O futebol (e um pouco do desporto no geral) no interior do nosso pais, pode ser resumido em duas palavras: pobre e amador.
Para relacionar o futebol com o interior de Portugal Continental, temos que ir muito mais além do que o próprio futebol, diria até que para explicar a situação do futebol no interior, neste momento, fazendo uma analogia com um icebergue, o futebol seria a ponta deste, há questões extra-futebol que tiveram e têm uma importância muito maior para o estado do futebol no interior, do que o próprio futebol, podemos também olhar para esta questão na perspectiva de uma bola de neve, onde houve um acumular de situações que levaram a este estado actual.
Comecemos então por fazer um ponto de situação do estado actual do futebol no interior, fazendo uma breve pesquisa pelo futebol nacional, damos de caras com um futebol monopolizado, concentrado no litoral, sem que hajam sinais de melhoria. Guarda, Bragança, Beja, Évora e Portalegre não possuem neste momento qualquer equipa profissional nas suas associações. Quando olhamos para o futebol distrital em Castelo Branco, Bragança e Portalegre encontramos um campeonato distrital reduzido no número de equipas. Castelo Branco teve, na última época 2016/2017, onze equipas, Bragança e Portalegre apenas nove; os sinais que obtemos da raiz do futebol no interior não são positivos desde logo, há cada vez menos equipas nestas regiões. O distrito da Guarda, por exemplo, não consegue manter um número razoável de equipas no seu campeonato distrital, não reunindo assim as condições para chegar ao patamar profissional.
As explicações do porquê disto acontecer são muito simples de explicar e de entender: há uma clara falta de recursos humanos que se tem vindo a acentuar nos últimos anos. A maioria dos jovens residentes nas regiões do interior de Portugal procuram uma vida melhor no litoral, ou emigrando, deixando o interior, ficando claro, o futebol para segundo plano; este tem sido um dos principais obstáculos que as equipas no interior encontram e uma das explicações para que haja cada vez menos equipas sem que se consiga estabilizar um número razoável delas, seja nos distritais seja no campeonato nacional de seniores.
Mas claro, aliado a este factor está também o factor monetário, com a desertificação do interior existe também uma diminuição de patrocinadores para as suas equipas. São cada vez menos as empresas que têm sequer a hipótese de conseguirem patrocinar uma equipa amadora, ou as que já patrocinam reduziram substancialmente os seus contributos nos últimos anos. Não há muito que possa ser feito, infelizmente, por parte dos clubes ou de quem gere o futebol para inverter esta tendência porque, lá está, é algo extra-futebol que inevitavelmente afecta também a modalidade e, neste caso específico, o futebol do interior.