O Benfica venceu o Chaves por 0-2 e assegurou a passagem à 4.ª eliminatória da Taça de Portugal. Vangelis Pavlidis foi a figura do jogo, bisou e garantiu o essencial, mas o futebol da equipa de José Mourinho continua a não convencer.
Quatro jogadores da formação no onze inicial foram a grande novidade, algo inédito na era José Mourinho. O contexto também ajudava, jogo com uma equipa da Segunda Liga e com muitos regressados das seleções ainda em gestão física.
O treinador do Benfica não quis correr riscos e apresentou um onze forte. Do outro lado, Filipe Martins, voltou a mostrar uma ideia corajosa, mesmo com vários jogadores menos utilizados a começar de início.
O jogo começou com domínio repartido, mas o Benfica adiantou-se cedo. Aos oito minutos, Zach Muscat intercetou mal, a bola sobrou para Vangelis Pavlidis e o grego assinou um belo golo, remate colocado de pé direito, na entrada da área. Um golo à avançado.
O problema é que o Benfica nunca conseguiu transformar a vantagem em controlo. Samuel Soares, viveu uma noite atribulada, com várias falhas nas bolas aéreas e insegurança nas saídas. O Chaves, com um bloco baixo, mas bem organizado, foi crescendo e chegou a assustar em duas ocasiões, Pedro Pinho e Pau Victor ficaram perto do empate.
O Benfica respondeu com Dodi Lukebakio e Enzo Barrenechea, mas esbarrou sempre num inspirado Marko Gudzulic, guardião sérvio.
Ao intervalo, José Mourinho lançou Andreas Schjelderup e a equipa melhorou. O norueguês, sem ser brilhante, deu outra dinâmica ao corredor esquerdo, ajudou defensivamente e ligou bem com Georhiy Sudakov. Não é um extremo de linha, mas sim um interior criativo e foi nessa função que mais desequilibrou.

O Benfica passou a jogar mais no meio ofensivo, embora sem grande criatividade, como já é de costume desde o início da época. Aos 58 minutos ficou a pedir-se penálti sobre António Silva, não assinalado e na resposta Samuel Soares travou o empate.
Quando o jogo parecia encaminhar-se para um final complicado, Vangelis Pavlidis voltou a resolver. Aos 79 minutos, o avançado grego rematou de fora da área (outra vez) e assinou o 0-2 final.
O Benfica venceu, mas voltou a mostrar dificuldades em desmontar blocos baixos, lentidão com bola e pouca capacidade de acelerar o jogo. A equipa parece estagnada no momento ofensivo e vive demasiado dos momentos individuais dos seus jogadores.
Há também decisões que continuam a levantar dúvidas. José Mourinho acredita em poucos jogadores e o banco espelha isso, João Veloso e Ivan Lima só entraram aos 89 minutos, Leandro Santos nem saiu do banco e Henrique Araújo continua fora das contas para o treinador português.

José Mourinho precisa de tempo, é verdade, mas também precisa de confiar mais no que tem à disposição. O calendário apertado não tem permitido treinar com o grupo completo e isso sente-se. Ainda assim, a qualidade de jogo do Benfica continua aquém do exigido.
Pavlidis já leva nove golos e é o elemento mais decisivo do plantel. Mas o Benfica não pode viver apenas dos remates dos espontâneos do grego. Quando ele não marcar, alguém vai ter de aparecer.