A CRÓNICA: JOGO VALEU PELA SEGUNDA PARTE
O Lusitano FCV recebia o Carvalhais FC e sabia que precisava de vencer para poder ser matematicamente possível a subida ao Campeonato de Portugal, dependendo ainda do resultado do líder.
Nos primeiros minutos do jogo, a bola circulou muito a meio-campo, longe das balizas. O Carvalhais conseguiu progressivamente ter um maior ascendente, no que toca à posse de bola e a estar mais próximo da baliza do Lusitano, mas sem criar lances de perigo.
Já o Lusitano, só começou a estar mais ativo no ataque a partir dos 20/25 minutos, depois de um remate/alívio de Gonçalo Santos que chegou às mãos de André Martins, quando a equipa da casa perdeu a bola em momento ofensivo.
O conjunto da cidade de Viriato parecia mais solta e teve ainda mais duas oportunidades para marcar. Primeiro, numa arrancada pela direita, Luís Almeida entrou na grande área, mas frente ao guarda-redes, rematou fraco. Pouco depois, Miranda fez um passe pelo ar com conta, peso e medida para o capitão Hélder Rodrigues que no vértice esquerdo da grande área do Carvalhais atirou cruzado, passando do lado de fora do poste direito da baliza adversária.
Os visitantes não conseguiram fazer nenhum remate à baliza até ao intervalo e só de bola parada visaram as redes adversárias, mas muito longe do alvo.
Na etapa complementar, o Lusitano entrou mais dinâmico e criou duas grandes oportunidades logo nos primeiros minutos ambas pelo lado esquerdo. Hélder Rodrigues cruzou, mas a bola tomou a direção da baliza e obrigou André Martins a sacudir. A seguir, novamente o capitão da equipa dos Trambelos fez um cruzamento teleguiado para Barry, que pressionado por um adversário, acabou por cabecear a bola pela linha de fundo.
A partir da hora de jogo, foram os visitantes a aproximar-se da baliza adversária. Novamente de bola parada, Pedro Pereira foi o responsável pela marcação do livre e bombeou a bola para dentro da grande área. Tony foi mais rápido no ar, mas não conseguiu segurar o esférico aparentemente fácil e a bola saiu pela linha de fundo.
A seguir, numa transição rápida, Bruno Loureiro recuperou a bola a meio campo e fez chegar o esférico até Luís Almeida que, já no interior da grande área, obrigou o guarda-redes adversário a uma defesa incompleta. O Carvalhais acabou por responder de forma imediata, com Vieirinha, a rematar rasteiro em zona frontal para defesa de Tony.
Ao terceiro remate à baliza seguido, o golo haveria de chegar. De novo contra-ataque do Lusitano, Bruno Loureiro rematou à entrada da grande área, de forma colocada, sem hipóteses para André Martins.
Depois do golo, o jogo ficou partido, com as duas equipas a estarem perto de marcar, mas o resultado já não se alterou. A vitória pela margem mínima foi um resultado justo.
A FIGURA
Bruno Loureiro – O experiente médio do Lusitano foi importante na organização ofensiva da equipa, mas destacou-se essencialmente na segunda parte. Numa fase em que o jogo estava mais partido, foi importante para lançar alguns contra-ataques e numa situação semelhante do jogo, acabou por ser ele a fazer o golo decisivo, num remate bem colocado.
O FORA DE JOGO
Enock – O médio-ala do Carvalhais pareceu limitado fisicamente no jogo, o que veio a piorar depois de uma entrada forte que sofreu durante a primeira parte. Sem conseguir dar profundidade ao flanco direito, acabou por ser substituído na segunda parte e a equipa melhorou ofensivamente.
ANÁLISE TÁTICA – LUSITANO FCV
Sérgio Fonseca utilizou o 4x3x3, com o trio ofensivo composto por Luís Almeida à esquerda, Hélder Rodrigues à direita e no centro Barry. No meio campo, Miranda era o homem mais próximo dos centrais, João André e Tatiano. Bruno Loureiro era o responsável por fazer a ligação ao ataque.
Na segunda parte, a equipa apresentou-se, por vezes, num 3x5x2, com Leal a ficar mais recuado junto aos centrais e Tomé, a funcionar como ala. A entrada de Simão Pipo e de Kiku ajudou a equipa a melhorar nas transições rápidas para o ataque, acabando por ser dessa forma conseguido o golo da vitória.
