CF União | A crónica de uma morte anunciada

    Depois de há sete temporadas ser promovido para a Primeira Liga Portuguesa, chegam-nos agora notícias de que o CF União declarou insolvência depois de um alargado período de tempo onde andou moribundo.

    Em causa, uma dívida superior a sete milhões de euros que não tinha forma de ser paga pelos responsáveis do clube, que desta forma não tiveram outra solução que não o encerramento da atividade do histórico do futebol português.

    Para efeitos oficiais, foi no Tribunal do Funchal, durante a passada terça-feira, que a dissolução do União ficou aprovada, depois do acumular de vários problemas, um dos quais a falta de pagamento dos dois últimos salários aos 22 atletas da equipa de futebol.

    Ainda assim, o presidente Filipe Rebelo garante que “o que ficou encerrado foi o processo de insolvência, mas não o clube”. O futuro do mesmo será decidido num futuro próximo, juntamente com todos os responsáveis do emblema madeirense.

     

    Atingido este patamar, as soluções parecem escassear e não há muito que se possa fazer. No entanto, importa perceber como é que um clube que há sete anos estava vivo e de boa saúde, como o União, chega a este caos onde a morte é a única saída possível.

    A verdade é que o comum adepto que vê de fora dificilmente conseguirá perceber o que origina tal situação, pelo menos durante os próximos tempos, e por isso nada mais resta do que lamentar pelo desaparecimento de um histórico do futebol português e um dos grandes do Arquipélago da Madeira.

    Para a história, ficam as cinco presenças do União no principal escalão do futebol português, de entre as quais se destacam as campanhas de 1990/91 e de 1993/94, onde conseguiram o melhor resultado, o 12º lugar, e os dois resultados inesquecíveis conseguidos em 2015, o empate frente ao SL Benfica e a vitória frente ao Sporting CP.

     

    O caso do CF União não é o primeiro nem será o último de um clube que vê os seus dias contados, infelizmente, ainda para mais na altura crítica que vivemos em todos os ramos da nossa sociedade.

    Se antes o dinheiro não abundava, com a crise pandémica ele escasseia cada vez mais e situações que não se afiguram favoráveis só tendem a piorar, como aconteceu no caso em questão.

    Assim sendo, o clube da Madeira junta-se a emblemas como o Estrela da Amadora ou a Naval 1º de Maio, que no passado estiveram em situações semelhantes, ainda que o símbolo da Amadora se esteja a reerguer aos poucos, para felicidade de todos os adeptos portugueses.

    A nível europeu e mundial, é de recordar que grandes símbolos como a ACF Fiorentina, o Racing CA, o SSC Nápoles ou o Rangers FC também já estiveram em situações semelhantes, tendo todos eles conseguido voltar ao ativo e em grande nível, como podemos observar nos dias que correm.

     

    Cada caso é um caso, de facto, mas se há coisa que caracteriza o povo português é o amor e a estima que tem pelo país, pelas “terras” e pelas regiões, bem como todo o potencial que elas têm e que podem ter se forem corretamente governadas e potenciadas.

    Podia tratar-se de um texto de geografia ou de valorização cultural, mas no fundo é algo transversal ao futebol e que terá de existir neste caso, para que se possa reerguer o símbolo que hoje bate no fundo.

    Os madeirenses certamente farão força para que aconteça, os adeptos do União também, e por isso resta agora assentar, perceber o que falhou e no futuro, se possível, voltar a trazer para a ribalta o clube que tantas alegrias viveu durante os seus 108 anos de história.

    Acima de tudo, não voltar a repetir os mesmos erros, erros esses que o atual presidente assumiu terem existido e que dificilmente coabitam numa estrutura equilibrada e capaz de dar resposta às exigências do por si só exigente mundo do futebol.

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    Guilherme Vilabril Rodrigues
    Guilherme Vilabril Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    O Guilherme estuda Jornalismo na Escola Superior de Comunicação de Comunicação Social e é um apaixonado pelo futebol. Praticante desde os três anos, desde cedo que foi rodeado por bola e por treinadores de bancada. Quer ser jornalista desportivo, e viu no Bola na Rede uma excelente oportunidade para começar a dar os primeiros toques.