Simplesmente avassaladora a entrada do tricampeão nacional na Supertaça Cândido de Oliveira. Com apenas um reforço no onze – e que reforço aparenta ser Cervi -, foi sufocante o domínio que o Benfica impôs na primeira meia-hora de jogo, já que o Braga limitava-se a defender no seu meio-campo e entregava de bandeja a bola à equipa de Rui Vitória. Todas as rotinas e os processos da passada época estão lá e, com a qualidade do plantel, só podem melhorar. Só foi preciso esperar dez minutos para ver a fotocópia de Nico Gaitán entrar em acção: cabeça levantada, condução de bola, defesa bracarense a ver jogar e o pé direito (quem diria) de Cervi a inaugurar o marcador.
Não satisfeito com o golo tão madrugador, o Benfica continuou a carregar em cima do adversário e já foi possível ver algumas das alterações a que a saída de Renato Sanches obrigou: André Horta é um jogador completamente diferente do campeão europeu e, com isso, o perfil de jogo do campeão nacional tem forçosamente de mudar. Horta faz mais metros sem a bola e menos com ela e não é o portento físico que é Renato. Ainda assim, aparece com mais qualidade entre linhas e os extremos e laterais (parecem envolver-se mais no ataque do que na época passada) muito beneficiam com os variadíssimos apoios que o ex-Setúbal consegue propiciar.
A partir da meia-hora de jogo, e porque seria impossível o Benfica aguentar tal ritmo durante tanto tempo, o jogo mudou. José Peseiro subiu as linhas, impediu a construção fácil a partir de trás do adversário e começou a incomodar Júlio César. O rol de oportunidades ia aumentando no segundo tempo mas a equipa nortenha nunca foi capaz de as concretizar: até de baliza aberta Rafa conseguiu desperdiçar. Ficaram à vista as fragilidades defensivas que este Benfica ainda apresenta e tem rapidamente de corrigir, algo compreensível e natural dado o momento da época e se nos recordarmos de que Lindelof está bem atrasado na sua preparação em relação aos colegas e Jardel não jogou…
O ditado “quem não marca sofre” aplicou-se na sua plenitude e o Benfica mataria o jogo pela sociedade perfeita e que tantas alegrias deu para o tricampeonato: o génio de Pizzi descobriu Jonas isolado na cara de Marafona e o 2-0 chegava a 15 minutos do fim para acabar com as dúvidas sobre o vencedor. Tempo ainda para o momento da noite quando o mal-amado Pizzi selou o 3-0 final com um soberbo chapéu para a baliza deserta. Este Benfica está bem e recomenda-se do meio-campo para a frente mas precisa de muitas afinações à frente de Júlio César. A confirmar-se que nenhum jogador do núcleo duro é transferido, o plantel à disposição de Rui Vitória é simplesmente soberbo para a realidade portuguesa e difícil será escolher o 11 inicial… O tricampeão começa a época como acabou a última e com a imagem mais habitual dos últimos anos no futebol português: Luisão e o Benfica a levantarem troféus atrás de troféus…
Foto de Capa: SL Benfica