Desde que Jorge Jesus regressou ao comando técnico do SL Benfica que se tem vindo a falar da possibilidade deste vir a apostar num sistema de três centrais, um sistema que chegou a usar uma vez por outra no Sporting CP, mas que nunca foi aposta definitiva do treinador amadorense.
Jorge Jesus sempre foi um adepto predileto do 4-4-2, embora já tenha assumido publicamente que é um apaixonado pelas táticas com três centrais. No entanto, ainda na fase inicial da época, JJ declarou que a equipa ainda não estava preparada para adotar essa tática, visto que os processos defensivos no 4-4-2 ainda não estavam assimilados, e ficaram ainda mais atrasados com a venda de Rúben Dias e a lesão grave de André Almeida.
Também é público que Jorge Jesus tinha Johan Cruyff como a sua principal referência, tendo realizado um estágio com ele em 1993, sendo que a sua admiração pelos sistemas de três centrais pode muito bem ter surgido daí.
Jorge Jesus dispõe atualmente de cinco defesas-centrais no plantel encarnado: Otamendi, Jardel, Ferro, Verthongen e Todibo, sendo que os dois último são canhotos, como Jesus tanto gosta. Para além disso, também está assegurada a contratação de Lucas Veríssimo ao Santos, desejo antigo de JJ, sendo que Todibo e Lucas Veríssimo aparentam ser aqueles com maior qualidade na saída de bola, podendo encontrar jogadores nas costas da primeira linha adversária.
Para dar largura nas alas, há Grimaldo, Cervi, Nuno Tavares Gilberto e Diogo Gonçalves. Portanto, há jogadores na defesa para Jorge Jesus adotar o sistema. Mas neste caso, Grimaldo poderá vir a ter uma função diferente das funções tradicionais num ala neste sistema. Tratando-se de um lateral com uma grande capacidade associativa e que gosta de explorar espaços interiores, Jorge Jesus pode conjugar essas características com Everton, que é um extremo que gosta de receber a bola em zonas mais abertas do terreno de jogo, podendo haver aqui uma dupla com funções invertidas, um pouco à imagem do que acontece no US Sassuolo com Rogério e Boga.
Passando também pelos jogadores mais adiantados, este sistema também pode ser uma forma de Pedrinho vir a ter mais oportunidades no onze, tendo em conta que se trata de um extremo mais cerebral e que dá maior qualidade e critério ao último terço do terreno, não correspondendo ao perfil de extremo mais clássico de que JJ tanto gosta.
Já quanto a outro extremo como Rafa, jogador mais vertical e que gosta de explorar a profundidade, creio que encaixaria melhor com Waldschmidt a jogar como falso nove. Com o alemão a servir de referência entre linhas, forçaria a linha defensiva adversária a subir dando liberdade ao internacional português para atacar a profundidade.
Uma vantagem deste sistema com três centrais, seria que este permitiria à equipa fazer uma saída de bola a três sem recuar ninguém no meio-campo, deixando a equipa equilibrada no espaço central, e forçando a equipa a canalizar o jogo para as alas.
Outra vantagem que este sistema traz é que confere uma maior presença de jogadores em zonas centrais do terreno de jogo, o que confere uma maior segurança em situações de transição defensiva, que tem sido um dos grandes problemas do futebol do SL Benfica nos últimos anos. Esta maior presença também seria uma salvaguarda a jogadores que expõem muito a equipa neste momento do jogo, tais como Pizzi ou Taarabt.
De momento, ainda não existem reais indícios de que a aposta no 3-4-3 venha a tornar-se numa realidade. Ainda existem alguns pontos de interrogação quanto a esta possibilidade e só o tempo e a evolução coletiva da equipa nos poderá dar mais sinais quanto a esta hipótese, sendo que, havendo constantemente dois jogos por semana, existe pouco tempo para trabalhar modelos e processos de jogo.