Luz ao fundo do túnel

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    Mais uma paragem no campeonato nacional (são seguidas!) e, como é do conhecimento dos meus leitores, altura ideal para actualizar o meu bloco de notas de ilações sobre a época do nosso Benfica. Desde os meus últimos rabiscos, muita coisa se passou no seio da nação benfiquista e a conclusão que retiro de todos esses acontecimentos é a da que há luz ao fundo do túnel.

    No futebol não há nada como uma boa série de vitórias para se gerar uma onda de confiança. Ainda mais num clube com sede de conquistas, como é o SLB. Uma atrás da outra, elas vão-se sucedendo e são o íman perfeito para juntar equipa e adeptos. O bom futebol e espectacularidade também ajudam, e muito, mas os efeitos são diferentes, como é óbvio. Este ano ainda não conseguimos criar esse triângulo perfeito (vitórias, bom futebol e espectacularidade), mas estou convicto de que, e para continuar no ramo das figuras geométricas, será precisamente um triângulo (o do meio-campo) que trará essa fórmula triádica para os relvados. Quem sabe para atingir o triplete (Campeonato, Taça de Portugal, Liga dos Campeões… – desculpem, entusiasmei-me). Mas já lá vamos. Agora ainda estou em fase de actualização de dados benfiquistas.

    Nesta fase da temporada ocupamos o segundo lugar do campeonato, a três pontos dos líderes, F.C.Porto, e ainda não os defrontámos. Com isto quero dizer que dependemos, única e exclusivamente, de nós para atingir o lugar no topo da tabela. Na taça de Portugal qualificámo-nos de forma justa e convincente para os quartos-de-final da prova, onde vamos enfrentar o Gil Vicente, na Luz. Por fim, e porque é a competição menos importante, na Taça da Liga estamos incluídos num grupo perfeitamente acessível para a qualificação para a próxima fase. Entre fronteiras, parece estar tudo sereno. No contexto internacional o cenário piora e é pouco provável que o Estádio da Luz presencie mais um jogo da Liga dos Campeões, tirando a partida final da prova. Este é, portanto, o desenho actual, simplista e pragmático, do quadro encarnado. Contudo, a tela ainda tem outra metade por preencher. O que aí vem pode ser ainda altamente triunfal e luminoso, por isso há que acreditar nesse desfecho.

    Atrás neste texto referi um triângulo como possível chave para abrir as portas ao bom futebol encarnado. Fi-lo de forma consciente e sem hesitações, pleno de crença neste modelo com três unidades no meio-campo. Como acérrimo defensor do 4x3x3 ou 4x5x1 (acaba por ir dar ao mesmo), penso que é este o sistema táctico mais completo do futebol. Sendo as unidades centrocampistas que definem o ritmo do jogo e que controlam todas as acções e movimentações da equipa, parece-me importante que o meio terreno esteja bem preenchido e de preferência por jogadores com características diferentes, mas que se completam. Dada a riqueza de recursos no nosso plantel, temos jogadores que podem formar um triângulo compacto e dinâmico, ao mesmo tempo, e assim criar um estilo de jogo entusiasmante e digno de um grande clube.

    Amorim volta a parar Fonte: visaodemercado.blogspot.com
    Amorim volta a parar
    Fonte: Visão de Mercado

    Enzo e Matic têm lugar-cativo no onze pelas razões evidentes: têm qualidade de sobra e formam uma das duplas de médios mais categorizadas do futebol europeu. Porém, como não estamos a falar de duplas, falta aqui uma peça para completar este puzzle triangular. Com Rúben Amorim lesionado, surgem os nomes de Fejsa, André Gomes e Djuricic para ocupar o seu lugar. Todos eles têm características diferentes uns dos outros e, cada um à sua maneira, conferem ao onze potencial. Jesus tem ao seu dispor um leque de médios que lhe permite enfrentar qualquer adversário. Só tem de saber escolher o melhor parceiro para aquela dupla. Reconheço qualidades físicas e tácticas a Fejsa, admiro a classe de André Gomes, mas clamo a magia de Djuricic. O futebol do jovem sérvio caía na perfeição no nosso estilo de jogo, assumindo-se como verdadeiro e clássico número dez que não temos desde os tempos de Aimar e que tanta falta nos faz.

    Pessoalmente, não consigo imaginar um onze sem um número dez. Sem um vagabundo que tenha total liberdade criativa para usar e abusar da sua qualidade de passe, criatividade e visão de jogo. O médio sérvio tem estas características e está na altura de aparecer e de as mostrar ao universo benfiquista. O nosso jogo precisa de ti, miúdo! Falta no Benfica qualidade no último passe e certeza no momento do passe e o surgimento deste talento certamente que irá colmatar essa deficiência.
    Enfim, são estes os argumentos que sustentam a minha inabalável fé no triângulo de meio-campo para elevar o nosso futebol ao nível do passado recente.

    Hoje, frente ao Sp. Braga, é o contexto ideal para testar esta nova abordagem. Por se tratar de um clássico. Porque vamos ter um estádio bem composto. Porque os adeptos já parecem dispostos a perdoar os fracassos da equipa ao nível dos títulos e porque estão prontos para ver o bom futebol que os jogadores lhe podem oferecer.

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