Académica OAF 1-1 Varzim SC: Estava na cara

    A CRÓNICA: HORA DE JOGO FOI HORA DECISIVA

    Ao primeiro esforço de análise, pode ser difícil estabelecer uma relação entre Andrea Bocelli e a Académica OAF. A verdade é que ela existe. O Estádio Cidade de Coimbra recebeu, a 25 e 26 de junho de 2021, dois concertos do tenor italiano que colocaram fim ao tempo de vida útil do relvado da infraestrutura.

    A renovação do piso não foi feita a horas do jogo entre a Académica OAF e o Varzim SC, da segunda jornada da Liga 2. Os estudantes seguiram viagem para Taveiro, onde receberam os varzinistas no estádio homónimo do treinador do FC Porto, o Estádio Sérgio Conceição.

    Na bancada, as cadeiras ficaram vazias. A Académica OAF cumpriu uma sanção de um jogo à porta fechada que remete para incidentes ocorridos em 2019 num jogo de pré-época frente ao SL Benfica, em que, inclusivamente, um adepto encarnado fraturou uma vértebra.

    Num jogo disputado em circunstâncias excecionais, um grupo de adeptos do Varzim SC reuniu‑se no cimo de um monte adjacente ao estádio com uma vista que nem a melhor tribuna presidencial é capaz de dar. Foi de lá que os aficionados poveiros viram a Académica OAF criar a primeira situação de perigo. Fatai, que na temporada passada estava na Póvoa de Varzim, atirou em jeito para uma boa intervenção de Ricardo.

    Logo de seguida, João Pedro solicitou Fatai na profundidade e este assistiu João Carlos. O brasileiro tentou finalizar, mas não acertou em mais nada do que na massa de ar diante de si.

    Já com adeptos da Académica OAF também presentes nas imediações do estádio, a ligação entre Fatai e João Carlos voltou a ser acionada. Desta vez, o ponta de lança conseguiu acertar na bola, mas não em condições de atirar a contar.

    No tempo de compensação da primeira parte, Tavinho introduziu a bola na baliza da Académica OAF. O árbitro assistente assinalou um fora de jogo que levou a muitos protestos na ida para os balneários.

    Os golos estavam reservados para a segunda metade. João Carlos, na terceira grande ocasião que teve, rematou de pé esquerdo ao poste, que, por sua vez, se encarregou de levar a bola ao fundo das redes.

    Quem não precisou da ajuda do ferro foi Heliardo. Três minutos passados após a inauguração do marcador, o avançado do Varzim SC restabeleceu o empate com um remate de belo efeito. A situação foi gerada por um erro de Ricardo Dias na primeira fase de construção.

    Mesmo ao cair do pano, George Ofosu fez um passe de trivela para Agdon, que teve tudo para completar a cambalhota no marcador. Só com Mika pela frente, o extremo do Varzim SC rematou contra a cara do guarda-redes da Académica OAF que, após o final do jogo, teve que ser transportado para o hospital de ambulância.

    Com a maioria das emoções concentradas na casa dos 60 minutos o empate a um viria a persistir até ao fim.  O Varzim SC somou o segundo empate consecutivo. Por sua vez, a Académica OAF somou o primeiro ponto no campeonato. Para os alvi-negros, segue-se o dérbi do mar contra o Rio Ave FC. Na próxima jornada, os estudantes deslocam-se ao terreno do Leixões SC.

     

    A FIGURA

    Sodiq Fatai é reforço da Académica.

    O extremo esquerdo de 25 anos chega a Coimbra depois de ter terminado contrato com o Varzim. pic.twitter.com/DjfpKj5i8w

    — Cabine Desportiva (@CabineSport) July 12, 2021

    Fatai – A verticalidade que o caracteriza ajudou-o na criação de várias jogadas de perigo. Assistiu com qualidade os colegas, principalmente João Carlos, e ele próprio teve hipótese de marcar.  Tudo somado, foi o mais diferenciador.

     

     

    O FORA DE JOGO

    ⚽👏A Direcção da Associação Académica de Coimbra/OAF vem por este meio informar os sócios, adeptos e demais interessados que chegou a acordo com a Belenenses SAD e com o médio Ricardo Dias para a renovação do contrato de empréstimo do jogador. #briosa pic.twitter.com/6d59vYxSP3

    — Académica / OAF (@academicaoaf) June 15, 2018

    Ricardo Dias – Comprometeu do lance que deu o golo do Varzim SC. Taticamente, não colou tanto a equipa como é costume.

     

     

    ANÁLISE TÁTICA – ACADÉMICA OAF

    Em comparação ao jogo anterior diante do Rio Ave FC, a Académica OAF promoveu a entrada de Mimito e de Fatai para os lugares de Reko e Hugo Seco. Mesmo assim, a Briosa apresentou o 4-2-3-1 como base do seu jogo, mesmo que a movimentação dos jogadores tenha tornado o sistema bastante moldável.

