É em Moreira de Cónegos, bem a norte do nosso país, que mora um dos mais promissores treinadores portugueses. César Peixoto teve uma carreira bastante sólida como jogador, passou por Braga, FC Porto e Benfica, entre outros, e pendurou as chuteiras em 2014, em Barcelos, ao serviço do Gil.
De lá para cá muita coisa mudou na vida do agora técnico do Moreirense, passou pelo Varzim, Académica, Chaves e Paços, antes de regressar a Moreira de Conégos. Esta segunda passagem pelo Moreirense tem sido pautada por projetos interessantes e por uma forma destemida de encarar os adversários, sejam eles quais forem. Prova real disso mesmo são as vitórias que já teve esta época frente a Sporting e Porto, vitória essa que até eliminou os dragões da Taça de Portugal. Podemos contabilizar ainda o tal empate frente ao Benfica de Roger Schmidt, que agudizou a crise do antigo treinador dos encarnados, antes da era atual de Bruno Lage.
Esta época soma já 20 encontros disputados ao serviço dos cónegos, onde registou até ao momento sete vitórias, quatro empates e nove derrotas, num total de 25 pontos acumulados. Esta pontuação garante ao Moreirense, no que ao campeonato nacional diz respeito, o oitavo lugar da tabela classificativa, uma posição que faz justiça aquele que tem sido o trabalho incansável da equipa técnica de César Peixoto.
O técnico de 44 anos é apontado a outros voos, falou-se inclusive do Vitória há bem pouco tempo, comprovando na perfeição esta tal competência que falamos neste artigo. A sua equipa tem-se apresentado maioritariamente num 4-2-3-1, procurando sempre manter a sua identidade em todos os jogos que disputa, com uma ideia clara de jogo que privilegia a posse de bola e um estilo de jogo agradável e apelativo. Este estilo de jogo é marcado pela assertividade dos jogadores em entender o que César passa para dentro de campo, optando sempre por levar esta tal ideia de jogo até ao fim.
Pessoalmente, gosto muito do trabalho de César Peixoto, aliás recordo-me perfeitamente da altura em que o jovem técnico assumiu o comando técnico da Académica, porque os “estudantes” jogavam um futebol positivo, “fácil”, no sentido em que as coisas saíam naturalmente. A ideia de jogo estava bem vincada, sendo positiva e dando claro liberdade também para os próprios jogadores poderem decidir num sistema previamente identificado e trabalhado pelo técnico.
Acredito claramente que César Peixoto é um jovem projeto de treinador com um enorme potencial, e não tenho dúvidas nenhumas que vai brilhar noutro contexto e que, brevemente, pode estar até às portas de um dos três grandes. Conhece bem o universo da alta roda do futebol português, e tem uma ideia de jogo que casa na perfeição com este contexto.
Ao longo da sua carreira foi treinado por muitos treinadores de qualidade, entre eles Jorge Jesus. Recorde-se que Jesus até deu a César Peixoto quase que uma “nova vida” como lateral esquerdo e médio ala no Benfica, marcando também agora o percurso que pode fazer como treinador, que se prevê que seja fantástico.
Espero pelo dia em que possa ver César Peixoto noutro nível. Digo isto porque o nosso futebol precisa disto, precisa de jovens treinadores que tragam sangue novo e ideias novas, aquilo que é, muitas vezes, a monotonia do eterno futebol do antigamente, mas que vai sendo completado e preenchido por estes novos artistas do futuro. If you love football, you love César Peixoto!