Ristic | Finalmente há substituto para Grimaldo

    Benfica

    A contratação de Mihailo Ristic foi vista pelos responsáveis encarnados como oportunidade de negócio que resolvia um dos grandes problemas do Benfica 2021-22, a falta duma opção de origem para render Grimaldo em momentos de menor fulgor competitivo. Gil Dias fora empenhado nesse papel por Jorge Jesus, que viu no extremo português um competente ala para o seu 3-4-3. Veríssimo chegou, implementou de novo a defesa a quatro e Gil regressou à obscuridade: se as suas caracteristicas nem sequer eram as ideais para uma linha de três, as debilidades ficavam completamente expostas em linha de quatro. Tornava-se óbvio para todos qual seria uma das prioridades deste mercado.

    Ristic encantara pela Ligue 1 ao serviço do Montpellier HSC – como mostra e bem este artigo do ProScout, redigido por Rafael Silva e com dados de Pedro Carvalho -, apesar do clube terminar como 13.º classificado e com 61 golos sofridos em 38 jornadas.

    Ristic não baseia a sua reputação pelo fulgor nas acções defensivas – ainda que a percentagem de desarmes seja admirável -, antes foi captado como alternativa a Grimaldo pela astúcia técnica que imprime em cada gesto no meio-campo adversário. O que pode ser explicado pelo facto de Mihailo não ser lateral de origem, tendo deambulado por várias posições do terreno e por isso a desenvoltura com bola no pé. Nos escalões de formação do FK Estrela Vermelha foi defesa-central, médio-defensivo e extremo – e essa polivalência fez… Ricardo Sá Pinto, responsável pelos gigantes sérvios em 2012-13, acreditar no jogador, levando-o ao banco na última jornada dessa Liga. A estreia a sério só viria no ano seguinte, com as boas indicações a levarem o FK Krasnodar a desembolsar cinco milhões pelo seu passe: e é apenas na Rússia que se fixa definitivamente como lateral.

    Do empréstimo ao AC Sparta Praga – onde apenas fez um jogo… – à assinatura de contrato pelo Montpellier foi um pulo (ainda que ninguém tenha percebido bem como nem porquê) mas em França assumiu-se como um dos bons valores do campeonato. Foram 99 jogos em quatro temporadas, que não chegam para convencer a maioria dos benfiquistas, que olham com desconfiança para a relação entre a idade do jogador e o currículo parco, sobretudo se olharmos às internacionalizações.

    Pela selecção da Sérvia, Mihailo nunca se conseguiu assumir como um dos imprescindíveis, tendo à sua frente na hierarquia o craque Kostic ou o experiente Mladenovic, além de Lazovic.

    Chegando a Lisboa, a lesão (uma entorse) logo no início da pré-época não ajudou á adaptação, obrigando Grimaldo ao mesmo esforço que fizera na última metade da época transacta. Mihailo teve que esperar até Outubro para surgir na primeira equipa e mostrar-se ao tribunal da Luz, que teve no jogo frente ao Rio Ave a primeira oportunidade de  ver 90 minutos do sérvio.

    A ESTREIA A TITULAR

    Mihailo estreia-se finalmente entre as opções inicias em Outubro, no interregno entre as partidas frente ao PSG, incluído num onze alternativo, mas que deu bem conta do recado (como mostrou o 4-2 final): entre os estreantes destacou-se Diogo Gonçalves, que desbravou pela esquerda e que mostrou grande entendimento com o sérvio. Mihailo teve constante ajuda do português e foi com ele que combinou preferencialmente, dotando o Benfica da capacidade habitual em criar perigo daquele lado, geralmente com Grimaldo-João Mário.

    GOALPOINT VS RIO AVE

    Aproveitou a oportunidade para tirar dúvidas aos mais cépticos em relação ao seu valor, demonstrando os tais pormenores técnicos que em nada ficam a dever ao melhor Grimaldo. Recorreu à trivela para proporcionar uma das oportunidades mais flagrantes a Gilberto, parada exemplarmente por Jhonatan; Combinou com Diogo Gonçalves, Enzo e Draxler, associando-se em zonas interiores como faz tão bem Grimaldo; e correu, cavalgou e mostrou uma apetência física que proporcionará grande desenvoltura para futuros momentos defensivos, não tão recorrentes neste jogo de sentido único.

    E A CONVENIENTE RONDA DE TAÇA DE PORTUGAL

    Aquela que poderia ter sido nova oportunidade d’ouro para ganhar ritmo e entrosamento não o foi pela opção conservadora de Roger Schmidt em manter a espinha dorsal do 11 para o encontro das Caldas: e assim, Grimaldo foi a jogo e só foi substituído aos 78’. Felizmente para Ristic – não para o Benfica – o encontro fechou com uma igualdade a um no tempo regulamentar e jogaram-se mais 30 minutos. Ou seja, Ristic acabou por efectuar 42 minutos, quase uma parte completa. Nada mau.

    Dos 35 passes que tentou, acertou 30; tentou nove cruzamentos, ainda que só um tenha alcançado a cabeça dum colega; se perdeu por duas vezes a bola e cometeu três faltas, contrabalançou com cinco recuperações e duas faltas sofridas. Arriscou mais uma pertinente trivela, que começa a tornar-se imagem de marca, e deu rotatividade à ala num período do jogo onde o Benfica não saiu do meio-campo adversário. Por fim, com a necessidade de se desempatar por grandes penalidades, foi dele o 0-2 na sequência de conversões.

    Não foi deslumbrante e não meteu em cheque as excelentes indicações de uma semana antes – antes progrediu nos índices físicos e voltou a entrosar-se nas rotinas ofensivas do conjunto, que os defensivos pouco foram objecto de estudo, mais uma vez. Haverá com certeza oportunidade de provar a sua valia nesse capítulo.

     

     

     

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    Pedro Cantoneiro
    Pedro Cantoneirohttp://www.bolanarede.pt
    Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, o Benfica como pano de fundo e a opinião de que o futebol é a arte suprema.