11 INICIAL E PONTUAÇÕES
Tony (6)
Tomé (6)
Tatiano (6)
João André (6)
Leal (6)
Gonçalo Santos (6)
Bruno Loureiro (7)
Miranda (6)
Hélder Rodrigues (7)
Luís Almeida (6)
Barry (6)
SUBS UTILIZADOS
Simão Pipo (6)
Kiku (6)
Muna (-)
Calico (-)
ANÁLISE TÁTICA – CARVALHAIS FC
Fernando Pinto apostou num 4x4x2 que, em momento ofensivo, passava para o 4x2x4. Os médios-ala esquerdo e direito, Catarino e Enock, davam profundidade ao flanco, apoiados pelos laterais, Ricardo Pereira e Pedro Pereira, pelo lado respetivo. Enquanto que no ataque tinham a dupla, Pestana e Espanhol, ao centro, a base do meio campo também era composta por Wilfried e Shafiu.
11 INICIAL E PONTUAÇÕES
André Martins (6)
Pedro Dinarte (6)
Bruno Alves (6)
Catarino (5)
Ricardo Pereira (6)
Espanhol (6)
Shafiu (6)
Pestana (5)
Pedro Pereira (5)
Wilfried (6)
Enock (5)
SUBS UTILIZADOS
Vieirinha (6)
Márcio Machona (-)
Edgar Lopes (-)
Nico (-)
BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA
Lusitano FCV
BnR: O Lusitano acaba por vencer pela margem mínima, num jogo nem sempre fácil de controlar. Que balanço faz do jogo?
Fábio Farias [técnico adjunto]: Primeiro, dar os parabéns aos jogadores. Ganhámos e ganhámos bem. Quanto ao jogo, na primeira parte, entrámos mal. Não conseguimos ter bola, não conseguimos assumir o jogo, chegar a zonas de finalização e criar oportunidade de golo. Não conseguimos também por mérito da equipa adversária. Na segunda parte, alterámos um bocadinho o sistema, passámos a jogar em 3x5x2 e tivemos bolas, criámos muitas oportunidades, chegámos à frente. Antes de fazermos o golo, já o podíamos ter feito várias vezes. A vitória é justa pela nossa segunda parte. Na primeira, o Carvalhais não nos criou muito perigo, teve sim mais bola, mas na segunda parte, criámos muito perigo e muitas ocasiões de golo.
BnR: Na altura em que o Lusitano acaba por marcar, o jogo estava mais partido. Esta situação de jogo vinha ao encontro do que pretendiam da partida até pelas entradas de Pipo e de Kiku?
Fábio Farias: Nós temos uma equipa que se adequa mais a um jogo de transições, mas queremos ter bola. Concordo que o jogo naquele momento partiu um bocadinho também por opção da equipa adversária. Tirou homens do meio, meteu homens na frente e começou a partir. Com os jogadores que tínhamos em campo naquele momento, era acelerar o jogo, criar perigo e situações de 1×1, provocar o adversário e foi daí que o jogo também partiu.
BnR: Momentos antes do golo, o Calico, defesa central, preparava-se para entrar. Qual foi o motivo para planear a sua entrada, estando o jogo empatado? Explorar o jogo aéreo nomeadamente em bolas paradas na grande área adversária?
Fábio Farias: Tinha a ver com o nosso central Tatiano ter visto um cartão amarelo. Estava exposto por causa das transições, estava a jogar como central do meio e podia-se expor nalgum momento em que tivesse de entrar mais forte para parar alguma transição. Nós decidimos, para além de refrescar, resguardamo-nos para não ficarmos com menos um jogador.
Carvalhais FC
BnR: O Carvalhais acaba por perder pela margem mínima, com um golo já perto do final da partida. Que reflexões lhe ficaram deste jogo?
Fernando Pinto [técnico principal]: Acho que foi um jogo positivo. O único senão foi mesmo o resultado. Acho que foi um bom jogo. As duas equipas apresentaram-se com qualidade. Nós trabalhámos durante a semana com o intuito de vir a Vildemoinhos e jogar para ganhar. Era essa a nossa estratégia. Numa primeira fase, conseguimos ter sucesso porque tivemos bola. Retirámos bola ao Lusitano. Nós sabíamos que se retirássemos bola ao adversário, podíamos sair daqui com um resultado positivo e nos primeiros 20 minutos, estivemos muito bem porque tivemos muita bola. Depois, acabou por vir ao de cima a experiência dos jogadores do Lusitano, atletas que andaram noutros patamares e começaram a condicionar a nossa saída de jogo e a partida começou a ficar mais repartida. Chegámos ao intervalo e o Lusitano já estava com mais bola do que o Carvalhais.
