«António Salvador só não queria que eu fosse para o Benfica» – Entrevista BnR com Leandro Salino

– Um regresso não concretizado que virou sonho e uma carreira que satisfaz –

«Jorge Jesus foi uma influência muito grande para o futebol brasileiro»

Bola na Rede: Por que é que saíste do Olympiacos?

Leandro Salino: Lá baixaram o limite de estrangeiros para terem mais jogadores gregos na competição e eu não consegui tirar o passaporte europeu. A equipa desfez-se toda. Só ficou o Cambiasso, o Chori Domínguez, jogadores que tinham passaporte europeu. Os que não tinham saíram todos. Eu estava quase com uma proposta de renovação por mais dois anos, mas, com essa mudança, acabou por não acontecer.

Bola na Rede: Chegou-se a falar num regresso ao Braga.

Leandro Salino: Falou-se, cheguei até a falar com o Salvador. Ele disse que, em termos financeiros, não podia gastar muito. Eu disse para ele não se preocupar com isso, porque era um clube que eu gostava e queria voltar. Financeiramente, não ia ser problema. Só que depois acabou por não acontecer. Não sei se o Peseiro não aceitou, mas o meu regresso para o Braga acabou por não acontecer.

Bola na Rede: Depois, regressas ao Brasil…

Leandro Salino: Sim, para o Vitória. Depois, no Tupynambás, realizo o sonho de jogar com o meu irmão [Léo Salino]. Agora estou aqui pelo Brasil, mesmo. Já estou com 35…

Bola na Rede: Jogaste com ele, mas também contra ele.

Leandro Salino: Isso, várias vezes. Contra ele estou invicto, nunca perdi.

Bola na Rede: Dos palcos que pisaste, qual foi aquele onde te deu mais gozo jogar?

Leandro Salino: O Teatro dos Sonhos, o campo do Manchester United. Já joguei lá quatro vezes. É o estádio mais bonito onde já joguei.

Bola na Rede: Tens andado por clubes do Brasil. A estrutura desses clubes tem alguma coisa a ver com o que encontraste na Europa?

Leandro Salino: Não, nem no Vitória, que é um clube de série A. Com a vinda do [Jorge] Jesus para cá, os clubes estão a crescer ainda mais em termos de estrutura e campos de treino, mas as condições lá fora ainda são melhores.

Bola na Rede: Viste o Jorge Jesus como uma influência para o país em termos futebolísticos?

Leandro Salino: Foi. Em termos de estilo de jogo, maneira como se joga e intensidade. Eu comentava que o Jesus era um ótimo treinador, só que ninguém conhecia. Ele acabou por vir para cá mudando a mentalidade do jogador brasileiro e de vários clubes. Ele sugava dos jogadores o máximo possível. Foi uma influência muito grande para o futebol brasileiro.

Bola na Rede: Não achas que esse rigor que ele impôs não pode eliminar aquilo que é o talento e irreverência do jogador brasileiro?

Leandro Salino: Não, acho que ele até acrescentou. Ele sabe que o jogador brasileiro tem muito talento, só acrescentou a intensidade, a marcação, o reagir e o jogar com as linhas altas aos jogadores do Flamengo que tinham muito talento e que, muitos deles, estavam habituados a jogar na Europa.

Bola na Rede: Gostavas de terminar a carreira a um nível mais elevado?

Leandro Salino: Já me fartei. Já joguei em grandes palcos, contra grandes jogadores e já disputei tudo o que tinha que disputar. Claro, se tiver uma proposta melhor, eu vou. Prefiro estar perto de casa, num clube bom e que pague em dia. É muito complicado ficar longe da família e não receber…

Bola na Rede: Já tiveste problemas com isso?

Leandro Salino: Já, no Joinville. Dois meses e vim-me embora. Não estava para isso. Eu prefiro estar num sítio que monte uma equipa para disputar, do que estar em clubes que não cumprem com os seus compromissos. Já passei pelo mundo inteiro a jogar futebol. Não tenho essa preocupação de terminar a carreira numa grande equipa.

Francisco Grácio Martins
Francisco Grácio Martinshttp://www.bolanarede.pt
Em criança, recreava-se com a bola nos pés. Hoje, escreve sobre quem realmente faz magia com ela. Detém um incessante gosto por ouvir os protagonistas e uma grande curiosidade pelas histórias que contam. É licenciado em Jornalismo e Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e frequenta o Mestrado em Jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social.

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