A baliza não é o elo mais fraco

    Na ressaca dos jogos europeus da passada semana surgiram as inevitáveis crucificações em praça pública. Desta feita, com o FC Porto e Sporting CP em ação, o destaque, pela negativa, foi dado aos azuis e brancos pela pesada derrota encaixada em casa, frente ao potente Liverpool FC e ressuscitou a pouco nobre arte portuguesa de arranjar, à força toda, um culpado.

    De facto, o jogo da primeira mão dos oitavos de final da UEFA Champions League não correu de feição aos dragões, que não ficam isentos de culpa nos cinco golos sofridos. Aos 25 minutos desse jogo, perante a passividade da muralha (pouco) defensiva azul e branca, a bola chega a Sadio Mané e é por este disparada à figura de José Sá que a deixa escapar por baixo do seu corpo. Este foi, realmente, um golo em que o guardião português não ficou bem visto e a sua reação é bem representativa disso mesmo. No entanto, o mesmo não se verifica nos outros golos e, assim, tornam-se descabidas e inválidas as críticas que a ele lhe dirigiram.

    Senão vejamos; aos 29 minutos, James Milner remata forte ao poste e quando Sá ainda se recompunha do voo anterior, Mohamed Salah recolhe a bola, tira o português do lance e encosta fácil para golo, sem oposição. Aos 53 minutos, os comandados por Jurgen Klopp executam um contra ataque exemplar, Sá defende o remate de Roberto Firmino, mas pouco ou nada podia fazer quando Sadio Mané, novamente sem oposição, empurrou para o terceiro golo da noite.

    Aos 69 minutos, a equipa portuguesa, mental e fisicamente desgastada, falha por duas vezes a chamada “falta necessária” no meio campo e vê, mais uma vez, a aplicação de um ataque simples, mas eficaz; James Milner cruza atrasado e Roberto Firmino coloca a bola fora do alcance do guardião portista. Ainda antes do término da partida, aos 85 minutos, uma desatenção fruto da frustração transforma um lançamento lateral inofensivo em mais um ataque letal; Sadio Mané remata forte e colocado para fechar o seu hat-trick e a noite no Dragão.

    José Sá esteve em evidência na primeira jornada de 2013/14 ao ajudar o CS Marítimo a vencer o SL Benfica por 2-1
    Fonte: CS Marítimo

    Só alguém desatento pode culpabilizar um jogador em particular na vez de toda uma equipa cinzenta e pouco assertiva. Mas fizeram-no… Multiplicaram-se os comentários depreciativos, forçaram-se as comparações e culparam José Sá por aquele que foi o jogo menos conseguido, naturalmente, da equipa de Sérgio Conceição. Inevitavelmente arrastaram Bruno Varela e até Mile Svilar para este caldeirão e a eles foram atribuídas culpas de tudo e mais alguma coisa. No caso do portista, foi-lhe “diagnosticada” experiência muito reduzida.

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    Diogo Pires Gonçalves
    Diogo Pires Gonçalveshttp://www.bolanarede.pt
    O Diogo ama futebol. Desde criança que se interessa por este mundo e ouve as clássicas reclamações de mãe: «Até parece que o futebol te alimenta!». Já chegou atrasado a todo o lado mas nunca a um treino. O seu interesse prolonga-se até ao ténis mas é o FC Porto que prende toda a sua atenção. Adepto incondicional, crítico quando necessário mas sempre lado a lado.                                                                                                                                                 O Diogo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.