Tottenham Hotspur FC 3-0 FC Paços de Ferreira: Como vencer em três “Paços”

    A CRÓNICA: FC PAÇOS DE FERREIRA SAI DA CONFERÊNCIA

    O FC Paços de Ferreira foi derrotado por 3-0 na deslocação a Londres e está fora da fase de grupos da Conference League. Em sentido contrário, o Tottenham Hotspur FC garante a presença na dita fase ao virar a eliminatória, após a derrota por 1-0 na Capital do Móvel. A partida só teve um sentido, mas há muito para contar. E a história começa cedo…

    Harry Kane, cara a cara com André Ferreira aos 20 segundos de jogo. Parece o início de uma história de terror, mas o lance até acabou bem para os pacenses: o avançado inglês atirou ao lado, pressionado por Baixinho. Ficava o aviso. Aos três minutos, foi a vez do FC Paços de Ferreira deixar em alerta a equipa londrina, com um cabeceamento perigoso ao primeiro poste em correspondência ao canto fechado bem batido por Antunes.

    Seguiram-se cinco minutos de estranha pacatez nas redondezas da baliza, ao cabo dos quais surgiu o golo inaugural da partida. Uma perda de bola pacense ainda no meio terreno dos portugueses deixou a turma de Jorge Simão descompensada. Bryan Gil aproveitou para conduzir a bola pelo corredor esquerdo em direção à linha de fundo, servindo no momento exato e pela relva Harry Kane.

    Falha uma, não lhe deem uma segunda. Desta feita, o “9” que veste “10” do Tottenham FC não desperdiçou e colocou a eliminatória em pé de igualdade. Nos quase 20 minutos seguintes, só houve “Spurs” na partida… mas não houve qualquer golo, não obstante as muitas oportunidades criadas pelos homens comandados por Nuno Espírito Santo. Aos 28´, os visitantes começaram a soltar amarras.

    Contudo, a oportunidade mais periclitante que se seguiu foi mesmo dos homens da casa. Um remate de Bryan Gil com o seu portentoso pé canhoto tabelou num jogador pacense e o desvio encaminhou o esférico para o poste da baliza de André Ferreira. André Ferreira que um par de minutos mais tarde concedeu infantilmente a bola ao adversário e permitiu que Harry Kane, nas sobras de Lo Celso, alcançasse o bis e virasse a eliminatória.

    Foi, assim, com um 2-0 solidamente construído e bem argumentado que o Tottenham FC regressou aos balneários para ouvir as palavras de NES, possivelmente já tocando o jogo de domingo para a Liga Inglesa. Foi com o resultado inverso e com o espírito quebrado que os “Castores” fizeram o mesmo.

    “Quem parte, reparte e não fica com a melhor parte”, dizem, “não tem arte”. Pois bem, arte não falta ao Tottenham Hotspur FC e os ingleses açambarcaram mesmo ambas as partes. Como tal, a segunda foi gémea da primeira e as oportunidades para os “Spurs” pareciam surgir em catadupa, com destaque para Bryan Gil (enérgico) e Harry Kane (aceitam-se adjetivos).

    No entanto, a primeira digna de reportagem surgiu aos 64 minutos e foi finalizada por Lo Celso. Um bom passe de Lucas Moura entre o central pela esquerda e o lateral do mesmo lado dos pacenses encontrou a subida de Doherty, que cruzou atrasado pela relva para o argentino. Este rodou bem sobre o defesa, mas encontrou a rápida oposição de André Ferreira.

    Meia dezena de minutos mais tarde, saiu oficialmente a sentença do FC Paços de Ferreira. Lo Celso bateu com o seu pé esquerdo um livre descaído para a direita de forma fechada, ao primeiro poste. A tentativa de interceção aérea de Antunes saiu gorada e o experiente lateral português acabou por endereçar a bola às redes da baliza arrendada a André Ferreira, sem devolução ao remetente.

    O 3-0 selava a passagem do Tottenham FC. Os “Spurs” sentiam-no, os “Castores” sabiam-no. Como tal, os primeiros cresceram ainda mais na partida e os segundos deixaram-se abater pelo peso do resultado, do momento, da fadiga. Continuavam a brotar as oportunidades para o lado inglês da contenda. Aos 78´, Bergwijn fez estremecer o poste direito da baliza pacense.

    A entrada de Son veio agitar a partida, sem que, no entanto, o resultado se alterasse. O Tottenham acabou, assim, por vencer uma partida que foi sua em exclusivo e segue para a fase de grupos da estreante Liga Conferência.

    A FIGURA

    Harry Kane – Apesar do excelente envolvimento ofensivo de Bryan Gil e do jogo sólido de Lo Celso e Lucas Moura, Harry Kane conseguiu ser ainda melhor. Apresentou-se nas suas mais variadas vertentes, descendo para construir com qualidade e aparecendo para finalizar com tanta ou mais. Foi “9”, “10” e até mais e, claro, fez dois golos que valeram a vantagem na eliminatória aos londrinos. Não foi uma partida de grande esplendor, mas mesmo assim deu para voltar a mostrar (pela enésima vez) o porquê de a sua continuidade ser tão importante para os adeptos dos “Spurs”.
    O FORA DE JOGO

    Incapacidade ofensiva FC Paços de Ferreira – Não se esperava uma equipa ofensiva, naturalmente, e nem se pode culpabilizar os futebolistas dos “Castores” pela ausência de futebol ofensivo. O Tottenham FC foi mais forte, é mais forte e impossibilitou que os pacenses sequer alimentassem a esperança de marcar. Assim, não se trata de um Fora de Jogo por culpa própria, mas não deixa de ser o ponto menos bom da partida, que por esta incapacidade foi de sentido único.

