O essencial e o acessório

    Correu, pois, demasiada tinta em torno destas minudências; a malta entusiasma-se, perde a cabeça, perde o pé e, aos magotes, trata de discutir, horas a fio, de preferência diante de um ecrã de computador – com recurso a um nick manhoso (espelho de um ódio; um complexo) –, cada centelha extinta de qualquer um destes assuntos. E perdem-se vidas inteiras com isto, ao invés de nos focarmos naquilo que realmente interessa.

    O Benfica tem um trabalho para fazer – e prossegue nesse rumo, com o mérito que os títulos consecutivos conferem e comprovam. Existem, no entanto, assuntos sérios por resolver, erros para compreender e corrigir urgentemente. São precisamente esses assuntos que merecem ser debatidos pelos benfiquistas, entre os benfiquistas, seja em condição presencial ou digital. O que nos deve ocupar o espaço reflectivo que reservamos ao universo do futebol, em particular ao nosso clube, que nos deve fazer revoltar e soluçar; e que, na prática, são as condições que, no final, contribuem verdadeiramente para o desfecho do campeonato.

    Por exemplo: a quantidade de lesões, que, desde o início da época, nos impede de ter à disposição algo parecido com um “onze” ideal; os três golos sofridos, pelo ar, em apenas cinco jornadas; a incapacidade, em pleno Estádio da Luz, de ultrapassar uma equipa bem organizada, actuando em linhas compactas e recuadas; as longas fases de jogo onde equipa perde efectivamente o controlo sobre os acontecimentos; a ineficácia ofensiva que resultou em sustos e, em dois casos, resultados negativos. Estes são os assuntos que interessam discutir. E não perder tempo com conversas da treta, atitudes da treta, entrevistas da treta, comunicados da treta, posts da treta que, na verdade, não ganham jogos nem campeonatos; embora haja muitos que bem possam contribuir para os fazer perder.

     

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    João Amaral Santos
    João Amaral Santoshttp://www.bolanarede.pt
    O João já nasceu apaixonado por desporto. Depois, veio a escrita – onde encontra o seu lugar feliz. Embora apaixonado por futebol, a natureza tosca dos seus pés cedo o convenceu a jogar ao teclado. Ex-jogador de andebol, é jornalista desde 2002 (de jornal e rádio) e adora (tentar) contar uma boa história envolvendo os verdadeiros protagonistas. Adora viajar, literatura e cinema. E anseia pelo regresso da Académica à 1.ª divisão..                                                                                                                                                 O João não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.