Ainda não foi desta que o Benfica de Rui Vitória conseguiu vencer um jogo na pré-temporada. Os encarnados sucumbiram à maior eficácia dos norte-americanos e somam, já, três encontros sem vencer na fase de preparação para 2015/2016.
O resultado, segundo Rui Vitória, deverá ser relativizado e é nesta altura que, segundo o ribatejano, se deve errar de forma a mitigar os efeitos de um eventual erro em plena competição. Será dada, por isso, maior importância aos processos assimilados pela equipa do que propriamente ao resultado. A exibição terá, portanto, mais valor.
O adepto poderá não o ver assim, mas se, de facto, a exibição contar mais que o resultado, então Rui Vitória tem motivos para estar satisfeito. A nível físico apenas a espaços se foi notando a diferença de ritmo competitivo entre as duas equipas. A nível táctico, o Benfica, não esteve irrepreensível, mas foi notória a segurança da equipa na sua própria organização, quase não se notando a integração de oito caras novas no onze titular face ao utilizado diante da Fiorentina (entre elas, as de Ederson, Nélson Semedo, Carcela, Taraabt e Jonathan Rodríguez, que não integraram o plantel principal no ano passado) e a espécie de nuance introduzida por Rui Vitória neste encontro: jogo mais perto de um 4x2x3x1 que de um 4x4x2, com Taraabt mais recuado do que Jonas no papel de “segundo avançado”.
Essa segurança permitiu ao Benfica um jogo mais desinibido desde o início, com excelente envolvência ofensiva desde os defesas laterais (especialmente Nélson Semedo, a revelar-se uma boa surpresa) aos alas, passando pela zona central, onde Pizzi foi o maestro de uma orquestra que, aos poucos, parece ir sendo afinada. Foi assim que o Benfica chegou ao golo. Uma bola cruzada por Nelson Semedo ressaltou para Carcela, que ao tentar contornar o adversário ofereceu a bola a Pizzi para o português, destemido romper pela grande área e atirar a contar para o golo inaugural.
A partir daqui, o Benfica fechou-se bem e continuou a ter bom caudal ofensivo, sobretudo no lado direito, com Carcela em evidência, revelando um entendimento notável tanto com Pizzi como com Jonathan Rodríguez e Taraabt. Não fosse o desposicionamento de Sílvio, por duas vezes apanhado a defender demasiado por dentro, e a exibição seria quase irrepreensível até ao momento em que Luisão teve um erro clamoroso: ao querer atrasar a bola para Ederson de primeira, o passe saiu curto e Wright-Phillips não perdoou e empatou o encontro, deixando-o assim até ao intervalo.
Durante o descanso houve muitas alterações do lado dos New York Red Bulls – “sobreviveu” apenas um dos centrais a esta “enchurrada” e o novo onze impôs mais dificuldades ao Benfica. Porém, essas dificuldades foram sendo contornadas pela rebeldia de iniciativas individuais levadas a cabo por Djuricic ou pelas excelentes combinações de uma sociedade que promete fazer sucesso na criação de perigo para as balizas contrárias: Pizzi/Carcela. Faltou sempre o mais importante para o resultado, os golos, mas aquilo que o Benfica fez para o conseguir revelou que há armas ofensivas quase suficientes para continuar a causar o pânico às defesas que defronta, mesmo sem contar com as principais.
Na defesa, ainda foram merecidos alguns reparos, nomeadamente na zona em frente à grande àrea, com os médios a acusarem a falta de ritmo competitivo no segundo golo da formação norte-americana: Grella simulou e quer Pizzi, quer Samaris cairam para o mesmo lado, deixando uma brecha para o jogador dos New York Red Bulls assinar o golo da noite.
Mas de resto nada a apontar, a não ser a falta de eficácia. A eficiência dos demais processos ofensivos, a circulação de bola e a organização defensiva demonstram estar a ser bem trabalhadas de forma a chegar ao dia 9 de Agosto com a equipa devidamente preparada para um dos jogos mais importantes da época – a Supertaça é o primeiro jogo a doer e vale um título contra a equipa do antigo treinador.
Só resta mesmo marcar mais golos do que o adversário…
A Figura
Pizzi – Comandou o processo ofensivo benfiquista e partiram dele as principais iniciativas dos encarnados até à sua saída. Foi ele o responsável pelo futebol vertiginoso que já se vê, a espaços, na nova águia. O golo coroou aquela que viria ser uma das melhores exibições de um jogador do Benfica nesta pré-temporada.
O Fora-de-Jogo
Luisão – Errou clamorosamente no primeiro golo dos New York Red Bulls e voltou a a errar num passe que saiu demasiado curto, mas que foi corrigido por Samaris. O capitão continuou a ser a voz de comando habitual, mas a nível técnico esteve muito abaixo do que dele é esperado e isso custou caro ao Benfica.