“Treino a treino, jogo a jogo”. Esta tem sido uma das frases de Bruno Lage mais ouvidas nas conferências de antevisão, flash-interviews e conferências pós-jogo. É um facto que o treinador setubalense dá bastante ênfase ao presente e, sem fazer grandes projecções, gosta de ir trilhando o caminho da sua equipa de desafio em desafio. E bem, diga-se. Não há jogos iguais – nem adversários iguais –, mesmo que o jogo seguinte seja precisamente contra o mesmo oponente que se acabou de enfrentar. E basta recuarmos à dupla jornada de Guimarães para ter a prova disso.
Cada jogo é um jogo e a frase de que “o jogo tem vida própria” parece uma frase da moda, mas acaba por ser uma grande verdade. Ninguém pode olhar para um jogo e dizer que por se escolher este ou aquele jogador, este ou aquele sistema táctico, o encontro vai decorrer desta ou daquela forma. É impossível. Podemos fazer conjecturas, mas certezas não temos. É aqui que entra o treino, a preparação para o jogo e o encontrar de soluções para os diversos cenários que possam ocorrer ao longo dos 90 minutos.
No jogo do passado Domingo que opôs o Sport Lisboa e Benfica ao Sporting Clube de Portugal, a turma de Lage mostrou uma superioridade tal que se imaginou a dada altura que o resultado final do encontro poderia muito bem vingar o histórico 7-1. Foi uma autêntica demonstração de força, numa partida em que a Águia conseguiu ser exemplar em todos os momentos do jogo.
Notou-se uma preparação extrema e uma atenção exímia ao detalhe, que fez com que o SL Benfica conseguisse neutralizar alguns dos pontos fortes do Sporting CP. Juntando a isso a potencialização de determinados factores como o momento de transição defensiva, a procura do jogo entre-linhas, o aproveitamento do espaço concedido nas costas da defensiva leonina e o momento de transição ofensiva, fez com que os “encarnados” nunca parecessem em dificuldades ao longo de todo o jogo.
O que poderemos então esperar para Quarta-feira? Eu acredito que será um SL Benfica muito à imagem daquele que vimos no jogo a contar para a Liga NOS, a procurar manter as suas linhas compactas e num bloco médio-alto, com uma reacção à perda muito forte para depois iniciar o momento de transição.
O jogo interior e entre linhas deverá continuar a ser privilegiado, juntamente com as constantes movimentações dos médios-ala para o espaço central, de forma a abrir os corredores para os laterais. Deverá também haver especial atenção ao comportamento da linha defensiva do Sporting CP, pois se voltarem a apresentar-se no dérbi com as linhas subidas então há que saber aproveitar a profundidade nas costas dos dois centrais.
Apesar de tudo e sem querer fazer futurologia, desta vez acredito que o Sporting CP se irá apresentar mais baixo no terreno e a tentar aproveitar algum erro ofensivo do SL Benfica, para depois explorar o momento de transição ofensiva. Não sendo ainda um jogo de tudo ou nada, terão a 2.ª Mão das Meias-finais no seu estádio e de nada lhes vale já estar praticamente fora da competição antes de poderem aproveitar o “factor casa”. Por esta razão, seria importante que o SL Benfica voltasse a entrar em campo com uma grande intensidade no seu modelo, uma vez que tal será importante para desposicionar as linhas baixas e juntas do adversário.
É fundamental que o SL Benfica saiba manter a organização que tem vindo a apresentar desde que Bruno Lage assumiu o comando técnico e que tão bons resultados tem trazido e, acima de tudo, que em tanto melhorou o nível exibicional da Águia. Para o jogo de Quarta-feira arrisco num 3-0 para os da casa, com dois golos de João Félix e um de Seferovic. E para o 11 inicial apostaria em Mile Svilar; André Almeida, Rúben Dias, Ferro e Álex Grimaldo; Florentino Luís, Gabriel, Pizzi e Rafa Silva; João Félix e Haris Seferovic. Rumo ao Jamor.
Foto de Capa: SL Benfica