Depois do intervalo, não mudámos de estratégia. Iniciámos a segunda parte com o intuito de jogar no meio campo do Lusitano, sabendo que era extremamente difícil, mas trabalhámos para isso. Na segunda parte, as duas equipas procuraram muito a vitória, com o Lusitano mais perto da nossa baliza, com mais jogo e mais jogadas perigosas. Acabou por marcar num bom remate de um grande jogador e o resultado fez-se aí. Tentámos tudo por tudo para ir à procura do empate, mas já se tornou difícil porque as nossas armas não são as mesmas do Lusitano. De qualquer maneira, os meus jogadores estão de parabéns, fizeram um grande jogo e dignificaram o emblema que representam.
BnR: Apesar do Carvalhais ter tido fases do jogo em que esteve por cima, nomeadamente na primeira parte, não conseguiu criar oportunidades flagrantes de golo. O que faltou para a equipa ser mais perigosa?
Fernando Pinto: Não falhou nada. Isto é como irmos à caça com uma cana de pesca. Faltou-nos profundidade, de facto. De facto, estamos com algumas dificuldades na zona de finalização. Tivemos que adaptar um jogador a ponta de lança porque temos passado algumas dificuldades que ninguém sabe, no que diz respeito ao número de atletas que treinam durante a semana. Por isso, acho que temos feito um grande trabalho e estamos nesta fase [de subida] com muito mérito, mas com muitos problemas por termos muitos jogadores indisponíveis para treinar e poder jogar. Falta-nos algumas coisas em que estamos a trabalhar no sentido de melhorar. Falta-nos referências na frente, tivemos de adaptar jogadores. O único jogador que temos como referência a ponta de lança teve de ficar de fora porque não pode dar o contributo no treino. Nós tivemos de adaptar um jogador a ponta de lança. Uma coisa é ter o Barry, outra coisa é o não ter. Reparem no Resende e a quantidade de golo que aquela equipa tem [17 golos em 10 jogos, na fase de subida]. Acho que tem corrido bem, mas tem-nos faltado algumas coisas que estamos a trabalhar para melhor no futuro.
Não nos podemos esquecer que o Lusitano andou muitos anos nos Nacionais e, neste momento, anda a disputar os Campeonatos Distritais, enquanto que o Carvalhais só há quatro anos anda aqui entre os tubarões. Aquilo que o Carvalhais tem feito é enorme. Acho que não nos falta nada, falta-nos só dar continuidade ao trabalho para que no futuro nos possamos aproximar do Lusitano, do Resende, do Cinfães. Acho que estamos a trabalhar bem, mas falta-nos um longo percurso para lá chegar.
BnR: Desde o início do jogo, o Enock pareceu não estar nas melhores condições físicas, situação que piorou na primeira parte, depois de uma entrada dura que este jogador sofreu. Foi pela falta de soluções que não o substitui mais cedo por outro jogador que pudesse dar maior profundidade ao flanco?
Fernando Pinto: Sim, nós estamos condicionados e há substituições que temos de retardar precisamente por causa disso. Quando a gente não tem muitas soluções no banco, temos que ter estratégia e aguentar algum jogador que possa não estar tão bem. Foi um bocadinho o que aconteceu. Temos tido muita dificuldade para ter gente para treinar, mas acho que fizemos um bom jogo. De facto, temos alguns jogadores que têm qualidade e capacidade para dar mais, mas precisamos de os ter disponíveis no treino para poderem jogar ao domingo. Acho que a estratégia foi boa. O Lusitano acaba por ganhar por 1-0, com um remate de fora da área. Se nós analisarmos a quantidade de jogo ofensivo que o Lusitano teve, foi imensa. Contudo, se analisarmos as defesas que o meu guarda redes fez, foram poucas ou nenhumas. O meu guarda redes não teve muita intervenção no jogo. De facto, demos espaço nos corredores ao Lusitano para ter bola.
Criou muita profundidade através dos corredores, mas também estratégia nossa para retirar jogo interior. Sabíamos que se o Lusitano tivesse jogo interior, seria difícil para nós porque tem referências na frente que fazem muitos movimentos diagonais e de rotura entre o central e o lateral. Nós não queríamos e nem podíamos permitir isso. Então, foi estratégia retirar os jogadores do Lusitano do espaço interior a nível ofensivo, dar espaço exterior junto à nossa área. Nós, nas bolas paradas, nomeadamente nos cantos defensivos, somos muito fortes e o jogo correu tal e qual como nós planeámos. Para quem estava a ver o jogo, parecia que o Lusitano estava a massacrar-nos, mas nós estávamos confortáveis porque levamos o jogo para as zonas que nós criamos. Depois, a estratégia era tentar sair em profundidade através do Enock porque é muito rápido e tem muita qualidade, do outro lado, através do Ricardo também. Precisávamos de ligar o jogo entre os setores para chegar ao ponta de lança e, aí sim, faltou-nos um bocadinho de bola e de segurar a bola para sair. O jogo foi perfeito da nossa parte, foi pena o resultado.