Valdo chega do Brasil no final da década e deixa o lugar para Rui Costa, que teve de esperar pelo final da carreira, ser diretor desportivo e escolher ele o seu próprio substituto, 14 anos depois de sair da Luz pela primeira vez.
Aimar dá lições futebolísticas até 2013 e João Félix surge como um relâmpago em 2019, seis anos depois. Não é propriamente linear o estabelecimento de grandes figuras no centro do terreno encarnado, figuras que não se assumam nem como um transportador nem como um finalizador, organizadores a tempo inteiro com habitat natural nas costas do trinco adversário.
Chiquinho fez o papel em 2019-20, com Bruno Lage, mas precisou sempre de compensar a falta de talento natural com um inexcedível compromisso, sendo por isso alguém muito útil. Mas falta a mesma magia de outros para ser o titular de um SL Benfica que se quer europeu.
De Pizzi e João Mário, pode-se acusar da mesma preferência posicional: ambos fizeram as melhores épocas da carreira como interior direito, apesar de serem ‘dez’ de origem; a ambos pode-se pedir que joguem ao lado de um ‘6’, ainda que essa opção tire à equipa intensidade nos duelos.
E por essa razão não se pode pedir a um deles que sejam oito no gegenpress de Schmidt, assim como não se pode pedir que sejam homens de linha pela falta de explosão. Atrás do ponta-de-lança é a única hipótese, mas os incessantes rumores de procura de alternativas deixam antever que o técnico alemão já excluiu a possibilidade de serem eles os ‘10’ da equipa.
Aouar é um dos nomes em cima da mesa, até pela conveniência que o interesse do Lyon em Grimaldo constitui. Como ‘’uma mão lava a outra”, o tecnicista francês poderia chegar à Luz por valores residuais face à qualidade intrínseca do seu futebol e do seu talento acima da média – o indicado para suceder a Félix como maestro da Luz e tornar-se no destaque da equipa dentro e fora de campo.
Em final de contrato com o Lyon, Aouar 🇫🇷 terá sido oferecido ao Benfica
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— Mercado a Mexer (@imatemynameis1) July 6, 2022
Os rumores dizem ser ele o Plano A e que, não resultando, se passará à ação tendo como foco Fulgini, o irreverente jogador do Angers que teve em 2021-22 a melhor época da carreira.
Ainda que seja um nome que fique aquém nesse plano mediático, nessa tradição misticista importantíssima para o Terceiro Anel – e que foi um dos fatores preponderantes na adaptação falhada de Waldschmidt – abre-se um mercado pouco explorado pelo SL Benfica e para trás parecem ficar opções mais convencionais, como emprestados do Real Madrid ou destaques da Liga Portuguesa.
Reinier chegou demasiado cedo à Europa e tem sentido enormes dificuldades em mostrar o futebol que o fez aparecer no Flamengo de Jesus, chegando ao cúmulo de não conseguir sequer lutar por minutos num Borussia à deriva, como foi o de 21-22.
Já Horta, que seria uma opção válida para todas as posições da frente de ataque, serviu sobretudo para António Salvador lutar contra a imagem instalada na opinião pública de que é um aliado dos encarnados – fez questão de demonstrar que, se tanto, só de Luís Filipe Vieira.
Rejeitou todas as ofertas do SL Benfica e vendeu David Carmo ao FC Porto por 20 milhões de euros – transmite-se assim, claramente, que aos lisboetas cabe afastar-se do jogador ou ir aos bolsos com outra predisposição. O SL Benfica opta pela primeira, ficando-se por perceber se em definitivo se um recuo estratégico.