Lusitano FCV 1-3 Mortágua FC: “Trambelos” mais longe da subida

    A CRÓNICA: FORASTEIROS NÃO DERAM HIPÓTESES NA SEGUNDA PARTE

    O Lusitano FCV, invicto em casa, recebia o invencível Mortágua FC, na nona jornada da fase de subida da Divisão de Honra de Associação Futebol de Viseu.

    O jogo começou equilibrado com as duas equipas à procura de marcarem cedo. Por volta dos 10´, ocorreu a primeira oportunidade com um mau alívio do guarda-redes do Lusitano a deixar a bola ao dispor de Lucas Villela. O goleador do Mortágua, 20 golos em 20 jogos, meteu a bola na grande área à espera de algum companheiro para finalizar, mas nenhum apareceu.

    A partir do quarto de hora da partida, o Lusitano esteve mais perto da baliza adversário. Primeiro, na sequência de um canto pela direita, confusão na grande área, a bola sobrou para Luís Almeida que cabeceou junto ao poste direito cruzado e o esférico acabou por sair na linha de fundo lentamente próximo ao poste do lado contrário.

    Pouco depois, Bruno Loureiro rematou, à entrada da grande área do Mortágua, para defesa incompleta de Daniel Dias e na recarga, Hélder Rodrigues pressionado por um adversário, atirou por cima.

    O golo acabaria por surgir, mas contra a corrente do jogo. Seidi aproveitou o espaço livre entre a defesa e o meio-campo do Lusitano e fez um passe teleguiado para Lucas Villela. O brasileiro fez um chapéu ao adiantado guarda-redes do Lusitano e fez o 1-0, aos 25´.

    No entanto, os anfitriões empataram dois minutos depois. Hélder Rodrigues, da direita, fez um cruzamento/remate que foi para dentro da baliza. O ritmo do jogo diminui até ao intervalo com as duas equipas a jogarem muito a meio-campo.

    No segundo tempo, os visitantes voltaram ao campo a todo o gás. Primeiro, Manuel Ramos proporcionou a defesa da tarde a Tony com um grande remate de fora da grande área. A seguiur, golo anulado a Miguel Rodrigues, por fora de jogo. Pouco depois contou mesmo. Rafinha penetrou na grande área do Lusitano, conseguiu soltar-se de marcação e fazer o 2-1.

    A equipa da casa assumiu as rédeas do jogo, mas não conseguia levar perigo à baliza de Daniel Dias. O mais perto que o Lusitano esteve de empatar foi quando Leal, de fora da área, rematou forte ligeiramente acima do travessão da baliza.

    Sem grandes oportunidades e com muitas mexidas para as duas equipas, o Mortágua estava confortável no jogo e tentava explorar quando podia o espaço livre deixado pela equipa do Lusitano para lançar transições rápidas. Já perto do minuto 90, num destes lances rápidos, Villela entrou na grande área do Lusitano e pressionado por Calico, acabou por ser rasteirado pelo capitão da equipa adversário. O brasileiro cobrou a grande penalidade e confirmou a vitória do líder da fase subida ao Campeonato de Portugal.

     

    A FIGURA

    Fonte: Mortágua FC

    Lucas Villela – O avançado do Mortágua foi decisivo na vitória da sua equipa ao bisar. O primeiro golo foi à finalizador ao picar a bola por cima do guarda-redes e demostra como o brasileiro tem 22 golos, em 21 jogos disputados esta época. Além dos golos, foi importante a desestabilizar a defesa do Lusitano com a sua velocidade e a capacidade em segurar a bola perante a pressão adversária.

     

    O FORA DE JOGO

    Fonte: Lusitano FCV

    Calico – O capitão do Lusitano e o seu colega de setor, João André, não estiveram bem na partida ao não conseguir controlar as movimentações dos avançados do Mortágua e a falhar bastantes passes. No entanto, foi pelo lado do veterano que o Mortágua fez o primeiro golo da partida e foi ainda o central que cometeu a grande penalidade que tornou seguro o triunfo dos visitantes.

     

    ANÁLISE TÁTICA – LUSITANO FCV

    Sérgio Fonseca utilizou o 4x3x3, com o trio ofensivo composto por Luís Almeida à esquerda, Hélder Rodrigues à direita e no centro Barry. No entanto, os dois jogadores das laterais derivavam muitas vezes para o centro. No meio-campo, Bruno Loureiro era o responsável por fazer a ligação ao ataque.

