Crónica de um regresso anunciado

    Gabriel García Márquez escreveu em ‘Crónica de Uma Morte Anunciada’ sobre a inevitabilidade da morte de Santiago Nasar pelas mãos dos irmãos Vicario, Pedro e Pablo. Não fez diferença que todos soubessem e o quisessem avisar, Santiago morreria mesmo naquele dia. É colombiano – como o autor – e também ele enfrenta uma inevitabilidade – como Santiago; Jackson Martínez está de regresso ao futebol português.

    Depois do sucesso no FC Porto, o atacante internacional pela Colômbia contou com passagens discretas e pouco proveitosas pelo Club Atlético de Madrid e pelo Guangzhou Evergrande FC. Pelo meio, e como principais culpadas do fraco desempenho, estiveram um par de lesões graves.

    ‘Cha Cha Cha’ vem para representar o Portimonense SC por empréstimo do clube chinês. Quando se esperava que o regresso fosse ao Dragão, a casa de partida, e em sintonia com a vontade expressa pelo jogador em múltiplas entrevistas, a surpresa tomou conta do último dia do mercado de transferências ao acabar em Portimão. Apesar de improvável à primeira vista, a opção é compreensível. O clube passa a contar com um belo jogador e o atleta, já com 31 anos, procura ritmo, minutos e golos, tudo o que não teve nos últimos tempos.

    Fábio Coentrão revelou ter esperado pelo contacto dos leões até ao último dia do mercado
    Fonte: Rio Ave FC

    Também esperado na casa de que tanto gosta e que diz ser a sua desde ‘pequenino’, Fábio Coentrão regressou ao Rio Ave FC. O clube de Vila do Conde aproveitou a inção do clube de Alvalade e garantiu o lateral esquerdo internacional por Portugal. Depois de duas épocas promissoras ao serviço do SL Benfica, Coentrão esteve sete anos ligado ao Real Madrid CF, perdendo cada vez mais importância e minutos de jogo no plantel merengue e sendo emprestado ao AS Mónaco e ao Sporting CP.

    Quando se esperava que os leões fizessem algum esforço ou uma pequena tentativa que fosse para contratar o lateral esquerdo, tal não aconteceu e os vilacondenses chegaram-se à frente.

    Ramires foi apontado ao SL Benfica, mas o negócio caiu por terra
    Fonte: Jiangsu Suning FC

    Com necessidade de reforçar o setor intermédio, a hipótese Ramires chegou a ser equacionada para o clube da Luz. Uma possível saída de Pizzi e a dificuldade de conclusão do negócio Gabriel adensaram as possibilidades do regresso do brasileiro ao clube que representou em 2009/10. Um ano de águia ao peito foi suficiente para convencer o Chelsea FC e para lá se transferiu por seis épocas.

    Em 2016 mudou-se para os chineses do Jiangsu Suning FC e vai agora para a terceira temporada naquele clube, uma vez que a porta da Luz se fechou. Para tal contribuíram a contratação de Gabriel, a permanência de Pizzi e a afirmação e agradável surpresa que é Gedson Fernandes.

    Estes três casos representam velhos conhecidos para os adeptos e seguidores da Liga portuguesa e têm em comum o facto de se lhes esperar um regresso à casa que os deu a conhecer. No entanto, apenas um dos casos se confirmou. O ex-FC Porto regressa a Portugal, mas para outro clube; Coentrão regressa ao clube onde fez a estreia como sénior e Ramires acabou por não se mudar para o plantel de Rui Vitória.

    Aparentemente inevitáveis, os regressos do colombiano e do brasileiro foram adiados, talvez permanentemente.

    Por sua vez, o destino de Coentrão, tal como o de Santiago Nasar no livro de Gabriel García Márquez, estava mesmo anunciado.

    Foto de Capa: Guangzhou Evergrande FC

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    Diogo Pires Gonçalves
    Diogo Pires Gonçalveshttp://www.bolanarede.pt
    O Diogo ama futebol. Desde criança que se interessa por este mundo e ouve as clássicas reclamações de mãe: «Até parece que o futebol te alimenta!». Já chegou atrasado a todo o lado mas nunca a um treino. O seu interesse prolonga-se até ao ténis mas é o FC Porto que prende toda a sua atenção. Adepto incondicional, crítico quando necessário mas sempre lado a lado.                                                                                                                                                 O Diogo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.