe muito essa postura, que é o mínimo aceitável de alguém que, inevitavelmente, reflete a imagem do clube para o exterior.
Neste momento em concreto, o espírito de união entre os jogadores é palpável e a motivação está ao rubro. Houve uma reviravolta incrível no campeonato e os méritos têm que ser bem distribuídos: aos adeptos, à equipa… E ao treinador.
Rui Vitória provou ser um líder capaz de manipular o psicológico da equipa e conseguiu criar a motivação, a união e a ambição que devolveram o Benfica ao seu habitat natural – o primeiro lugar. Lembrou aos distraídos que o Sport Lisboa e Benfica nunca, em momento algum, é de subestimar.
Resumindo, no pior cenário possível deixa-se escapar o campeonato por muito pouco, eventualmente pelo normal desgaste físico da equipa, decorrente da época que foi feita – e isso é razão nenhuma para humilhações. Desde já fez-se o improvável com os recursos disponíveis e os adeptos têm mostrado que reconhecem essa virtude ao invadirem em massa os estádios por onde passa a equipa, jornada após jornada.
Em específico, quanto a este campeonato não nos podemos esquecer de que a pressão de o ganhar estava em toda a gente menos no Benfica. E os obstáculos que foram ultrapassados e a reviravolta mágica que ocorreu perante os nossos olhos são, por si só, razões para vaidade. E, porque se os clichés existem é por alguma razão, estava certo quem disse que o que importa não é quantas vezes caímos mas quantas vezes nos levantamos. Aconteça o que acontecer, acabamos esta época de pé.
Num plano mais geral, finalmente vejo sinais de mudança de direção para o projeto Benfica dos próximos anos. Há largas décadas que o Benfica vive aquém daquilo que é o seu potencial e daquilo que todos queremos testemunhar enquanto apaixonados por este clube. Não é só o Benfica dos anos 60 que tem que ser o auge da sua História; o Benfica do século XXI tem muita história por escrever e muita glória por conquistar. E esse percurso começa a traçar-se com treinadores dispostos a concretizar essa nossa prerrogativa.
Pode ainda não se ter ganho nada mas espero sinceramente que estejam a ser a construídas bases para um futuro melhor e, se assim for, Rui Vitória é o protagonista do início dessa mudança.
Foto de capa: SL Benfica