Os tremeliques começaram com a contratação de Markovic pelo Sporting. Nas últimas horas de Agosto, muitos benfiquistas, chorosos e revoltados, lamentaram-se pelo facto de o clube ter falhado, por uma unha negra, a inclusão de um décimo extremo no seu plantel (posição onde há dois anos, antes da dispensa pelo Liverpool e do “banco” pelo Fenerbache, o sérvio brilhou, graças, sobretudo, à vaga deixada pela lesão daquele que, à altura e hoje, é o titular indiscutível: Salvio). Seguiu-se a entrevista de Jorge Jesus, onde o ex-treinador do Benfica, estatuto claramente prioritário ao actual – como as palavras do próprio invariavelmente comprovam –, nos explicou a todos, simples mortais, como o Benfica planeara “correr” com Luisão (e, entre outras coisas, também nos explicou o caminho que cumpriu desde que chegou ao Sporting, da evolução até ao título de campeão, que, de um ponto de vista muito pessoal, me parece não ter ainda ocorrido). Logo mais lamentos; mais choro e revolta.
O pior, porém, estava por vir. O caso Talisca deixou os benfiquistas ainda mais chorosos e ainda mais revoltados; injectando-lhes uma dose extra de energia desperdiçada em discussões fúteis e estéreis de mesa do café. Talisca é um jovem com qualidade e potencial, futebolista que o Benfica descobriu no modesto Bahia do Brasil, que contratou e remunerou generosamente, com dinheiro e títulos colectivos, que projectou na Europa, contribuindo para a sua chamada aos treinos da selecção do seu país, e dando-lhe a oportunidade – que arrisco a dizer, muito provavelmente, inédita – de actuar nos quartos-de-final da Champions League, a maior competição de clubes do Mundo. Um currículo que lhe valeu novo e melhorado contrato na Turquia, no valor de 1,5 milhões de euros anuais, graças, principalmente, à gestão que foi feita pelos responsáveis do Benfica de certas questões problemáticas, daquelas que enjeitam jogadores por muito talento que tenham: o constante desrespeito pelas regras internas, onde se inclui, por exemplo, as conversas com Jorge Jesus sobre política externa e xadrez, que, segundo dizem, tanto contribuíram para os três títulos festejados, em 180 minutos da época passada, pelos sportinguistas.