O Campeonato do Estado Novo

    sl benfica cabeçalho 2E assim do nada parece que nos enfiámos todos numa máquina do tempo e demos por nós nos anos 60 sob a alçada de Salazar. No próximo sábado jogam-se três competições importantes em Portugal, Fátima, a EuroVisão e a Liga Salazar. Perdão, o campeonato português.

    Quase que existe um certo tom de blasfémia dizer que o Benfica pode vencer a Liga Portuguesa de Futebol, quando o Porto e o Sporting, mas mais o Porto, tanto se esforçaram para dar um novo nome à Liga. Já foi a Superliga, Liga Portuguesa, Liga Bwin e agora está prestes a evoluir para Liga Salazar. E porquê?

    Bom, ao que parece, a malta do norte acha que o Benfica foi muito beneficiado este ano e que eles, o Porto, entendem que ficaram por marcar 22569 penaltis a favor dos azuis. Então invocaram o nome de Salazar, um pouco, como os velhos fazem, só que com um contexto mais negativo.

    Eu bem costumo ouvir a minha avó dizer: “Isto no tempo de Salazar as coisas eram diferentes”, referindo-se ao excesso de bandidagem, softporn televisiva e questões financeiras. Já o Porto, usa Salazar para relembrar que o homem era um ditador e suposto adepto do Benfica e por isso é que ganhávamos sempre. Esquecem-se do Eusébio, Coluna…enfim, gente que viu o Secretário ir para o Real Madrid.

    Ora, se vamos entrar numa de paralelismos e comparações, é preciso ter cuidado e rezar para que a memória de peixe não ataque. Ah, ora bolas, parece que foi isso mesmo que aconteceu ao Porto e à sua Liga Salazar.

    Fonte: SL Benfica
    Fonte: SL Benfica

    Vamos cá ver uma coisa. Quem é que tem o mesmo presidente há já mais de trinta anos? Quem é que esteve, nos últimos anos, envolvido em escândalos de assédio e suborno a árbitros? Quem é que chegou a estar envolvido no processo “Apito Dourado”? E aquele FC Porto vs Beira-Mar de 2002 supostamente com o resultado comprado?

    Tudo questões com a mesma resposta, ou duas, ora respondemos Porto ou Pinto da Costa. Claro que podem vir com: “Ah, mas não se provou nada e tal”, pois sim, podem muito bem fazer isso, mas percebem a ironia?

    Como é que o clube que tem a reputação de assediar, corromper, ameaçar, ter uma equipa de futebol secundária que é formada por membros da claque, que ataca árbitros, seja em pleno jogo ou estabelecimentos, que familiares destes tenham, pode dizer o que quer que seja neste aspecto? Eis o que devia ser da vossa mais querida preocupação.

    Em vez de chamar a este campeonato, Liga Salazar, chamem-lhe antes Liga do Empate, porque a coisa que melhor souberam fazer.

    O Porto empatou 10 jogos. O Porto tem mais empates do que equipas abaixo do Porto. Jogaram mal. Estiveram a ganhar montes e vezes e não conseguiram manter a vantagem, reflexo disso, o jogo no Dragão com o Benfica. Não tiveram um treinador. Tiveram um tipo que parece ser bom falante para as câmaras e psicólogo, mas que de bola nada entende. Não sou o maior fã do Vitória, mas porra, o homem ao menos consegue fazer um trabalho competente!

    Gabo uma coisa ao NES, conseguiu queixar-se menos, ainda que o tenha feito, dos árbitros em relação à direcção e a comunicação do clube. Talvez por ser uma pessoa mais tranquila, mas demasiado tranquila para ser um bom treinador de futebol.

    Der por onde der, só houve uma equipa que realizou um campeonato regular e que manteve o foco no que mais importava, o Benfica.

     Foto de Capa: SL Benfica

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    João Valente
    João Valentehttp://www.bolanarede.pt
    João Valente é um apaixonado pela arte do futebol. Nascido e criado durante boa parte do tempo em Lisboa, começou a seguir este desporto com uns tenros quatro anos e, desde então, tem sido um namoro interminável. É benfiquista de gema – mas não um que só vê Benfica à frente! É alguém que sabe ser justo quer o Benfica ganhe ou perca e que está cá para salientar os porquês, na sua opinião, dos resultados. Como adepto de futebol que é não segue só a atualidade do futebol português; faz questão também de acompanhar a par e passo o que de mais importante acontece nos principais campeonatos. A conjugar com o seu interesse pelo futebol, e pela malha, desporto que descobriu porque o seu avô era campeão lá na rua, veio a escrita, forma que encontra de expor os seus pensamentos na esperança de um dia se tornar num grande jornalista de desporto, algo que dificilmente acontecerá mas, tudo bem, ele um dia há-de perceber isso.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.