Dois meninos nas balizas do dérbi minhoto

    No passado fim de semana, houve um sempre escaldante dérbi minhoto, que opunha o Vitória SC, de Guimarães, ao SC Braga. Num jogo disputado, com espetáculo e com grandes intervenientes, como já é apanágio deste dérbi, um dos fatores mais peculiares e que causou sensação, foi o facto de, em cada baliza, estarem dois jovens guarda-redes portugueses, formados nos seus próprios clubes, na condição de titulares nas suas respetivas equipas. Do lado vimaranense tínhamos João Miguel Silva, da parte bracarense estava Tiago Sá.

    Qualquer jovem que entra na formação de um clube, seja em que idade for, automaticamente sonha em chegar à primeira equipa e representar a equipa principal do clube. Se no caso de um jogador de campo já é bem difícil fazer essa transição formação-profissional, no caso de uma posição tão específica como a de guarda redes, a fasquia ainda está mais alta. Além de ter de convencer os responsáveis do clube a dar-lhes um contrato profissional, têm de lutar por um lugar no lote de três guarda-redes do plantel e ainda trabalharem e mostrarem valias suficientes para serem considerados como uma verdadeira opção (sim, porque muitos clubes integram um guarda-redes de formação no plantel principal, para apenas e só preencher os quadros, nunca sendo considerado uma verdadeira opção para um jogo oficial).

    Tiago Sá e Miguel Silva representam duas exceções à regra no nosso país. É muito raro, nos dias que correm, ver um guarda redes português da formação do próprio clube a ter uma oportunidade de ser titular na equipa principal. Tiago e Miguel têm tido trajetos muito diferentes, mas, neste momento, com resultados iguais – titularidade.

    Abel Ferreira faz questão de frisar a confiança que tem no jovem guarda-redes de forma regular
    Fonte: SC Braga

    Tiago Sá, de 24 anos, não conheceu outro clube senão o SC Braga e é um dos meninos bonitos para o treinador Abel Ferreira. Matheus Magalhães, número um da baliza bracarense, lesionou-se com gravidade, ao mesmo tempo que o internacional português Marafona voltava de uma longa paragem por lesão. No entanto, Abel optou por dar a baliza a Sá, que tem feito Marafona sentar-se no banco de suplentes, devido à sua regularidade exibicional.

    Apesar de ter 24 anos, antes desta época, Sá tinha apenas um jogo pela equipa principal do SC Braga, no entanto, não tremeu e tem estado em grande evidência na baliza dos Guerreiros do Minho, somando, para já, 22 jogos oficiais.

    Miguel Silva está à distância de uma época regular de dar o “salto”
    Fonte: Vitória SC

    Miguel Silva, pelo contrário, apareceu na equipa principal do Vitória SC bem mais cedo. O guarda redes de 23 anos, que entrou na formação do Vitória no escalão de juniores, vindo do FC Vizela, foi lançado há quatro anos por Sérgio Conceição. Já com vários jogos pela equipa principal do Vitória SC ao longo dos últimos anos, sendo fortemente associado em certos defesos ao SL Benfica, Sporting CP e FC Porto, Miguel Silva roubou o lugar a Douglas há duas jornadas passadas e apresentou-se de forma incrível neste dérbi minhoto. Aliás, tanto o Miguel, como o Sá, proporcionaram alguns dos melhores momentos do jogo.

    Dois jovens guarda-redes, com contratos de longa duração com os respetivos clubes, que prometem evoluir jogo após jogo, assinando os seus próprios nomes como futuros selecionáveis para a seleção nacional portuguesa.

    Vitória SC e SC Braga deram o mote, vamos ver se, sobretudo os clubes mais limitados financeiramente, seguem o mesmo exemplo…

     

    Foto de Capa: Liga Portugal

    Artigo revisto por: Rita Asseiceiro

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    Ruben Brêa Marques
    Ruben Brêa Marqueshttp://www.bolanarede.pt
    O Rúben é um verdadeiro apaixonado pelo futebol, sem preferência clubística. Adepto do futebol, admira qualquer estratégia ou modelo de jogo. Seja o tiki taka ou o catenaccio, importante é desfrutar e descodificar os momentos do jogo e as ideias dos técnicos. Para ele, futebol é paixão, trabalho, competência, luta, talento, eficácia, etc. Tudo é possível, não existem justos vencedores ou injustos perdedores, e é isto que torna o futebol um desporto tão bonito.                                                                                                                                                 O Rúben escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.