    Na segunda parte, novamente em desvantagem, o treinador do Lusitano acabou por tentar refrescar a equipa com jogadores habituados a explorar os corredores, Pedro Silva e Kiku. Ainda acrescentou mais uma unidade ofensiva, Simão Pipo, para tentar ultrapassar a barreira defensiva adversária, mas sem sucesso.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Tony (6)

    Tomé (5)

    Calico (5)

    João André (5)

    Leal (5)

    Salú (6)

    Bruno Loureiro (6)

    Miranda (6)

    Hélder Rodrigues (7)

    Luís Almeida (6)

     Barry (6)

    SUBS UTILIZADOS

    Gonçalo Santos (6)

     Pedro Silva (6)

    Simão Pipo (6)

    Mamu George (-)

    Kiku (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – MORTÁGUA FC

    Rui Gomes apostou num 4x4x2, com Rafinha e Lucas Villela na frente. Do lado esquerdo, Manuel Gaspar juntava-se ao duo da frente. No entanto, os homens da frente em processo ofensivo trocavam constantemente de posições. Bula era o médio defensivo que estava próximo aos centrais, Ferrão e Miguel Rodrigues.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Daniel Dias (6)

    João Rodrigues (6)

    Miguel Rodrigues (7)

    Ferrão (7)

    Jony (6)

    Bula (7)

    Seidy (6)

    Sena (6)

    Manuel Ramos (7)

    Rafinha (7)

     Lucas Vilela (8)

    SUBS UTILIZADOS

    Claúdio (6)

    Xavi (6)

    Eugheni (-)

    Bernardo Figueiredo (-)

     Té (-)

     

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    Lusitano FCV

    BnR: O Lusitano acaba por perder pela primeira vez esta época no Estádio dos Trambelos. Que balanço faz do jogo?

    Sérgio Fonseca:  Foi um mau resultado. Penso que entrámos relativamente bem no jogo. A primeira parte foi equilibrada, bem disputada, talvez com um ligeiro ascendente sobre o Mortágua. Na segunda parte, as coisas complicaram-se e entrámos muito apáticos e nos primeiros quinze minutos, complicámos as coisas, sofremos o golo, depois tentámos ir atrás do prejuízo, mas não conseguimos dar a volta ao resultado. Inclusive acabámos por sofrer mais um golo já na parte final.

    BnR: O Lusitano pareceu bastante surpreendido com a mudança de atitude do Mortágua. Que explicação encontra para tal?

    Sérgio Fonseca: Permita-me discordar, mas não me parece que tenha sido uma mudança de atitude do Mortágua, mas uma apatia nossa. Nós entrámos muito mal no jogo, podíamos e devíamos ter entrado de uma outra forma. Da forma como entrámos, pusemos o resultado em causa como é óbvio. Penso que foi mais demérito nosso do que mérito do Mortágua. O adversário entrou como tem encarado sempre as partidas.

    BnR: A derrota acaba por prejudicar as hipóteses de subida para o Campeonato de Portugal. Como vê agora os objetivos do Lusitano.

    Sérgio Fonseca: Nós vamos continuar a trabalhar com a mesma seriedade, a mesma forma de estar e de ser. Sabemos que, com a diferença pontual [a oito pontos do líder Mortágua, a quatro jornadas do fim], as coisas estão muito mais difíceis. Já não dependíamos só de nós. O adversário está bem, está moralizado porque as coisas lhe estão a correr bem. É uma diferença pontual significativa, mas vamos continuar a encarar todos os jogos com o mesmo sentido de responsabilidade que temos feito até agora.

    BnR: Hoje o Lusitano sofreu a primeira derrota na época, no Estádio dos Trambelos. Este resultado vai procurar alterações na equipa, nomeadamente no esquema tático?

    Sérgio Fonseca: Não, nós continuamos a trabalhar da mesma forma. Trabalhamos sempre em função do que são os nossos sistemas táticos. Vamos procurando trabalhar em contextos diferentes pela necessidade, por vezes, de alterar no jogo, mas vai ser sempre do mesmo registo que temos estado a trabalhar.

     

    Mortágua FC

    BnR: O Mortágua reforça a liderança com uma vitória, num terreno bastante difícil. Que balanço faz ao jogo?

    Rui Gomes: Parece-me uma vitória justa da nossa parte, principalmente pelo que aconteceu na segunda parte. Sabíamos que era um jogo extremamente difícil. O Lusitano, em casa, só tinha vitórias. Nós vínhamos de uma semana atípica. Jogámos sábado [26 fevereiro, vitória por 2-0 frente ao GD Resende] e terça [vitória por 3-0 frente ao ACDR Lamelas]. Tivemos muito pouco tempo para preparar o jogo hoje, ao contrário do nosso adversário.

    Durante a primeira parte, o jogo foi muito equilibrado. Tivemos algumas chegadas à área, o Lusitano também nos criou algum perigo, em especial nas segundas bolas de lançamentos laterais, tinham isso muito bem preparado. Parece-me que o empate ao intervalo foi um resultado justo.

