Já há muito tempo que os lances de bola parada deixaram de ser olhados como ”um molho onde o mais alto resolve”. Hoje em dia e já há algum tempo, o futebol é analisado ao mais ínfimo pormenor, o que leva as equipas técnicas a preparar os jogos com maior grau de atenção às bolas paradas porque pode estar aí o momento de desbloqueio de um jogo ou até de definição de um resultado. A tática sempre esteve presente em livres laterais ou pontapés de canto para que deles se tire o máximo proveito; a colocação da bola num determinado ponto da área, por exemplo, ou os chamados ”bloqueios” ao jogador adversário, permitindo que outro colega de equipa alcance a bola sem oposição.
Olhando para o campeonato português e tendo analisado as primeiras oito jornadas dos 3 grandes na época 2017/18, os números, que não ganham jogos, mostram que, como no futebol a preto e branco, dá jeito ter ”um par de homens lá atrás” que dominem o jogo pelo ar. As médias de alturas dos defesas dos 3 grandes parecem não ajudar a esta velha máxima mas os próprios ajudam (FC Porto ≈ 182cm, Sporting CP ≈ 187cm, SL Benfica ≈ 183 cm).
Os dragões são a equipa mais concretizadora da prova, até ao momento, e conseguem juntar a isso o facto de serem também a menos batida. Até à oitava jornada, marcaram 19 golos, 4 deles de cabeça, e sofreram apenas 3, nenhum de cabeça. Ao longo destas jornadas, o FC Porto já teve de defender-se por 33 vezes de pontapés de canto (4,125 cantos / jogo) e o jogo em que mais teve de o fazer foi na última jornada, em Alvalade (10 cantos contra).
Felipe e Marcano têm aprendido bastante juntos e hoje são a dupla de eleição para comandar os céus do Dragão. Exemplares no jogo aéreo, beneficiam, sem dúvida, da presença de Danilo e da segurança que têm em Casillas. Com estes 4 nomes a barrar a baliza azul e branca e para marcar pelo ar, cabe aos adversários encontrar uma brecha naquilo que parece ser uma defesa de betão.
Os leões não andam longe dos registos do líder e apresentam uma lista de golos que satisfaz qualquer adepto. Marcaram 16 golos, 1 deles de cabeça, e sofreram apenas 4, 1 deles também de cabeça. Com 29 pontapés de canto direcionados à sua área neste campeonato (3,625 cantos / jogo), o Sporting CP sofreu 1 golo de cabeça, em Santa Maria da Feira, mas foi na primeira jornada, na vila das Aves, que mais vezes se defendeu (6 cantos contra). A dupla de centrais preferida de quase todos os adeptos leoninos foi formada apenas este ano mas entendem-se muito bem e no capítulo do jogo aéreo são autoritários.
Coates e Mathieu chegam e sobram para as ”encomendas aéreas” mas se tal não acontecer estão protegidos por Sir William e na baliza têm só o guarda-redes campeão europeu. À semelhança dos rivais do norte, a equipa de Alvalade protege a sua baliza de forma exemplar e com nomes de luxo. Para marcar pelo ar, será preciso um bom executante de cabeça. E que os há, há.