A história do futebol está repleta de evoluções a nível técnico e tático, mas existe também uma história de tendências alienada ao futebol. No início da mediatização do futebol (anos 50 e 60), aquilo que encontrávamos era a tendência de um futebol repleto de treinadores que eram maioritariamente ex-jogadores profissionais que decidiram enveredar pela carreira de treinadores, continuando o seu trabalho futebolístico.
Fazendo uma rápida introspeção facilmente encontramos exemplos daquilo que eu estou a falar, o Benfica e o Futebol Clube do Porto tiveram como um dos mais carismáticos treinadores dos anos 60 o húngaro Béla Guttmann, que teve uma carreira profissional como jogador anteriormente. Outro grande treinador desta época era o espanhol Miguel Muñoz, que é uma lenda do Real Madrid, tanto pela sua carreira como treinador como por jogador. Continuando, podemos falar de outros nomes como Pedroto, que foi jogador do Futebol Clube do Porto, e em seguida treinador do mesmo clube.
Uma das poucas exceções neste futebol dominado pelos ex-jogadores profissionais seria Otto Glória. Ainda que não possamos considerar Otto Glória como uma real exceção, porque o brasileiro jogou no Vasco da Gama até aos 25 anos de idade, quando abandonou a carreira de treinador para treinar as camadas jovens do Vasco, mesmo assim considero que Otto Glória foi um dos primeiros grandes estudiosos do futebol que preferiu apostar mais na vertente de treinador do que na vertente de jogador.