O apito final no mercado: será um conflito eterno ou chegar-se-á a um consenso?

    A data do final do mercado de verão é algo que causa a divisão dos adeptos, que contam com opiniões muito distintas (tal como a existência de uma janela de transferências no inverno e respetiva regulamentação). Nem todos estão de acordo com o clássico final do mês de agosto /começo de setembro, data usualmente aplicadas, nas quais os principais campeonatos já estão a ser disputados. Em 2024/25, por exemplo, Espanha, Inglaterra, Alemanha, França e Itália fecharam as suas portas no dia 30 de agosto, evitando que existissem transferências durante o fim de semana, recheado de jogos dos campeonatos dos respetivos países.

    Já em Portugal, Arábia Saudita e Brasil (há que ter em conta que este é o mercado intermediário na maioria da América do Sul) podem realizar-se compras até ao dia 2 de agosto. Isto significa que os planteis ficam fechados a partir de dia X? Nem por isso. Um jogador que atue nas Big 5 ainda tem a oportunidade de sair para uma nação que ainda tenha a sua janela aberta. Não se pode contratar, mas pode-se vender. Sendo mais específico, pode-se comprar e vender a qualquer momento, mas as janelas de inscrição é que não estão sempre abertas. São elas que definem os prazos em todos os países, embora tudo sob a alçada da FIFA.

    Como tudo no futebol, também há discórdia neste ponto, com o modelo tradicional cada vez mais criticado, apontando-se várias razões para a respetiva opinião. A principal é a perda de jogadores enquanto as competições já estão a decorrer. Os técnicos são os principais defensores de uma mudança, já que não sabem com que plantel contar a partir de setembro, podendo perder peças fundamentais a poucas horas do encerramento do mercado, que não têm um substituto óbvio no plantel. Peguemos num exemplo hipotético e que decerto não acontecerá, mas que explana bem a ideia. O Al Nassr poderia avançar para a contratação de Viktor Gyokeres, pagando a sua cláusula de rescisão de 100 milhões de euros no dia 2 de setembro, deixando o emblema de Alvalade órfã do seu melhor jogador, tendo pouco tempo para encontrar um substituto à altura, ou que pudesse ocupar a posição de ponta de lança até janeiro, onde haverá alguns dias para fazer um raide ao mercado. Rúben Amorim odiaria este cenário, tal como os adeptos dos leões.

    Os treinadores não gostam igualmente de jogar no último dia da janela, mas até tem existido um esforço para que esse azar não ocorra. La Liga e Premier League não contaram com desafios no dia 30 de agosto. No dia 2 de setembro não existirão partidas dos campeonatos profissionais. Aliás, para esse dia somente existem dois jogos dos principais países: Eibar x Levante e Elche x Córdoba, da La Liga Hypermotion, relembrando que o mercado espanhol está encerrado oficialmente desde sexta-feira.

    Esta escola apoia um ponto final das transferências um dia antes do começo dos campeonatos, mas também se ‘esquece’ que as ligas não arrancam no mesmo fim de semana. No caso de 2024/25, a primeira jornada da Premier League começou no dia 16 de agosto. A Liga Portugal teve o seu pontapé de saída bem antes, a 9 de agosto, não esquecendo que pela Europa fora (deixando de fora os restantes continentes) há vários clubes a disputar as pré-eliminatórias das competições continentais. Teria que haver um acordo entre todos. Se chegarmos a extremos, haverão defensores que o mercado teria uns 15 dias, no máximo.

    É aceitável defender esta postura, mas também tem que se verificar o reverso da medalha. A janela de transferências terminar com três/quatro jornadas disputadas tem as suas vantagens. Para os adeptos existirá sempre o gosto de acompanhar um Deadline Day que promete sempre grandes surpresas (quiçá a maior de 2024/25 foi a mudança de Haller para o Leganés) e agitação. Para os treinadores e jogadores, existem igualmente pontos positivos. As equipas técnicas terão ainda margem de verificar se o plantel está a funcionar bem, podendo faltar ainda uma peça, que pode ser comprada nos últimos dias. Além disso, há a possibilidade existir uma lesão grave que tenha de ser compensada, algo nunca desejado. O Barcelona perdeu Marc Bernal por 10 meses, devido à rotura do ligamento cruzado anterior, e apenas não atacou o mercado porque não tinha capacidade para tal. Os atletas contam com mais alguns dias para encontrar destino, Jadon Sancho ou Raheem Sterling somente conseguiram colocação nas últimas horas de 30 de agosto, por exemplo. Outros ainda poderão rumar a mercados distintos, como Ben Chilwell ou Kieran Trippier, que não arranjaram colocação em Inglaterra, mas beneficiam do facto de certos países ainda terem as suas portas abertas, como a Arábia Saudita.

    E é certo que em vários casos nem com mais tempo os negócios são fechados, João Palhinha falhou a sua mudança para Munique no verão de 2023 por uma questão de horas, já que o mercado alemão fechava mais cedo que o inglês. O internacional português, já com fotos tiradas com o dorsal do Bayern Munique, voltou para Londres cabisbaixo, mas realizou novamente uma grande época pelo Fulham, cumprindo o seu desejo em 2024, regressando de vez ao Allianz Arena.

    É provável que a FIFA opte por uma mudança no mercado, apostando no encerramento do mercado de transferências antes do começo das ligas profissionais, nem que seja de forma experimental. É certo que nunca existirá uma configuração ‘correta’ e com a aprovação de todos, já que há equipas que saem a ganhar e outras a perder, das duas maneiras apresentadas. Além disto, não nos podemos esquecer que existem campeonatos que têm a sua janela ‘longa’ em janeiro, o que levaria este debate para outros contornos.

    A verdade é que a FIFA e os restantes organismos tutelares estão atentos às queixas dos seus ‘clientes’. Vários países têm uma limitação de empréstimos, discussão que esteve na moda na década passada. Mais tarde ou mais cedo chegará a este ponto. Certo é que sempre existirão pessoas a manifestarem-se nas redes sociais e treinadores a criticarem nas conferências de imprensa.

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