Se até ao jogo do Sporting existiam dúvidas, estas têm de ser dissipadas. Lindelof foi um verdadeiro monstro na defesa e, com uma leitura de jogo muito acima da média, fez a dobra ao Jardel como há muito não se via um central a fazer em Portugal. De tal modo que pouco se viu de Slimani e a dificuldade, para Bryan Ruiz ou Teo terem aparecido sem qualquer entrave no último terço da defesa do Sport Lisboa e Benfica, foi evidente. Mais que isso, o Lindelof soube sempre sair do seu posto para impedir a construção de jogo por parte dos criativos do Sporting (bem melhor do que aquilo a que muitas vezes Luisão nos habituou, que deixava por várias vezes a defesa descompensada) e foi sempre a referência aérea da sua defesa quando a bola era diretamente jogada para Slimani ou para as costas da defesa.
É claro que nem tudo é um mar de rosas para Lindelof e ainda terá que mudar alguns aspetos do seu jogo para ser o patrão da defesa encarnada, algo que a idade lhe permite, nomeadamente as saídas com bola, o que poderá estar associado ao facto de ainda não estar plenamente confiante das suas qualidade (tenta solidificar primeiro a sua presença no onze) e ao de jogar com um pivô defensivo, Samaris, e um Renato Sanches, que gostam de ter a bola e estar presentes na primeira fase de construção do jogo. Este fator é mais facilmente verificável quando se defronta equipas como o Sporting ou o Zenit, jogos em que, com jogadores rápidos, pressiona alto e obriga ao futebol direto, não sendo permitida uma saída com qualidade dos centrais das equipas adversárias.
O caminho do Lindelof é longo mas as suas qualidades não passam despercebidas. A elegância, frieza e inteligência posicional que apresenta fazem lembrar jogadores como Ricardo Carvalho, Cannavaro, Nesta ou, no futebol atual, Piqué, e podemos estar cientes de que Lindelof poderá ser um caso sério num futuro não muito longínquo.
A reentrada de Fejsa no onze poderá ser benéfica para Lindelof, permitindo oferecer saídas mais seguras e eficazes que as de Samaris e, aí sim, dará ainda mais nas vistas, podendo admitir que apenas se tratará de uma questão de tempo.
Atrevo-me a dizer que em menos de um ano ao lado de Jardel e com o aumento claro que terá na sua confiança, alterando pormenores importantes no seu jogo, levará Lindelof a ter meia Europa a seus pés, onde poderá permitir um encaixe financeiro bastante satisfatório às hostes encarnadas. Este Lindelof tem tudo para ser um caso sério.
Foto de Capa: SL Benfica