    Na segunda parte, tomámos totalmente conta do jogo. Tivemos a bola durante muito tempo. Fomos superiores, parece evidente para quem assistiu ao jogo. Conseguimos marcar o 2-1, depois, como é lógico, o Lusitano tentou carregar um bocadinho com alguns cruzamentos, um ou outro contra-ataque, nas bolas paradas também são perigosas porque têm ótimos batedores e têm jogadores altos. Nunca deixámos de tentar e já no fim conseguimos esse penalti que nos deu o 3-1 e uma vitória justíssima por aquilo que os nossos jogadores fizeram.

    BnR: O Mortágua aproveitou o espaço livre nas costas da defesa do Lusitano para chegar à baliza adversária através de transições rápidas. Foi algo planeado para este jogo em específico, tendo em conta o historial de resultados do Lusitano em casa?

    Rui Gomes: Não, nós tentamos adaptar-nos sempre às circunstâncias do jogo e do que o jogo vai pedindo. O nosso intuito é ir a todos os campos, tentar ter o máximo de bola e empurrar o adversário para o seu meio-campo defensivo. O que aconteceu aqui é que o Lusitano jogava através de muitas bolas diagonais dos centrais para os extremos e isso fazia com que tivessemos baixar um bocadinho para disputar essas bolas. Aí dispúnhamos de espaço para lançar contra-ataques. Nunca descurámos essa parte. Aliás, o 1-0 é uma recuperação e um passe do Seidy para isolar o Lucas. Não foi preparado durante a semana, faz parte da nossa ideia de que quando temos algum espaço, devemos tentar criar perigo no adversário. Enquanto o jogo foi correndo, o Lusitano tinha esse jogo estereotipado, de procurar o Luís Almeida e o Hélder nos corredores, isso fazia com que nós baixássemos e criássemos perigo ao adversário.

    BnR: Como já referiu, o Mortágua entrou bastante bem na segunda parte. Que mensagem passou aos jogadores ao intervalo?

    Rui Gomes: Basicamente foi só dizer aos jogadores que tínhamos de ter calma com bola porque sabíamos que tínhamos algum espaço para explorar. Muitas vezes, como o Lusitano nos pressionou muito à frente, nós batemos algumas bolas para procurar a linha defensiva do adversário e se calhar estávamos a abusar um bocadinho disso porque o Lusitano tinha os quatro defensas atrás e nós só tínhamos dois avançados. Tentar fazer o nosso jogo na segunda parte, com combinações mais curtas em vez das bolas longas, até porque não temos uma equipa tão avantajada em termos de altura em relação às outras. Foi assim que conseguimos ter uma oportunidade escandalosa pelo Rafa que não fizemos golo e que depois conseguimos fazer o 2-1 pelo mesmo jogador, em jogadas de bom recorte coletivo. A mensagem foi mesmo só termos mais calma e para fazermos o nosso jogo que o espaço havia de aparecer.

    BnR: Esta vitória pode ser decisiva para a concretização dos objetivos do Mortágua, nomeadamente na subida para o Campeonato de Portugal?

    Rui Gomes: É lógico que quanto mais tempo passa e se nós ganharmos sempre, fica sempre mais perto, com a questão puramente matematicamente. Eu tenho a perfeita noção que toda a gente pode ganhar no campo de toda a gente. São sempre jogos de tripla. Para a semana, vamos defrontar o Nelas, que dentro destas oito equipas, não tem tantas aspirações, mas tirou pontos ao Mortágua, ao Lusitano, ao Cinfães e ao Resende, os quatro primeiros. Não podemos achar que com 20 pontos se ganha alguma coisa porque não ganha. Ninguém vai ficar em primeiro com 20 pontos. Para a semana, se acharmos, que só por esta semana por ganharmos três jogos de extrema dificuldade, podemos baixar um bocadinho a guarda, levamos um tiro na testa e vamos abaixo. Foi o que disse aos jogadores. Portanto, não podemos desleixar-nos, temos de ter focados a 100%. Já é o quarto jogo que fazemos com o Nelas esta época, sabemos perfeitamente das dificuldades que nos vão criar. Sabemos que é uma equipa que pode marcar golos em qualquer campo e ao marcar golo em qualquer campo, pode ganhar os jogos. Temos de estar focados no que é o adversário, tem jogadores bons. O nosso foco é preparar o jogo para a semana que vem, dar um bocadinho de descanso aos jogadores porque estão desgastados dos três jogos esta semana.

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    Pedro Filipe Silva
    Pedro Filipe Silvahttp://www.bolanarede.pt
    Curioso em múltiplas áreas, o desporto não podia escapar do seu campo de interesses. O seu desporto favorito é o futebol, mas desde miúdo, passava as tardes de domingo a ver jogos de basquetebol, andebol, futsal e hóquei nacionais.