Saudades de tombar gigantes

    Vai longe o SL Benfica que nos entusiasmava a ver jogar na Liga dos Campeões. Com as exibições precárias dos últimos tempos, o Benfica passa mais um ano sem conseguir passar para os oitavos-de-final da prova milionária.

    Pelo segundo ano consecutivo, tenho de escrever um texto sobre o desastre europeu proporcionado pelo meu clube. Se a realidade fosse que o grupo era incrivelmente difícil, com três colossos, ou “tubarões” como os chamam, a acompanhar, mas que tínhamos lutado com bravura e, por sua vez, saído pela porta grande, não seria totalmente um desastre, não é verdade? Mas a verdade pura e dura é muito diferente. O que acontece é que nem no ano passado – pior prestação de sempre do Benfica na Liga dos Campeões, sem qualquer ponto arrecadado -, nem este ano – relegados para a Liga Europa com apenas 7 pontos possíveis de conquistar na última jornada – os grupos eram de calibre impossível. O Benfica apenas não jogou bem e não soube jogar contra equipas com outras andanças que não fossem as da Primeira Liga Portuguesa.

    Foram cinco jogos sofridos e penosos. Uma derrota discreta em casa contra o ‘grande’ do grupo, o FC Bayern Munique, uma vitória sortuda em Atenas frente ao ‘pequeno’ AEK Atenas FC e uma derrota inglória em Amesterdão no único jogo que o Benfica esteve em campo – embora com clara dificuldade em fazer algo mais –, contra o AFC Ajax. Seguiu-se um empate precário contra o mesmo adversário, mas desta vez no próprio reduto encarnado, e depois a vergonhosa e humilhadora goleada na Allianz Arena, por 5-1. Mesmo para cair com estrondo e levar tudo atrás: os milhões da prova; a Liga dos Campeões; o ranking da UEFA; até o próprio treinador. Este último seria a única parte positiva deste desastre. O desfecho que fez sofrer, mas que ao menos tinha o lado bom da vida: Luis Filipe Vieira teria mais uma razão para despedir Rui Vitória – já que este último mantinha a confiança no seu próprio trabalho. Apesar de todo o alarido, as esperanças foram esmagadas pelo presidente.

    A goleada por 5-1 em Munique ditou a segunda eliminação da Liga dos Campeões consecutiva
    Fonte: SL Benfica

    Levámos 5-1 do Bayern e nem para mandar o treinador embora isso serviu.

    Em 2014/15, o Sport Lisboa e Benfica era indubitavelmente a melhor equipa portuguesa a jogar na Europa, ostentando um lugar único à porta do top das cinco melhores equipas no ranking da UEFA, ficando na sexta posição. Apesar de no último ano o Benfica ter ficado em quarto do grupo, os anos anteriores de glória europeia, salvavam o ranking. A chegada de Rui Vitória, mostrou, na primeira época, o Benfica a cair de pé contra o gigante Bayern Munique (de novo os alemães, mas não esta equipa bem menos competente que aquela que nos eliminou em 2016), numa eliminatória que terminou 3-2 no agregado. Porém, nas seguintes viu-se humilhado por 4-0 nos oitavos de final contra o Borussia de Dortmund (mesmo depois de ter vencido por 1-0 na Luz), fez a pior prestação de sempre do clube na prova e, por fim, deixou a equipa cair para a Liga Europa com exibições incrivelmente precárias.

    O resultado desta brincadeira europeia é este: em 2015/16 éramos o sexto lugar; em 2016/17 o nono lugar; em 2017/18 estávamos em décimo quinto; atualmente estamos em vigésimo terceiro. Em dois anos e meio, descemos dezassete posições no ranking da UEFA. Inaceitável!

    Seja quem for a comandar o Benfica na restante jornada europeia, é bom que faça esses pontos acumularem e que faça com que o Benfica seja visto na Europa como um possível ‘mata-tubarões’ em vez dos mais pequenos pensarem que nos podem matar a nós.

    Já fiz um texto a comentar que aquando de uma relegação para a Liga Europa, o objetivo terá de ser o de vencer a prova. Resta-nos acreditar!

    E nem vou comentar a história Rui Vitória – Luis Filipe Vieira, por muito que me custe. Fico só mesmo pelo desastre europeu, que senão isto ficaria demasiado longo.

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    Foto de Capa: SL Benfica

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    Pedro Afonso
    Pedro Afonsohttp://www.bolanarede.pt
    Foi com o Portugal x Inglaterra do Euro 2000 que descobriu um dos maiores amores da sua vida: o futebol. Natural de Lisboa, teve a primeira experiência profissional na Abola TV e agora é jornalista da ELEVEN