Cada vez menos se fala das questões táticas no futebol nacional mas para mim é sem dúvida um objeto de estudo que nunca deve ser esquecido. E a verdade é que Rui Vitória terminou a época passada, e iniciou a atual, admitindo que podíamos estar a viver uma transformação tática no Benfica.
Foi preciso esperarmos pela primeira jornada da Taça da Liga para ver uma mudança tática num jogo do Benfica, e de inicio. Jogamos em 4-2-3-1 para matar saudades da posição 10, para mim a posição mais bonita do futebol. Recordo que o último 10 a garantir lugar no Benfica foi Pablo Aimar e que no primeiro jogo oficial de Rui Vitória, na derrota da SuperTaça no Algarve frente ao Sporting, jogamos também com a posição 10 mas com Talisca.
Agrada-me jogar em 4-2-3-1 mas como é óbvio há também problemas em (pensar) regressar a esta tática. O 4-2-3-1 oferece uma maior segurança no meio campo com dois médios defensivos mas retirava-nos do ataque o nosso querido Jonas. É verdade, podia ser o 10, mas enlouquece-me pensar em recuar no terreno o camisola 10. Voltar ao 4-2-3-1 obrigar-nos-ia a apostar na posição 10 e para ela temos dois jogadores que aprecio bastante: Krovinovic e Cervi. O primeiro jogou a 10 frente ao Braga na Taça da Liga e mostrou futebol suficiente. Na época passada esteve no Rio Ave e foi lá que mostrou toda a sua qualidade a distribuir jogo. Cervi é um extremo interior que na Argentina jogou muito a 10 e mesmo no Benfica já mostrou que adora entrar em zonas interiores do terreno.
Contudo, não se deve mudar o que está certo e o 4-4-2 foi a tática que nos levou ao sucesso dos últimos 4 anos, foi o esquema tático que nunca mudamos mesmo quando jogámos com equipas de elevada dificuldade. Foi o esquema tático que fez explodir o Pizzi como construtor de jogo, foi o esquema tático que fez Jonas relançar este final de carreira. E muito da nossa eficácia (não tanto agora) no último terço do terreno deve-se ao facto de jogarmos com 2 avançados mesmo que um deles seja um falso 9, um avançado de apoio ao ponta de lança. O 4-4-2 deve é sempre ser um esquema tático com médios bastante diferentes um do outro para serem uma dupla que se completa entre si falo de casos como Fejsa-Pizzi e nunca um Fejsa-Filipe Augusto onde o brasileiro tem em si características defensivas.
Acredito que esta recente falta de sucesso do Benfica não deve colocar em causa as questões táticas de Rui Vitória porque, como já disse, o 4-4-2 resultou até hoje. É uma tática à Benfica.
Foto de Capa: SL Benfica
artigo revisto por: Ana Ferreira