Ao longo desta pandemia, muito se tem falado dos cortes orçamentais que os clubes de futebol serão forçados a realizar. Depois desta pandemia, nada será como antes no futebol e talvez não se vejam gastos absurdos por uns tempos.
No entanto, há um ditado que diz que em cada crise, surge uma oportunidade. E creio que no caso do futebol português não é excepção. Já há uns tempos atrás, falei que os três grandes têm vindo a realizar contratações cada vez menos planeadas e criteriosas, bem como muitas vezes, as contratações são desalinhadas com o modelo de jogo dos seus respectivos treinadores.
Enquanto vamos vendo clubes como o Vitória SC e o Rio Ave FC com políticas de contratações e departamentos de scouting cada vez mais trabalhadas e organizadas, eu vejo os três grandes a mostrarem-se cada vez mais acomodados nesse aspecto. No entanto, eu acredito que esta pandemia e os cortes orçamentais que daí irão resultar poderiam ser a oportunidade para os clubes poderem reajustar a sua política de mercado.
Como também já falei por aqui, existem cada vez mais clubes em campeonatos periféricos com capacidade para competir e até mesmo superiorizarem-se aos nossos. E isso, tem acontecido por vários motivos.
#Evander, um maestro para o FC Porto? Breve no sitepic.twitter.com/67tRkq7g0T
— Lateral Esquerdo 🇵🇹🧠⚽️ (@lateralesquerd0) May 28, 2020
Primeiro, campeonatos como o dinamarquês, o belga, o austríaco ou o sérvio possuem formatos que promovem a competitividade e nos quais há mais confrontos entre as melhores equipas; segundo, porque muitos dos principais clubes destes campeonatos, têm boas políticas de prospecção e de scouting que tem revelado e valorizado vários jogadores pouco conhecidos.
Recentemente, a imprensa nacional revelou o interesse do FC Porto no brasileiro Evander, médio-ofensivo de 21 anos que joga no FC Midtjylland, actual campeão dinamarquês. Apesar dos problemas que os três grandes atravessam (principalmente Sporting CP e FC Porto), estes têm capacidade financeira mais que suficiente para explorar estes mercados.
Visto que o tradicional mercado brasileiro está a ficar cada vez mais disputado e inflacionado, creio que a aposta nos mercados periféricos é uma realidade à qual os três grandes não deveriam fugir e qual a qual teriam muito a ganhar, tanto na vertente desportiva como na financeira.
E já agora, também seria bom que os dirigentes dos clubes grandes deixassem de olhar para os talentos da formação como mercadoria para exportar.