Antes que seja tarde demais: A revolta necessária no SL Benfica

    Benfica

    Passados nove meses do início de competição, o Benfica entrou pela primeira vez numa fase de crise depois de perder seis pontos de vantagem na liderança do campeonato, ver o sonho europeu ser arruinado nos quartos de final e sobretudo ver o sucesso no final da época em risco com a equipa a apresentar um rendimento baixíssimo em relação àquele apresentado anteriormente.

    Os sentimentos de revolta, tristeza e esperança lutam fervorosamente pela predominância na mente de cada um que apoia pelas águias, porque depois de uma época até ao momento quase perfeita, todos se perguntam: o que é que aconteceu ao Benfica? Existem várias hipóteses possíveis.

    Foi a má gestão da equipa feita pelo treinador?

    SL Benfica
    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Como diz o velho ditado: “equipa que ganha não mexe”. A verdade é que a equipa não mexeu durante muito tempo e foi bem-sucedida. As únicas alterações feitas por Roger Schmidt no onze encarnado davam-se em ocasiões de lesão ou ausência por expulsão, porque, para o treinador alemão, se a equipa estava a praticar um bom futebol não havia necessidade de fazer alterações.

    Mas e quando a equipa perde, não se mexe? Depois de jogos sem conta sem rotação ativa, o plantel encontra-se completamente desgastado e uma das razões para o baixo rendimento da equipa é mesmo essa, o cansaço e a gestão do esforço, ou a falta dela. A equipa perdeu por três vezes consecutivas e mesmo assim não foi feita nenhuma mudança no onze frente ao Inter, em plenos quartos de final da liga dos campeões, acabando mesmo por resultar na eliminação da prova.

    Esta questão é um ponto bastante interessante a abordar, pois, visto que a equipa não apresenta resultados positivos por três jogos consecutivos, numa fase tão crucial da temporada, algo tem de mudar para que o rumo seja diferente, de sucesso, mas, Roger Schmidt ao não fazer isso indica que, ou tem muita confiança nos habituais titulares e acredita que os mesmos conseguem solucionar o problema, ou, que não tem confiança naqueles que estão sentados no banco. Sejam jogos teoricamente decisivos ou não, a rotação do plantel é quase nula, e ao acontecer é sempre muito tardia. Este facto demonstra que o próprio treinador não tem grande confiança nos seus suplentes e isto leva-nos à próxima hipótese.

    Foi a má preparação do plantel para a época por parte da direção?

    Rui Costa
    Fonte: SL Benfica

    Numa temporada começada em Agosto, com a qualificação para a Liga dos campeões numa primeira fase, e a realização do Mundial a meio do calendário desportivo a estrutura encarnada sabia da exigência física que essas questões provocariam nos jogadores, podendo levá-los ao desgaste e até a possíveis lesões. Tendo isso em conta, é preciso preparar o plantel para que a rotatividade necessária no mesmo seja de qualidade, algo que agora é possível perceber que em certas ocasiões não acontece. Numa primeira fase da época, as alternativas para as alas do Benfica resumiam-se a Diogo Gonçalves, Chiquinho, e ao quase sempre lesionado Draxler, o que levou o treinador a usar intensivamente jogadores como João Mário, Rafa, David Neres e Aursnes naquelas posições, que permutavam regularmente entre si por conta de pequenas ausências de algum. Veio o mercado de inverno e o Benfica decidiu procurar solucionar esse facto, adicionando à equipa Gonçalo Guedes, Tengsted e Schjelderup. À partida a questão estaria solucionada certo? Não.

    Draxler lesionou-se novamente, desta vez de forma definitiva, Diogo Gonçalves foi vendido, Gonçalo Guedes ressentiu-se de uma lesão anterior e esteve bastante tempo parado, os novos nórdicos, que estavam sem competir à vários meses, não estavam aptos para Roger Schmidt e tiveram de ganhar ritmo de jogo na equipa B dos encarnados, deixando novamente a equipa com falta de profundidade.

    Enzo Fernández
    Fonte: Carlos Silva/ Bola na Rede

     A juntar a esse facto surgiu a perda de Enzo Fernandéz no último dia do mercado de transferências, uma das peças mais fundamentais da equipa encarnada, que, de um momento para o outro foi substituída por Chiquinho. Não desvalorizando a qualidade de Chiquinho, é preciso ter em conta a falta de preparação dos responsáveis encarnados para a iminente saída do argentino, visto que, grande parte do jogo das águias dependia do mesmo. Era necessário encontrar uma solução para que fosse possível substituí-lo sem se perder qualidade no meio-campo e no processo de construção, algo que neste momento o Benfica carece. Atualmente, o Benfica está a uma lesão no meio-campo para o descalabro total.

    Com o tempo, as águias foram-se apercebendo da dependência que têm de características individuais de certos jogadores para o bom funcionamento da equipa, tal como se pode verificar com a ausência de Bah neste momento. Sem Bah, a largura de que o Benfica dependia para o bom funcionamento do jogo, quase não existe.

    Posto isto, é possível perceber várias lacunas que os encarnados tiveram e continuam a ter, tanto a nível estrutural como desportivo, mas isso não é motivo para deitar a toalha ao chão.

    Nove meses de grandes expectativas, depois de três anos sem qualquer troféu conquistado, levam os adeptos a olhar para este período negativo de uma forma muito mais pessimista, mas, a verdade é que o Benfica continua em primeiro com quatro pontos de avanço e depende apenas de si mesmo para se consagrar campeão nacional.

    Está apenas nas mãos dos jogadores e do treinador a solução para os problemas que existem, que devem ser enfrentados e resolvidos, de forma a que, o regresso ao passado não faça parte do futuro do Benfica.

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    Guilherme Terras Marques
    Guilherme Terras Marques
    Orgulhoso estudante da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, vê no futebol e na sua cultura uma paixão. É apenas mais um jovem ambicioso que sonha fazer do jornalismo desportivo a sua vida. Escreve com o novo acordo ortográfico