O que é preciso fazer para acordar o adormecido?

    Antes da atual paragem do campeonato para os jogos das seleções, o Benfica mostrou-se fragilizado. Os adeptos não estão de olhos fechados, e todos reparámos que não se está a praticar um futebol ao qual estamos habituados a ver de um Benfica que se digna ser um dos maiores clubes do mundo. Das últimas cinco partidas, o Benfica venceu uma, empatou outra, e perdeu as três restantes seguidamente. Aliás, o último jogo em que ainda se viu um futebol decente foi frente ao Futebol Clube do Porto, no Estádio da Luz, porque mesmo antes dessa partida já não se estava a assistir a um bom futebol do lado do Benfica. O pior é terem sido derrotados por equipas que o Benfica teoricamente vencia, tendo em conta a dimensão mais elevada do clube, e o facto de terem um plantel supostamente definido e reforçado.

    Existem alguns problemas que podem contribuir para esta baixa forma que o Benfica atravessa atualmente.

    O mais facilmente identificável, e provavelmente o principal a nível futebolístico, é a falta de um treinador com ideias frescas. O futebol do Benfica tem sido o mesmo que se vê desde que Rui Vitória é o treinador: é um jogo que procura usar as extremidades do campo, muitas vezes recorrendo aos laterais (que estão em baixa forma) e aos extremos (que não têm uma consistência que se exige para este tipo de futebol), que tentam sempre os cruzamentos para o meio da área à procura de um avançado que tenha sorte na forma como a bola lhe chega. Sorte a qual não tem aparecido. Não existe uma troca de bola e aquela “magia” a que estávamos habituados, porque não existe uma tática bem implementada.

    Tática não existente, e falta de confiança do plantel. O segundo problema são os jogadores. Muitos parecem estar a passar por um mau momento da carreira. Jogadores como Grimaldo, Pizzi, Salvio e Cervi (entre outros) parecem estar a adormecer em campo. Passes falhados, posse de bola perdida, e, principalmente, falta de motivação. Parecem ser vários “demónios” a atormentar os jogadores, e provavelmente falta-lhes alguma autoconfiança. É um plantel sem garra, e os reforços não parecem ter chegado para oferecer algo de novo, principalmente Castillo e Ferreyra. Neste momento o Benfica não tem avançados que marquem golos, tirando Jonas que esteve lesionado, e ainda parece estar “tocado” não tendo a mesma eficácia da época passada.

    O treinador não parece estar a transmitir grande confiança aos jogadores, nem tem tido uma boa postura perante os adeptos
    Fonte: SL Benfica

    Os adeptos cansaram-se rápido e com razão. Já se viram lenços brancos, e os pedidos para que Rui Vitória deixe de ser o treinador do Benfica chovem conforme a tempestade de maus resultados e más exibições devasta a prestação do clube perante as várias competições em que está inscrito.

    Existe assim um tridente que serve como balança para o clube: o treinador, os jogadores, e os adeptos. Quando estamos em boa forma e ganhamos todos os jogos, existe uma boa relação entre os três elementos. Mas quando os maus resultados aparecem, os adeptos fazem-se ouvir, os jogadores cansam-se e o treinador é posto em causa. Será a melhor solução para este mau momento que o clube atravessa a destituição de Rui Vitória?

    Se as más exibições perdurarem até janeiro, penso que sim. Não há possibilidade de uma continuação de Rui Vitória no clube depois das exibições embaraçosas do Benfica frente a clubes relativamente mais “pequenos”, e a prestação tanto no campeonato como na Liga dos Campeões tem sido péssima. O Benfica precisa de tática e confiança, algo que um novo treinador bem escolhido pode trazer.

    Foto de capa: SL Benfica

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    Jorge Baptista Laires
    Jorge Baptista Laireshttp://www.bolanarede.pt
    Adepto do Sport Lisboa e Benfica, do clube da sua terra, e, principalmente, da verdade desportiva. Despreza fanatismos clubísticos, tendo sempre uma opinião formada no que vê do próprio jogo jogado.                                                                                                                                                 O Jorge escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.