Futebol positivo

    Coloca-se então a questão de como podemos colocar um travão a esta loucura, de como podemos tornar o fenómeno do futebol um espetáculo seguro para os adeptos e famílias. A resposta é simples: cumprindo com o que já está estipulado na lei e alterando os regulamentos disciplinares que são insuficientes.

    O Art. 3º n. º 2. da Lei de Bases do Desporto (Lei n.º 5/2007, de 16 de Janeiro) prevê o Princípio da Ética Desportiva onde “Incumbe ao Estado adotar as medidas tendentes a prevenir e a punir as manifestações antidesportivas, designadamente a violência, a dopagem, a corrupção, o racismo, a xenofobia e qualquer forma de discriminação.”

    Quer isto dizer que é responsabilidade absoluta do Estado intervir para garantir a todo o custo a defesa dos valores do desporto.

    Já o Decreto -Lei n.º 248 -B/2008, de 31 de Dezembro (Lei das Federações Desportivas), prevê nos artigos 10.º e seguintes, as regras para atribuição, manutenção e fiscalização do Estatuto de Utilidade Pública Desportiva, que claramente não estão a ser cumpridas pela Federação Portuguesa de Futebol.

    Assim, cabe ao Estado garantir que a Federação Portuguesa de Futebol e a Liga Portugal criam os regulamentos disciplinares suficientes para resolver o problema de base, punindo severamente todos os agentes desportivos que desrespeitem outros intervenientes do futebol.

    Apenas castigando severamente todos os treinadores, dirigentes ou jogadores que desrespeitem ou tentem condicionar o trabalho dos árbitros ou equipas adversárias, podemos esvaziar o futebol português de todo o seu conteúdo tóxico, que por sua vez levará obrigatoriamente os espectadores a falarem sobre apenas uma coisa: o próprio futebol.

    O Boavista FC quer dar um passo rumo ao futebol positivo Fonte: Boavista FC
    O Boavista FC quer dar um passo rumo ao futebol positivo
    Fonte: Boavista FC

    Ninguém quer saber verdadeiramente da opinião da maioria dos comentadores desportivos que pairam na televisão, até porque estes nada acrescentam ao futebol. Estes ignóbeis representantes dos três grandes, apenas ganham importância porque alimentam as polémicas criadas pelos próprios presidentes e treinadores dos clubes.

    Caso esta mudança dos regulamentos disciplinares (da FPF e LP) colida com os princípios da liberdade de expressão, deve então o governo intervir de uma vez por todas para garantir a sua implementação, tendo por base a defesa dos valores do Desporto, e como exemplo a seguir o caso inglês e alemão.

    No Sábado, o Boavista, através de uma “carta aberta ao país desportivo” do seu presidente, parece ter dado inicio a esta reflexão. Estou seguro que outros clubes seguirão o seu caminho.

    Está na altura de atuar, por um futebol positivo.

    Foto de Capa: SJPF

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    José Pedro Pais
    José Pedro Paishttp://www.bolanarede.pt
    O José é um apaixonado por futebol bonito e transparente. A sua agenda enquanto gestor é planeada sempre antecipadamente de forma a garantir que tem tempo para fazer aquilo de que mais gosta, ver o Boavista ao vivo. Politica e viagens são outras duas paixões deste fervoroso adepto axadrezado.                                                                                                                                                 O José escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.