SL Benfica 0-1 FC Porto: Luz consagra FC Porto

    A CRÓNICA: OS DRAGÕES VIVEM BEM NO HABITAT DAS ÁGUIAS

     

    Nesse lugar imaginário onde o Douro engole o Tejo, o FC Porto foi campeão no sítio com mais pessoas por metro quadrado desejosas que tal não acontecesse.

    As outras que militavam pela conquista azul e branca estão agora nas ruas do Porto a celebrar, num rebuliço, por vezes selvático, com carros a apitar e cachecóis a abanar, um título que lhes causa um orgulho que vão levar para o trabalho na segunda-feira de manhã e atirar à cara dos camaradas de outros clubes. O entusiasmo do 30.º é igual ao do primeiro.

    Findou assim no Estádio da Luz uma viagem que os dragões começaram no Estádio do Dragão com uma vitória por 2-0 frente ao Belenenses SAD na primeira jornada.

    Se é verdade que o FC Porto deixou os “lampiões tristes e sós”, ressalve-se que não foi só um triunfo do fino sobre a imperial, das sapatilhas sobre os ténis, das cruzetas sobre os cabides, dos B’s sobre os V’s. A equipa de Sérgio Conceição superiorizou-se às outras 17 equipas do campeonato que, exceção feita ao SC Braga, nenhuma delas venceu os agora campeões.

    No derradeiro dia, aquele em que se mostra que a coloração do sangue não trai a lealdade à que vislumbra na camisola, foi quem não tinha nada a ganhar que mais fez por o fazer. O FC Porto não lançou nenhuma ficha que pudesse comprometer, pois quer o empate, quer a vitória davam o ansiado título de campeão nacional.

    Mas a magia da contraproducência tantas vezes se encarrega de desmentir o que aos olhos parece real. Viu-se quando o SL Benfica dominava e foi Taremi quem, sem vigilância à altura, falhou, o mesmo acontecendo com Evanilson quando tentou o golo de fora de área.

    O minuto 52 fica marcado pelo acontecimento de maior relevo então. Darwin trabalhou bem sobre Mbemba e marcou. A anulação do VAR já não foi a tempo de impedir que Darwin visse amarelo por festejar sem camisola um golo inválido.

    Em 90 minutos sem euforias, a festa ficou para lá da hora e foi colorida de azul e branco. Pêpe correu com título na mente e deu a Zaidu a oportunidade de confirmar o que já muitos festejavam e com o 1-0 final dar o título ao FC Porto. Os dragões também vivem bem no habitat das águias.

     

    A FIGURA

     

    SL Benfica 0-1 FC Porto, foi o resultado que consagrou os dragões como novos campeões nacionais
    Fonte; Carlos Silva/ Bola na Rede

    Julian Weigl cirúrgico a estagnar os ataques rápidos que o FC Porto procurava. Não o tivesse feito e o golo portista podia ter acontecido mais cedo.

     

    O FORA DE JOGO

    SL Benfica 0-1 FC Porto
    Fonte; Carlos Silva/ Bola na Rede

    Adel Taarabt viveu uma tarde oposta ao companheiro de setor. Ofereceu pouca progressão optando por soluções previsíveis.

     

    ANÁLISE TÁTICA – SL BENFICA

     

    Ao contrário do que tem sido a postura do SL Benfica nos jogos recentes frente a adversários de maior poderio, os encarnados começaram por assumir o jogo. Fizeram-no num 4-2-3-1 motivado pelas circunstâncias.

    As inclusões de Gil Dias e de Valentino deram verticalidade e largura aos corredores do SL Benfica, mantendo Gonçalo Ramos e Darwin no corredor central.

    Com a objetividade ofensiva destes quatro elementos, a equipa de Nélson Veríssimo não precisou de mexer muito no quarteto de trás e nos dois médios, Weigl e Taarabt, preparando o momento defensivo mesmo a atacar.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Odysseas Vlachodimos (7)

    Gilberto (6)

    Nicolás Otamendi (6)

    Jan Vertonghen (6)

    Álex Grimaldo (6)

    Julian Weigl (7)

    Adel Taarabt (4)

    Gil Dias (5)

    Valentino Lázaro (5)

    Gonçalo Ramos (5)

    Darwin Núñez (7)

    SUBS UTILIZADOS

    Haris Seferovic (4)

    Roman Yaremchuk (4)

    João Mário (3)

     

    ANÁLISE TÁTICA – FC PORTO

     

    O FC Porto estruturou-se num 4-4-2 que deu primazia à segurança defensiva, procurando uma recuperação e consequente ataque rápido para ser feliz. A demonstração disso é Sérgio Conceição ter recuperado João Mário para lateral-direito e adiantado Pêpe para extremo.

    A atacar, risco mínimo também. Quando tentaram construir, os dragões fizeram-no projetando apenas um lateral. Pêpe e Otávio, os extremos, olharam com atenção para as tentativas de adiantamento de Gilberto e Grimaldo, respetivamente, para aproveitarem as costas destes com movimentos interior/exterior.

    No entanto, foi quando o FC Porto adiantou ligeiramente a pressão que conseguiu provocar erros ao SL Benfica. A preocupação aí era direcionar a bola nos dois homens de referência, Taremi e Evanilson, que encontravam uma defesa desprevenida.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Diogo Costa (5)

    João Mário (6)

    Chancel Mbemba (5)

    Pepe (6)

    Zaidu (7)

    Marko Grujic (5)

    Vitinha (5)

    Otávio (5)

    Pepê (6)

    Mehdi Taremi (5)

    Evanilson (4)

    SUBS UTILIZADOS

    Wanderson Galeno (5)

    Stephen Eustáquio (-)

    Toni Martínez (-)

     

    BNR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

     

    SL BENFICA

    Bola na Rede: O Nélson teve que analisar o adversário que se sagrou hoje campeão nacional. Em termos de jogo jogado, o que é que considera que fez do FC Porto campeão?

    Nélson Veríssimo: Fez mais pontos e foi mais regular. Quando assim é, fica na frente. Temos que olhar enquanto equipa e perceber o que terá falhado no decorrer desta época.

    Na análise que fizemos para o jogo de hoje, sabíamos que o FC Porto podia fazer um jogo cauteloso na medida em que o empate servia para as suas aspirações. Não acreditávamos que existissem alterações substanciais à ideia de jogo, naquilo que é a forma de atacar e defender.

    O FC Porto podia ir jogando com o resultado. É uma equipa que mete muita gente por dentro, por isso, uma das nossas preocupações foi defender esse espaço interior entre as nossas linhas defensivas e média. Em função do que são as características dos jogadores do FC Porto, tínhamos que ter muita atenção aos movimentos nas costas da defesa, nomeadamente do Taremi e do Evanilson.

    Depois, há jogadores que dentro da ideia de jogo do FC Porto fazem a diferença. Estamos a falar do Fábio Vieira, apesar de não ter jogado, do Vitinha, do próprio Otávio. Tentámos anular e conseguimos fazê-lo com sucesso. Ficou a faltar o golo.

     

    FC PORTO

    O Bola na Rede foi impedido de colocar questões ao treinador do FC Porto, Sérgio Conceição.

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    Francisco Grácio Martins
    Francisco Grácio Martinshttp://www.bolanarede.pt
    Em criança, recreava-se com a bola nos pés. Hoje, escreve sobre quem realmente faz magia com ela. Detém um incessante gosto por ouvir os protagonistas e uma grande curiosidade pelas histórias que contam. É licenciado em Jornalismo e Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e frequenta o Mestrado em Jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social.