Os 2 maiores mitos do SL Benfica

    2. 15 Minutos à Benfica

    Uma readaptação do “quarto de hora à Belenenses”, instaurado na final do Campeonato de Lisboa de 1926 (5-4 ao SL Benfica) e também parte integrante no único campeonato nacional ganho pelos da Cruz de Cristo, em 1945-46, no jogo derradeiro em Elvas.

    A versão benfiquista tem a sua origem disputada pelas circunstâncias do tempo e as reclamações geracionais de autoria; mas é comumente apontada ao jogo da segunda mão dos Quartos de Final da Taça dos Campeões de 71-72, aquando dos 5-1 ao Feyenoord a responder ao 1-0 da primeira mão.

    Ernst Happel, lendário treinador austríaco, falava de um SL Benfica «provinciano» e que lutaria para não descer na Eredivisie, sendo «do nível de um Excelsior» –  como campeão europeu e intercontinental dois anos antes, achava-se na mó de cima e intocável.

    O SL Benfica entrou bem no jogo da Luz, fez cedo o 2-0 que arrumava a eliminatória. Van Hanegem reduz aos 75’, balde de água fria e que fez os holandeses acharem que estava tudo feito. Ora, a partir daí, uma das mais famosas versões dos “15 minutos à Benfica” transforma 2-1 em 5-1, mostrando mais uma vez à Europa que o SL Benfica dominador da década de 60 continuava vivo.

    Há outra versão – os “10 minutos à Benfica”, ou 20, como corrigiu Carlos Manuel – que ficou tradicional na Luz. Aos microfones de um podcast do projeto Benfica Independente, o antigo médio benfiquista explicou o contexto desta peculiaridade tradicional de antigas equipas do SL Benfica, que diferenciava dos 15 minutos enunciados antes por ser período frenético interpretado… No início das partidas.

    «Cheguei a ouvir: “hoje é 20 minutos para acabar com isto que é para não corrermos muito…” ‘pá, mas aqueles 20 minutos tinham que ser a sério… e normalmente acontecia. Quando era essa a ordem, Jesus!…»

    Já Mozer, aos mesmos microfones, dava a sua versão: «Foi a primeira coisa que me ensinaram, foi logo o Diamantino. A gente entrava pelo túnel e depois os jogadores mais velhos (o Shéu, o Veloso, o Carlos Manuel, o Diamantino, o Águas): “oh malta, 10 minutos, 10 minutos! E eu sem saber o que eram os dez minutos… Dez minutos à Benfica!”

    Eu ficava pensando… aí eu perguntei no Diamantino que coisa era aquela dos 10 minutos, ele virou para mim e falou “Mozer, aqui aos 10 minutos temos que estar ganhando senão os índios (adeptos do Benfica) vão ficar doidos”.

    Mas como? “Não importa como, podemos não ´tar jogando porra nenhuma mas tem que ´tar 1-0”. Mas Diamantino, o jogo não tem 90 minutos? “Não, Mozer, aqui não tem”.

    Eu lembro-me que não jogávamos, atropelávamos todo o mundo só para chegar a esse resultado, esses primeiros minutos na Luz eram ensurdecedores, nunca vi uma coisa daquelas… Era um barulho tão grande, tão grande, que a gente não jogávamos nada – atropelávamos. Só conseguíamos jogar à bola como deve ser depois desse período. Era uma avalanche, uma pressão até conseguirmos fazer esse golzinho e aí sim, o público acalmava…».

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    Pedro Cantoneiro
    Pedro Cantoneirohttp://www.bolanarede.pt
    Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, o Benfica como pano de fundo e a opinião de que o futebol é a arte suprema.