Não estranhes este e-mail. Hoje sinto-me nostálgico, com vontade de desabafar, de ter comigo um verdadeiro amigo que me compreenda e entenda como tu, meu amigo.
A verdade é que todo aquele processo que envolveu a minha saída do CD Feirense levou-me a questionar algumas coisas que rodeiam o futebol. Não foi uma situação bonita ou fácil; muitas coisas foram ditas, mas tu sabes quem eu sou e os princípios pelos quais me rejo. De qualquer forma não foi sobre isso que te resolvi escrever.
Aqui no Bessa sou tratado com carinho; as pessoas são cinco estrelas, os adeptos são calorosos e sente-se neles o sangue quente a correr pelas veias. É um clube realmente grande, maior do que se pensa quando se vê o mesmo só de fora. Mas, ainda assim, não consigo deixar de sentir saudades. Tenho saudades de jogar. Este ano não tenho conseguido assumir-me como titular e isso custa para um jogador que estava habituado a fazê-lo regularmente.
Tenho saudades do ar que se respira em Santa Maria da Feira. Do ar que se respirava à entrada para mais um treino. Saudades de não ser mais um, mas de ser um, de ser o Vítor Bruno. Saudades desse ano maravilhoso que aí passei. E saudades tuas, Nuno. Saudades de ti, Nuno Manta Santos.
Sim, saudades do “meu” mister, do meu amigo Nuno. Saudades daquele balneário e das constantes risotas; Saudades de me sentir criança como não poucas vezes me sentia, saudades da cumplicidade; saudades de não ter só um treinador, mas sobretudo um amigo que até tem jeito para comandar um grupo de homens. Saudades daquele ser autêntico, daquela “personagem” única e de levar um puxão de orelhas e segundos depois de receber um sorriso sincero.
Com ou sem óculos, usando gravata ou não, de fatinho todo aperaltado ou de fato de treino, de sapatilhas ou até de chinelos… O que quer que uses por fora jamais irá mascarar o que és. Jamais alterará essa pessoa real, sincera e autêntica que és.