No pouco que pude ver da pré-época há já dois jogadores da formação que poderão ser apostas no decorrer da próxima época. Falo de João Félix e Gedson Fernandes.
João Félix tem o toque dos predestinados. É um miúdo talentoso, que gosta de ter a bola e de a jogar com os colegas. É tecnicamente apurado, criativo e gosta de jogar bonito: tenta tabelas e triangulações e só parte para o drible quando vê que há condições para ser bem sucedido.
Está ainda num processo de maturação porque só pode jogar aquilo que sabe quando o modelo de jogo em que está inserido o permite. E até ver o modelo de Rui Vitória ainda não potencia as qualidades de jogadores assim, jogadores que dão o máximo só quando a equipa está perante uma forma única e criativa de jogar. João Félix lembra Aimar, permitam-me a heresia. O mago argentino teve uma primeira temporada no Benfica boa mas não excelente. Percebia-se que o seu nível só estaria no ponto quando encontrasse um treinador que potenciasse os seus atributos. Felizmente para ele e para o Benfica Jorge Jesus chegou na época seguinte e retirou do eterno 10 o melhor que o mesmo tinha para dar. Aimar, com a ajuda de Saviola, Ramires, Fábio Coentrão ou Di Maria, pertenceu a uma das melhores equipas que o futebol português alguma vez viu e o Benfica realizou uma época brilhante.
Com Félix terá de suceder o mesmo. Se Rui Vitória conseguir juntar os mais talentosos em campo nem precisa de muito, eles entendem-se. É preciso o treinador do Benfica perceber isso e escolher os melhores. Se assim o fizer, Félix será titular rapidamente.
No caso de Gedson Fernandes o caso é diferente. Gedson é um protótipo de jogador moderno. Moderno porque tem características que se adequam a qualquer modelo e a qualquer treinador, sejam ambos bons ou maus.
Gedson é arrogante, tal qual Renato Sanches, não se escudando do jogo. Mas é melhor que Renato porque tem mais classe. Não esgota o seu futebol em correrias loucas e no poder físico. Faz isso mas junta-lhe a pausa e uma qualidade técnica superior. Acrescente-se a isto velocidade e inteligência de execução com um raro poder de chegar à área e rematar e estamos perante um jogador do futuro, que agrada a qualquer um. Jogue o Benfica com dois ou três médios considero que é uma questão de tempo até Gedson se fixar no onze. Os sacrificados podem ser Pizzi ou Zivkovic mas um deles sairá, com toda a certeza.
Félix e Gedson, dois talentos da formação, provam que o futuro é agora.
Foto de Capa: SL Benfica