    No processo ofensivo, mesmo tendo como ponto de partida o espaço ao lado de Ricardo Dias, Mimito procurou espaços mais adiantados no terreno, perto de Jonathan Toro, numa configuração perto do 4-3-3. O hondurenho, na posição ‘dez’, foi quem mais argumentos mostrou para jogar entre linhas. Os extremos da Académica OAF, Fatai e Traquina, procuraram aproveitar a profundidade. João Carlos, o ponta de lança, pediu muitas bolas longas para servir de apoio frontal e combinar com os colegas.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Mika (6)

    João Pedro (7)

    Michael Douglas (6)

    Zé Castro (6)

    João Lucas (6)

    Ricardo Dias (5)

    Mimito (6)

    Jonathan Toro (7)

    João Traquina (6)

    Fatai (7)

    João Carlos (7)

    SUBS UTILIZADOS

    Reko (5)

    Hugo Seco (5)

    Michel Lima (-)

    Costinha (-)

    ANÁLISE TÁTICA – VARZIM SC

    O Varzim SC também optou pelo 4-2-3-1. Rafael Assis segurou a equipa defensivamente no miolo, fugindo mais às tarefas de construção. O médio defensivo acabou por sair lesionado, aos 22 minutos, sendo rendido por André Leão, que esteve mais predisposto a ter a bola no pé. Luís Silva deu critério com bola, lateralizando muitas vezes a posição para iniciar a construção de jogo da equipa. Nuno Valente, uns metros à frente da dupla de médios mais recuados, conferiu criatividade e definição.

    A equipa de António Barbosa teve algumas carências na ligação de jogo pelo corredor central, procurando os flancos como arma preferencial. A defender, procuraram ter uma reação forte à perda da bola. Quando deram espaço aos jogadores da Académica OAF para pensarem o jogo, principalmente na primeira parte, sofreram com passes nas costas da linha defensiva, que apanharam os jogadores mais recuados desprevenidos.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Ricardo Nunes (6)

    Luís Pinheiro (6)

    André Micael (6)

    Cássio (7)

    João Reis (6)

    Rafael Assis (5)

    Luís Silva (7)

    Nuno Valente (5)

    Murilo (6)

    Tavinho (6)

    Heliardo (7)

    SUBS UTILIZADOS

    André Leão (6)

    Zé Tiago (5)

    Agdon (5)

    George Ofosu (-)

     

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    Académica OAF

    BnR: A equipa voltou a sofrer um golo devido a um erro na primeira fase de construção. Numa altura em que a Académica OAF está a integrar muitos jogadores novos, ainda custa à equipa entender o custo-benefício que pode ter nas ações na primeira fase de construção?

    Rui Borges:Aceitava isso se me dissesse que eram jogadores que tinham chegado agora. São decisões. Fora é tudo muito fácil, decidimos rápido e bem, vemos onde é que está o espaço. Ali, a decisão não correu tão bem. Não é por isso que vamos apontar o dedo. O erro faz parte e tem-nos saído caro. As vezes em que erramos, temos sofrido golo nestes dois jogos. Não vai ser sempre assim. Não podemos falhar mesmo, nem uma vez. Temos que estar concentrados. Estou orgulhoso em relação ao que eles [jogadores] fizeram, tanto individualmente, como coletivamente, porque me deixa otimista. Fizemos uma primeira parte muito boa, um início de segunda parte também boa, perto do que podemos ser, daquilo que somos e do que vamos ser com toda a certeza”.

    Varzim SC

    Bola na Rede: Vi-o descontente com o facto de o André Leão e o Luís Silva estarem a lateralizar a posição em simultâneo para iniciarem a construção da equipa, deixando a zona central vazia. Faltou jogo interior ao Varzim SC para criar ainda mais situações de perigo?

    António Barbosa: “Na preparação do jogo, queríamos explorar duas situações. Uma era a construção a par, ou seja, um médio no corredor central e outro no corredor lateral. A outra era uma saída a quatro com os laterais mais baixos. A situação que fala aconteceu em alguns momentos em que não estávamos afinados. Tem a ver com a falta de comunicação relativamente ao que são os nossos comportamentos. A isso temos que ter atenção: comunicar, antecipar situações, ler o posicionamento e os comportamentos que o colega de equipa está a ter. Independentemente disso, são dois jogadores de excelência e conseguiram ajustar. Inclusivamente, criámos perigo na baliza adversária. Numa situação em que baixaram os dois de cada lado, o Zé Tiago recuou e pudemos depois criar uma situação no corredor. A inteligência e capacidade de ler o jogo deles é superior à do treinador que está focado na dimensão estratégica. Eles conseguiram explorar espaços que eles descobriram e eu não descobri”.

     

    Rescaldo com opinião de Miguel Simões e Francisco Martins

    Artigo revisto por Gonçalo Tristão Santos

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