     

    ANÁLISE TÁTICA – TOTTENHAM HOTSPUR FC

    Os londrinos apostaram num 4-3-3, com Lucas Moura e Bryan Gil na direita e na esquerda (respetivamente) a ladearem Harry Kane. No meio-campo, Winks constituía o vértice mais recuado do triângulo, guardando as costas de Sessegnon e Lo Celso, votados a terrenos mais cimeiros e incumbidos de tarefas de teor mais ofensivo e criativo. Após a entrada de Hojbjerg, este passou a jogar quase “em cunha” com Winks, ficando Lo Celso incumbido das tarefas ofensivas.

    Com bola e com tempo (em ataque posicional), os pupilos de NES apostavam na circulação de bola até encontrarem linhas de passe e profundidade, geralmente providenciadas por Harry Kane, que realizava muitos movimentos sem bola de rutura e de busca da profundidade. Todavia e como já é seu apanágio, o inglês não se limitava a fazer o papel de ponta-de-lança.

    Kane descia muito no terreno para agarrar pelos próprios pés as rédeas do jogo, fazendo valer a bom valer o número de camisola que enverga. Criava, ritmava, pausava… no fundo, o indicado a fazer em cada momento do encontro, a estrela maior da companhia do norte de Londres fazia.

    Todavia, era muitas vezes em transição que criava perigo o finalista vencido da Liga dos Campeões 2019. Para o fazer, os “Spurs” apostavam na pressão alta e insistente sobre a primeira linha de construção do Paços de Ferreira. Tal permitia aos londrinos construir rápido e em pouco espaço, beneficiando do rigor técnico de Lo Celso, da verticalidade de Bryan Gil, da velocidade de Lucas Moura e da capacidade de movimentação e finalização de Kane.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Gollini (5)

    Doherty (6)

    Romero (5)

    Dier (6)

    Bem Davies (6)

    Harry Winks (7)

    Lo Celso (7)

    Sessegnon (6)

    Lucas Moura (7)

    Bryan Gil (8)

    Harry Kane (9)

    SUBS UTILIZADOS

    Hojbjerg (6)

    Son (6)

    Bergwijn (6)

    Dele Alli (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – FC PAÇOS DE FERREIRA

    Os pacenses apresentaram-se na capital inglesa num claro e unívoco 5-4-1, de estilo clássico (três linhas bem definidas),com Denilson Jr. isolado na frente, que era fundamentalmente uma frente de pressão (não tanto uma frente de ataque). Com um bloco baixo com tendência a bloco médio, o FC Paços de Ferreira tentava pressionar o portador da bola com alguma avidez, mas sem grande sucesso na larga maioria das vezes.

    A pressão em falso do Paços abria espaço entre linhas e nas costas da defesa que era aproveitado pelo adversário, muito graças à incapacidade pacense (por ausência de rotinas) para defender sem lacunas numa linha de cinco. Assim, o FC Paços de Ferreira permitia demasiadas vezes que o Tottenham FC encontrasse linhas de rutura entre um lateral e o central de fora (geralmente, acontecia pela direita da defesa).

    Nos raros momentos com bola, o FC Paços de Ferreira procurava circular por fora, tentando evitar o meio-campo bem povoado e em superioridade numérica dos londrinos. Já com o resultado em 2-0 e com a fadiga a acumular-se, a turma portuguesa alterou a metodologia e começou a tentar esticar o jogo da forma mais simples: bola na frente em busca do homem mais avançado.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    André Ferreira (6)

    Jorge Silva (5)

    Marco Baixinho (5)

    Maracás (6)

    Flávio Ramos (5)

    Antunes (5)

    Rui Pires (5)

    Eustáquio (6)

    Lucas Silva (5)

    Denilson Jr. (5)

    Juan Delgado ()

    SUBS UTILIZADOS

    Hélder Ferreira (5)

    Douglas Tanque (5)

    Fernando Fonseca (-)

    Nuno Santos (-)

    Uilton (-)

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    Márcio Francisco Paiva
    Márcio Francisco Paivahttp://www.bolanarede.pt
    O desporto bem praticado fascina-o, o jornalismo bem feito extasia-o. É apaixonado (ou doente, se quiserem, é quase igual – um apaixonado apenas comete mais loucuras) pelo SL Benfica e por tudo o que envolve o clube: modalidades, futebol de formação, futebol sénior. Por ser fascinado por desporto bem praticado, segue com especial atenção a NBA, a Premier League, os majors de Snooker, os Grand Slams de ténis, o campeonato espanhol de futsal e diversas competições europeias e mundiais de futebol e futsal. Quando está aborrecido, vê qualquer desporto. Quando está mesmo, mesmo aborrecido, pratica desporto. Sozinho. E perde.