E quando a bola não rola?

    As entrevistas rápidas são constituídas de momentos únicos, as perguntas são sempre no sentido de provocar uma reação, ainda a quente, daqueles que a elas respondem, mais ou menos irritados com o jogo. Os nervos à flor da pele ajudam a momentos como o de Carlos Carvalhal que ameaçou abandonar o Rio Ave FC – sem efeito até à data – e, mais recentemente, Pedrinho, médio do FC Paços de Ferreira, trouxe para os holofotes do público um problema de sempre no futebol português, que condiciona o normal correr do jogo, o estado deplorável dos relvados.

    Nas declarações o jogador expressou várias críticas ao terreno do CD Santa Clara, partida que já teria sido adiada no dia anterior devido às más condições do relvado. O problema era óbvio, o fator principal do um jogo estava condicionado, a bola não corria. As queixas sobre os terrenos de jogo já foram apresentadas por vários elencos, tendo o FC Porto já em outubro apresentado queixas, desta vez sobre o terreno do CS Marítimo. Estes retrocessos na liga parecem ser o novo motivo de alarme para a FPF, que tem sido altamente criticada.

    O relvado do Estádio de S. Miguel está em condições precárias
    Fonte: Bola na Rede

    Com o terreno de jogo em condições deploráveis, toda a estrutura futebolística fica afetada, os jogadores estão sujeitos a um maior desgaste físico, propício ao surgimento de lesões, e o jogo não flui como deveria, a partida perde qualidade e o espetáculo sai prejudicado.

    Desde que Portugal foi campeão Europeu em 2016, ganhamos a Liga das Nações e o Europeu de Sub-19, a evolução do futebol e das suas ligas em Portugal parecia que deixaria de ser uma utopia e finalmente iríamos dar o salto competitivo esperado há vários anos. Porém, parece que se deu uma estagnação cada vez mais evidente na Primeira e Segunda Liga. A FPF nada faz, mantém uma postura de glamour nas galas e eleva com benefícios os grandes, deixando de lado as equipas com menos poder económico que, consequentemente, são menos populares e caem no esquecimento com um fantástico “desenrasquem-se” proveniente dos governantes do futebol.

    Se estas são as razões que levam os jogadores para fora de pais? Sim, além da escassez de rendimentos como salários em atraso em várias equipas, a falta de condições não abona a favor do desporto rei. Tentar manter craques em prol da projeção do campeonato é uma tarefa quase impossível para os clubes portugueses que tentam evoluir e dar cartas nas competições europeias.

    De nada serve discursos de mudança e evolução quando as polémicas são cada vez maiores na comunicação social, esquecemo-nos do que realmente importa que é a melhoria das condições para a prática do desporto, o que evoluiria para melhores profissionais e, consequentemente, seria um disparo competitivo que se faria sentir aquando das deslocações europeias, mas preferimos forcar-nos em especulações desportivas que em nada beneficiam os adeptos e os praticantes do desporto.

    Parece que paramos no tempo, a última década serviu apenas para a contestação aumentar e o jogo de bastidores tomar dimensões maiores do que aquilo que realmente importa, melhorar as condições para os jogadores e manter a bola a rolar, algo que em alguns estádios tem sido impossível.

    Foto de Capa: Liga Portugal

    Artigo revisto por Diogo Teixeira

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    Ricardo Rafael Silva
    Ricardo Rafael Silvahttp://www.bolanarede.pt
    O Ricardo Rafael é um jovem estudante de ciências da comunicação e adepto do FC Porto. Olha para o futebol sempre com ar crítico e procura ver o melhor do desporto.