Regresso atípico é a definição natural para categorizar a jornada 25 do campeonato, realizada durante a última semana. As bancadas despidas e o percetível diálogo entre os jogadores constam no cardápio da nova rotina motivada pela pandemia, que não se deseja demasiado prolongada. O futebol fica sem boa parte da chama, mas é preciso acreditar que é uma fase passageira e que em breve tudo voltará ao normal.
Mas também o foi, pelo simples e inusitado facto de apenas um dos sete primeiros classificados ter vencido. A ‘fava’ calhou ao FC Famalicão que venceu o líder FC Porto e prosseguiu neste conto de fadas que tem vindo a ser esta época de regresso ao escalão máximo. Deve ser preciso recuar várias épocas para encontrar tal feito, mas a verdade é que se assistiu a uma pequena revolta dos clubes de menor dimensão. Nesta ronda assistiram-se ainda a várias boas partidas quando as expectativas não eram tão elevadas, tendo os indicadores de regresso sido positivos, de uma maneira geral.
O fator casa não teve um grande peso, embora não tenha contrastado muito com outras rondas, e daqui ressalva-se o facto de o CD Santa Clara nem sequer ter vencido no seu próprio recinto. Os árbitros continuaram a insistir no apito, uma vez que houve apenas um jogo com menos de 30 faltas, mas existiu um aspeto em particular que marcou a semana de reinício da competição e que teve os guarda redes como protagonistas. De tão invulgar que foi, esta ronda pareceu estar amaldiçoada para alguns guardiões, que tiveram momentos menos felizes e aparentaram estar ainda em ‘modo quarentena’.
O tempo de paragem foi longo e o entrosamento perdeu-se, podendo-se percecionar que os jogos de preparação fazem falta antes da entrada numa competição oficial. Por ser uma posição específica e bastante importante no terreno de jogo, os donos da baliza estão mais expostos ao erro – e ele aconteceu em catadupa, numa sucessão invulgar e solidária entre colegas de setor.
Neste lote constam os nomes de Marchesin, Douglas, Max, Matheus, Fábio Szymonek, Helton Leite, Kieszek e Ricardo Ribeiro, que sofreram golos por erros individuais ou estiveram envolvidos em lances de pura infelicidade. Estes foram os vários guardiões desafortunados, sendo que apenas um conseguiu a vitória. Os erros acontecem a qualquer um, mas estes episódios consecutivos de infelicidade são anormais para uma jornada só e chamaram a atenção de todos aqueles que tenham estado minimamente atentos ao reatar da Liga.
Todos eles, com certeza, já garantiram pontos para as suas equipas e são nomes respeitados entre os postes do futebol português. São atletas de qualidade e com créditos firmados, que estarão prontos para responder à altura, tal como já o fizeram em muitas ocasiões anteriores. Contudo, ficaram ligados ao regresso do campeonato, que foi atípico não só pelas circunstâncias atuais, como também pelos sucessivos lances insólitos que se verificaram nas diversas balizas.