Vira o disco e joga o mesmo?

    Desde a era Jorge Jesus que o Benfica não se pode queixar do plantel que tem disponível para as diversas competições que disputa todos os anos. Pelo menos até à temporada passada, diversidade e qualidade era o que reinava nos encarnados, permitindo que estes conseguissem disputar todas as provas até fases muito avançadas, senão mesmo até ao fim. No entanto, na última temporada houve um plantel com menor capacidade para enfrentar todos os desafios com a mesma qualidade, tanto assim foi que em dezembro os encarnados encontravam-se fora de todas as competições por eliminação, disputando apenas a Primeira Liga (que viriam a acabar em segundo lugar, falhando o objetivo de serem pentacampeões).

    Esta época, apesar de parecer uma equipa mais equilibrada, notou-se ao longo do mês de agosto que as opções caíam sempre nos mesmos jogadores: Rui Vitória repetiu quase o mesmo onze ao longo dos oito jogos em 26 dias. Tanto assim foi, que o cansaço acumulado dos habituais utilizados começou-se a notar na performance da equipa.

    Se é verdade que uma equipa precisa de um onze base, de um suposto onze ideal, que joga mais regularmente, é também verdade que, um clube que queira estar em diversas frentes também precisa de um conceito precioso: a rotatividade.

    Mas comecemos pelo onze ideal que Rui Vitória poderia adotar esta temporada, e só depois passaremos para as opções no plantel que podem refrescar os jogadores deste onze ‘titular’. Na baliza, é difícil de argumentar contra Odysseas Vlachodimos. O alemão é a melhor aposta na baliza que o Benfica tem no plantel e deverá manter-se o titular. O quarteto defensivo não necessita de mudanças em relação ao ano transato: André Almeida, Rúben Dias, Jardel e Grimaldo. Uma defesa sólida com laterais excelentes no papel ofensivo e defensivo.

    Para o meio campo, a titularidade de Fejsa e de Gedson parece ser segura, assim como de Pizzi, que está de volta aos seus melhores dias, depois de uma época mais difícil. Nas alas, Sálvio está poderoso de um lado e Cervi com desempenho exponencial do outro. Por fim, falta o ponta de lança. Neste papel deveria estar Jonas – mas está lesionado e ainda não jogou -, mas no entretanto andam vários atletas a tentar ocupar um lugar que é dificil de preencher quando a primeira opção é o brasileiro.

    Gabriel tem dado boas impressões nas oportunidades que tem tido ao entrar para o lugar de Pizzi
    Fonte: SL Benfica

    O onze base, vai muito ao encontro daquele que tem sido usado pelo treinador encarnado, mas a rotatividade é de extrema importância, principalmente a partir desta altura da época em que decorrem a Taça da Liga, Taça de Portugal, Primeira Liga e Liga dos Campeões quase em simultâneo e a qualidade de jogo para jogo tem de ser mantida para que se possa enfrentar todas as competições para vencer.

    Terá o Benfica um plantel que possa jogar em todas as provas de igual forma? Veremos: para guarda redes, há Svilar; para defesas, existe Conti e Lema, Yuri Ribeiro, Corchia e Luisão; no meio campo, Alfa Semedo, Samaris, Krovinovic (que está prestes a regressar de lesão e fará uma dor de cabeça a Rui Vitória), Gabriel e Pizzi; nas alas João Félix, Rafa e Zivkovic (que também pode jogar no lugar de Pizzi); na frente existe Castillo, Seferovic (o atual detentor do lugar) e Ferreyra.

    O que se conclui por aqui? Numa primeira instância, parece que o Benfica tem um onze e pouco mais que possa representar o clube com pertinência; por outro lado, vemos que o banco parece voltar ao que era na era de Jesus, em que havia qualidade nos 18 jogadores que iam para o campo, e não só nos onze titulares da equipa. Gabriel veio para Pizzi poder descansar, Corchia para que André Almeida pudesse respirar, Krovinovic poderá até mesmo tirar lugar a um colega do meio campo, Rafa e João Félix estão prontos a explodir e Seferovic tem ganho mais força para os jogos menos exigentes (pois contra equipas de maior calibre, parece ainda deixar a desejar, como contra os alemães de Munique, mas isso é outra história). Plantel, existe. Um plantel forte, que promete manter qualidade de jogo para jogo, mas com diferentes peças no tabuleiro. Isto é possível, há aptidão e habilidade para isso. A pergunta é se Rui Vitória conseguirá tirar o melhor de cada jogador para que o Benfica volte a ser vencedor em todas as frentes?

    Foto de Capa: SL Benfica

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    Pedro Afonso
    Pedro Afonsohttp://www.bolanarede.pt
    Foi com o Portugal x Inglaterra do Euro 2000 que descobriu um dos maiores amores da sua vida: o futebol. Natural de Lisboa, teve a primeira experiência profissional na Abola TV e agora é jornalista da ELEVEN