O Futebol Português é fraco? Desengane-se

    Faltam apenas duas jornadas para “fecharem as cortinas” da Primeira Liga 2018/19 e ainda há muito por decidir, com a luta pelo campeonato ainda em aberto, tal como a feroz luta pela manutenção no principal escalão do futebol nacional. Mas, além da emoção acerca do destino de várias equipas, também há algo que tem abundado especialmente neste final de época: golos, golos e mais golos.

    Abriram-se as comportas e uma enxurrada de golos atingiu a Primeira Liga, com o recorde de golos atingido à 32.ª jornada, onde houve espetáculo em praticamente todos os campos em que a bola rolou, com apenas um jogo a ter menos de três tentos marcados. Os números são, realmente, brilhantes: os três grandes golearam por números pesados os seus adversários, com o SL Benfica a bater o Portimonense SC por 5-1, o FC Porto a ganhar 4-0 ao CD Aves e o Sporting CP a cilindrar o Belenenses SAD por uns incríveis 8-1 que, mesmo assim, continuam a não ser a maior goleada esta época (não esquecer os 10-0 com que o SL Benfica venceu o CD Nacional).

    Mas desengane-se quem achar que só os três grandes é que dão espetáculo, já que as equipas mais “modestas” da Primeira Liga não se ficaram atrás na veia goleadora: o duelo pela manutenção entre CD Feirense e GD Chaves terminou num estonteante 4-4, com voltas e reviravoltas e um empate dramático no último minuto. Já o Santa Clara foi a Tondela bater os locais por 3-1, enquanto o Vitória SC sofreu um dramático empate 2-2 frente ao penúltimo CD Nacional, com o golo da igualdade aurinegra marcado já no período de descontos.

    O dérbi lisboeta entre Sporting CP e Belenenses SAD foi o jogo com mais golos da jornada 32, com nove golos marcados
    Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

    Sei que o leitor se perguntará já pelo jogo de segunda-feira em Setúbal e a vergonha que, certamente, mostrou. São acontecimentos, sem dúvida, tristes, condenáveis e que nunca podem acontecer num estádio de futebol exigindo-se punição severa para o Vitória FC e respetivos adeptos. Mas preferia olhar para o copo meio-cheio, esquecendo as dramáticas visões de que o “futebol português é um circo” e olhar mais para as oito partidas recheadas de golos e emoção que vimos esta jornada, que mostram as qualidades que também temos no futebol nacional e deixar de parte os episódios mais vergonhosos (que, infelizmente, não são um exclusivo do nosso país) protagonizados por pessoas que não acrescentam nada ao futebol.

    Mas quero eu com isto dizer que o futebol português é perfeito? Claro que não. As desigualdades são evidentes na Primeira Liga, no tratamento da imprensa para com os três grandes e restantes emblemas, além de grandes problemas estruturais que requerem uma solução pensada, mas serve para o comum-adepto perceber que há matéria-prima de qualidade em Portugal, que os jogos dos ditos pequenos também merecem ser vistos e seguidos.

    O futebol é feito de golos e se há coisa que esta jornada nos mostrou é que as “outras” equipas da Primeira Liga também sabem fazer golos, que os jogos sem os ditos três grandes não são um desfile de “pontapé para a frente e no final fica 0-0” e, acima de tudo, que há bom futebol no nosso país.

    Cabe a nós, imprensa, divulgar o que de bom há no ludopédio nacional e ao adepto apreciar a qualidade fora dos três grandes. Há muito para desfrutar no futebol português.

     

    Foto de Capa: Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

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    João Reis
    João Reishttp://www.bolanarede.pt
    Desde de 1993 que a cor que lhe corre nas veias é vermelha e branca! Quando era mais novo, chegou a jogar no clube rival de Lisboa, mas nunca escondeu que o seu grande amor era o Glorioso. Tem uma enorme admiração pelo Liverpool FC. Gostava de um dia ir a Anfield Road e cantar bem alto a canção que imortalizou os Gerry & The Pacemakers: "You'll Never Walk Alone!" A dar os primeiros passos como treinador de futebol, o seu maior sonho é treinar o clube de coração e alma, o Sport Lisboa e Benfica.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.