Nemanja Radonjic | De “party animal” a ídolo

    No Mundial, pouco produziu (apenas 17 minutos divididos entre as derrotas frente à Suíça e ao Brasil), a Sérvia acabou em terceiro do grupo E, sendo uma das grandes desilusões da prova – mas as oportunidades continuaram a surgir, com a assiduidade e participações relevantes nos melhores momentos da turma, deixando explícito o mundo de diferença em termos de rendimento apresentado entre clubes e seleção. Uma questão de saudade? Fica no ar a reticência pela distância entre Lisboa e Belgrado.

    Nasceu futebolisticamente no FK Partizan, mostrando desde muito cedo um talento gigantesco que deixava antever exuberante afirmação como nova grande coqueluche do futebol sérvio – o novo Lazar Markovic, como era muitas vezes referenciado – e com um futuro ascendente sem qualquer tipo de travão até ao topo europeu.

    As razões que levaram ao incumprimento desse destino quase obrigatório são caricatas, provocatórias de uma gargalhada só possível pela distância emocional que temos das rivalidades naquela zona da Europa: recusou-se, simplesmente, a assinar o contrato profissional proposto pelos diretores, em 2013.

    Com 16 anos, e com toneladas de expectativas aos ombros, teve o descaramento de disparar uma negativa. Sem nenhuma certeza quanto aos motivos, muitos foram os rumores a tentar explicar tão insólita circunstância, que o fez abandonar o clube e rumar à Academia George Hagi, na Roménia – a teoria mais aceite, que por acaso é aquela que alavanca dramaticamente toda a sua história, rege-se por diretriz… do coração.


    Ao que parece, a sua paixão enquanto adepto do FK Crvena Zvezda era tão radical que lhe seria impossível representar o rival ao mais alto nível. Natural, então, que tenha saído imediatamente do país rumo à Roménia, onde aguardaria por notícias e contratos melhores na Academia George Hagi.

    Esteve ali poucos meses. Os diretores romenos tinham estreitas relações com os responsáveis da AS Roma: Walter Sabatini (homem-forte do futebol romano de 2011 a 2017, responsável pelas contratações de Lamela, Marquinhos, Strootman, Gervinho, De Sanctis, Nainggolan ou Mehdi Benatia) apaixonou-se pelos seus talentos e não descansou enquanto não o trouxe para a capital italiana e o instalou num quarto em Trigoria – centro de treinos dos giallorossi -, fortemente supervisionado.

    Não se precaveu, foi, em primeiro lugar, da influência adamastoresca do seu empresário, o poderoso Fali Ramadani – que, além de grandes exigências bancárias (a AS Roma pagou, até 2018, momento da compra do passe por parte do Olympique de Marselha, 3,1 milhões de euros em comissões – por um jogador que fez apenas… três jogos pela sua equipa Primavera!), tinha em carteira jogadores como Jovetic ou… Adem Ljajic, craque dos séniores.

    Ora, para Adem foi um passatempo interessante tornar Radonjic, o prodígio conterrâneo, no seu protégé dentro do clube – e com ele provocar o caos, num sem número de partidas, situações de comportamentos desviantes e casos de indisciplina, entre os quais as recorrentes noitadas que se transformavam em diretas antes de treinos matinais.

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    Pedro Cantoneiro
    Pedro Cantoneirohttp://www.bolanarede.pt
    Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, o Benfica como pano de fundo e a opinião de que o futebol é a arte suprema.