É oficial, Roger Schmidt já não é treinador do Benfica. A ligação entre o técnico alemão e o clube encarnado termina depois de uma longa maré de contestação vivida nas últimas semanas, e que visava sobretudo as ideias e a gestão do timoneiro encarnado. No seu ano de estreia em Portugal, o treinador alemão disse que “se amas o futebol, amas o Benfica” e conquistou de imediato um campeonato nacional, depois de uma grande época consagrada pela forma atrativa de jogar futebol e pela ambição demonstrada em campo.
Mas tudo isto se dissipou num passar de olhos, muito por culpa não só do próprio treinador mas também pela própria estrutura dos encarnados, que não é de todo isenta de responsabilidades pela própria má gestão dos recursos do seu plantel e da forma em como a época foi planeada. Mas depois de Schmidt, o que sobra?
A última página do trajeto de Roger Schmidt em Portugal é escrita pelas inúmeras vendas de jogadores importantes, casos de Neres, João Neves, Morato e agora Marcos Leonardo, e pela falta de celeridade na gestão dos dossiers de jogadores como Rafa, muito importantes nos últimos sucessos encarnados. Depois da saída de Schmidt, o Benfica encontra-se sem treinador, com já quatro jornadas decorridas no campeonato, e sem reforços à vista, tendo em conta o natural fecho do mercado de transferências. Muitos são os nomes que têm sido veiculados, como são os casos de Leonardo Jardim e Sérgio Conceição à cabeça. O lugar de treinador principal do Benfica é, por estes dias, uma cadeira tão desejada como perigosa para quem se sentar lá, porque requer claro sucessos imediatos, resultados desportivos apelativos e exibições que possam encher o olho do exigente adepto encarnado, que não poupa a sua equipa nos momentos menos bons.
Pessoalmente acredito que esta saída já devia ter sido efetivada há bastante tempo, tendo em conta a conjuntura geral da equipa e de toda a estrutura encarnada, e com quatro jornadas já decorridas, a saída de Roger Schmidt peca por tardia, ainda que eu próprio acredite que o treinador encarnado é a bandeira de uma gestão danosa, mal feita pelos responsáveis encarnados, desde aquisições a vendas, até à própria forma de comunicar externamente tudo aquilo que se passa internamente. As contratações de jogadores como Arthur Cabral, que não têm de todo o perfil de avançado necessário às ambições da equipa, mostram bem a má gestão do Benfica, que gastou mais de 20 milhões de euros neste jogador, mesmo depois de ter identificado Pavlidis mais cedo e não ter partido logo para a aquisição do avançado grego. Toda esta história é realmente muita esquisita, porque o treinador alemão mostrou, numa primeira fase, valências e rotinas que depois não se verificaram como recorrentes no seguimento do seu trajeto como treinador dos encarnados, e a própria insistência em jogadores que não mantinham o seu rendimento, em jogadores que não rendiam nas posições onde o técnico acreditava que sim e em manter em campo durante largos minutos, jogadores com uma fadiga constante, fizeram com que esta relação fosse perdendo força ao longo do tempo.
Efetivada a saída de Roger Schmidt, é tempo de olhar em frente e de preparar o futuro. A cadeira de sonho do inferno da Luz está vazia, e requer alguém com fome de títulos, que seja capaz de criar uma “equipa” no verdadeiro sentido da palavra e de fazer do Benfica uma força vencedora como sempre foi. Na minha opinião, a pole position está a ser ocupada, neste momento, por Leonardo Jardim e Sérgio Conceição, sendo que um destes deve mesmo ser o próximo timoneiro da legião encarnada num curto espaço de tempo.