Manuel Cajuda, 68 anos, assumiu recentemente o comando do Leixões SC. O técnico português voltou ao ativo cerca de um ano após ter abandonado o leme do Académico de Viseu FC.
Pelo meio, enfrentou a maior batalha da sua vida, um cancro na próstata. Cajuda comentou este momento com o pragmatismo e o sentido de humor que já lhe é caraterístico: “houve um dia em que acordei, virei-me para o cancro e disse-lhe ‘tens de de ir embora’. E ele foi”. Ultrapassada esta luta e após alguns meses em que esteve afastado do futebol por vontade própria, o treinador algarvio – que sempre assumiu ser adepto do clube da terra e onde começou a jogar, o SC Olhanense – orienta agora o 23º emblema numa carreira que já conta com quase 40 anos.
Experiência, como visto, não lhe falta e leva já no currículo alguns dos mais emblemáticos clubes portugueses, como o SC Braga, o Vitória SC, CF “Os Belenenses” e o outrora mítico SC Beira-Mar. Foi nos vimaranenses, aliás, que conseguiu um dos seus maiores feitos, ao pegar na equipa em zona de descida na segunda liga, conseguir a subida de divisão e, na época seguinte… conduziu os minhotos ao playoff da Liga dos Campeões pela primeira e única vez na história, em 2007/2008. Manuel Cajuda guarda estes momentos com carinho e chegou a referir “Nunca irei encontrar os adjetivos que o Vitória merece”.
Antes, tinha já experienciado a sua primeira aventura no estrangeiro, nos egípcios Zamalek SC. Aqui enfrentou provavelmente uma das maiores dificuldades nos vários anos de profissão: além da distância da família, não sabia falar árabe e mal sabia falar inglês, tornando a sua passagem pelo Egito muito complicada. Passado o choque cultural típico ao viajar para um país muçulmano, Cajuda decidiu abraçar os costumes daquela terra e até chegou a fazer o Ramadão para perceber o que movia os locais.
Após a passagem pelo Vitória SC, seguiram-se outras passagens além-fronteiras, como os Emirados Árabes Unidos, a China e Tailândia. A sua reputação e o seu caráter forte são a imagem de marca por onde passa, numa carreira por si só peculiar.
Regressado ao seu país, onde curiosamente nunca treinou nenhum dos três grandes – Cajuda diz que o recusou -, procura devolver a glória a um clube acarinhado do norte, que luta por conseguir uma nova presença no principal escalão do futebol português. A primeira partida não correu da melhor forma, mas tem ainda vários jogos para se redimir desta entrada em falso. Com os leixonenses muito ativos no mercado de janeiro, o técnico algarvio tem em mãos um plantel mais capaz de fazer uma segunda volta tranquila. Bem-vindo de volta, mister!
Foto de Capa: Leixões SC – Futebol SAD
Revisto por: Jorge Neves