Depois de uma semana de muitas mudanças para o Universo encarnado, em que se oficializou a saída do técnico Rui Vitória, o Benfica entrou em campo no Estádio da Luz para procurar o regresso às vitórias após o desaire em Portimão. Vindo diretamente de Vila do Conde, chegou à capital portuguesa a equipa do Rio Ave, que tinha sofrido uma derrota caseira frente ao Moreirense. Esta deslocação ao campo do Benfica ficou também marcada pela estreia de Bruno Lage e de Daniel Ramos nos comandos de cada uma das equipas.
A equipa encarnada entrou em campo com a já esperada ausência, por castigo, de Jonas, com surpresas no onze, como a de João Félix e a de um meio campo a dois, com Pizzi e Fejsa a ocuparem esse espaço. Para o lugar de Jonas entrou o suíço Seferovic. Mudanças que procuraram fazer a diferença na zona mais adiantada do terreno. A equipa do Rio Ave entrou em campo com um esquema tático de 4-4-2, sem grandes novidades, comparando com a habitual equipa do Rio Ave desta temporada.
O Benfica iniciou a partida, mas foram os adeptos quem quis estar dentro dela. Uma casa bem composta puxava desde início pelos jogadores, que precisavam, como nunca, do apoio dos seus adeptos. A responder, da melhor forma, ao apoio vindo das bancadas, vimos desde início um Benfica bem mais solto, com melhor liberdade e facilidade em ter posse de bola, tentando, assim, construir jogo. Notava-se que o meio-campo tinha maior facilidade em ocupar os espaços e fazia-o com maior eficácia do que aquela a que estávamos habituados a ver.
Contudo, numa jogada contra a corrente de jogo e depois de muita insistência, seria o Rio Ave a adiantar-se no marcador, ainda antes dos vinte minutos. O extremo Gabrielzinho surgiu no meio dos defesas centrais e apenas teve de encostar o esférico para dentro da baliza sul do Estádio da Luz. Uma jogada nada difícil de defender, onde os centrais do Benfica e Oddyseas ficaram muito mal na fotografia ao mostrarem falta de comunicação entre eles. Continuam assim os erros defensivos do Benfica.
O segundo golo, também do Rio Ave, aconteceu três minutos depois, aos vinte, com o avançado Bruno Moreira a cabecear entre Rúben Dias e Grimaldo. O camisola nove dos visitantes surgiu sozinho, sem marcação, e precisou apenas de subir ao andar de cima para aumentar a diferença no marcador. Mais um golo, onde ficam as dúvidas sobre o trabalho da linha defensiva e do meio campo, que, mesmo estando entre a bola e a linha do fundo da própria baliza, mostraram dificuldades em parar o ataque da equipa do Norte do país.
O Estádio da Luz mergulhava num mar de desilusão, onde os fantasmas da Era de Rui Vitória voltavam a assombrar os pensamentos de todos os benfiquistas. Defensivamente, o Benfica pecava, e dois golos em três minutos limitavam-no em termos de tempo, aumentando a dificuldade de conquistar um resultado positivo dentro de casa.
Contudo, não foi preciso esperar muito tempo para o Benfica reduzir no marcador. Seria Seferovic o homem que abriria o marcador para a equipa das águias. O camisola catorze recebeu a bola vinda de Grimaldo e precisou apenas de se soltar dos defesas do Rio Ave – enfiou um biqueiro no esférico e reduziu para dois a um. Um importante golo, que acordou os adeptos menos esperançosos para um jogo que parecia estar quase decidido.
Se aos 27 minutos o Benfica reduziu, aos 31 encontrou o empate no marcador. A surpresa no onze, João Félix, rematou para o fundo das redes Norte do Estádio, depois de uma longa jogada individual de Seferovic pela extrema direita onde, pressionado, se soltou das amarras do adversário e, na insistência, passou para a entrada da pequena área do Rio Ave. Bonita jogada do suíço, onde usou a força física e a velocidade para conquistar terreno e assistir para o jovem português. Segundo golo do Benfica, empate restabelecido no relvado da Luz e adeptos com um sorriso na cara.
O Benfica tentou aproveitar a restante primeira parte para chegar ao desejado terceiro golo da partida, mas surge um forte Rio Ave – e até bastante perigoso – nos processos de transição de bola defesa-ataque.
O intervalo chegou e as três equipas regressaram aos balneários para refrescarem as ideias e para se prepararem para uma segunda parte de bastante intensidade.
A segunda parte iniciou-se sem nenhuma alteração nos onzes das duas equipas. O Benfica tinha ido para os balneários com o pé no acelerador, e o Rio na tentativa de regressar ao posto de frente do marcador. O Benfica continuou a tentar chegar ao golo da diferença no marcador com muitas jogadas de ataque, muitas delas com Seferovic a surgir em momentos de recuperação de bola em que Felix ficava responsável pela zona mais adiantada do terreno.
Na reta final da última meia hora da partida, o Benfica começou a chegar com maior intensidade e exatidão às zonas defensivas de Leonardo, tanto que o terceiro golo surgiu também da qualidade de finalização de João Felix. O português, embrulhado com adversários, precisou apenas de dar um toque sublime para marcar o terceiro golo. Um remate que deixou o guarda-redes adversário parado a olhar para a bola. Três zero na Luz e, dentro do último terço do tempo, chegavam pela primeira vez à frente no marcador.
Se até aqui se começava a ver cada vez mais um Benfica imperador do resultado, o quarto golo chegou rapidamente, vindo do pé esquerdo de Seferovic. O suíço bisava na partida depois de uma rápida jogada de contra-ataque, onde precisou apenas de fazer cair o guarda-redes brasileiro, rematando para dentro da baliza Norte do Estádio da Luz. Bonito golo do suíço, que fez respirar os adeptos do Sport Lisboa e Benfica.
A restante partida permitiu ao Benfica baixar a mudança de velocidade, fazendo com que o ritmo do jogo fosse mais baixo, tentando estar firme defensivamente e não levando à exaustão os jogadores. Bruno Lage acabou por colocar em campo Ferreyra, jogador que já não jogava desde outubro, e deu minutos a Krovinovic, que continua a regressar aos poucos aos relvados.
Uma importante vitória, que, além de três pontos, deu um sorriso aos adeptos, que passaram uma semana de pesar ao pensar no Sport Lisboa e Benfica. Notaram-se mudanças significativas na forma de jogador por parte do plantel da casa e notou-se um Rio Ave, que, mesmo estando a ganhar dois a zero, não conseguiu manter a vantagem no marcador, acabando por sair derrotado de Lisboa.