Correu, pois, demasiada tinta em torno destas minudências; a malta entusiasma-se, perde a cabeça, perde o pé e, aos magotes, trata de discutir, horas a fio, de preferência diante de um ecrã de computador – com recurso a um nick manhoso (espelho de um ódio; um complexo) –, cada centelha extinta de qualquer um destes assuntos. E perdem-se vidas inteiras com isto, ao invés de nos focarmos naquilo que realmente interessa.
O Benfica tem um trabalho para fazer – e prossegue nesse rumo, com o mérito que os títulos consecutivos conferem e comprovam. Existem, no entanto, assuntos sérios por resolver, erros para compreender e corrigir urgentemente. São precisamente esses assuntos que merecem ser debatidos pelos benfiquistas, entre os benfiquistas, seja em condição presencial ou digital. O que nos deve ocupar o espaço reflectivo que reservamos ao universo do futebol, em particular ao nosso clube, que nos deve fazer revoltar e soluçar; e que, na prática, são as condições que, no final, contribuem verdadeiramente para o desfecho do campeonato.
Por exemplo: a quantidade de lesões, que, desde o início da época, nos impede de ter à disposição algo parecido com um “onze” ideal; os três golos sofridos, pelo ar, em apenas cinco jornadas; a incapacidade, em pleno Estádio da Luz, de ultrapassar uma equipa bem organizada, actuando em linhas compactas e recuadas; as longas fases de jogo onde equipa perde efectivamente o controlo sobre os acontecimentos; a ineficácia ofensiva que resultou em sustos e, em dois casos, resultados negativos. Estes são os assuntos que interessam discutir. E não perder tempo com conversas da treta, atitudes da treta, entrevistas da treta, comunicados da treta, posts da treta que, na verdade, não ganham jogos nem campeonatos; embora haja muitos que bem possam contribuir para os fazer perder.