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As forças e fraquezas da marcação individual | Estoril Praia 1-0 Braga

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O jogo que inaugurou a 15ª jornada do campeonato opôs Estoril Praia e Braga. Depois de quatro partidas sem ganhar, das quais três para o campeonato, a equipa de Ian Cathro esperava, vencendo os comandados de Carlos Vicens, conseguir um presente de Natal antecipado. Olhando para os resultados mais recentes, seria muito difícil prever que o marcador, no fim do tempo regulamentar, iria ditar o 1-0 para a equipa da casa. A verdade é que, com o futebol a ser futebol, a equipa da linha de Cascais, através de um golo de André Lacximicant, acabaria por derrotar o Braga pela primeira vez em 10 anos, e logo no melhor período da época dos minhotos, que vinham de sete partidas sem perder.

À partida para este confronto, uma coisa parecia certa: ambas as equipas iriam ser fiéis à sua imagem, mostrando personalidade, vontade de ganhar e, desde logo, procurar condicionar ao máximo o jogo do adversário. No fundo, e mesmo o Estoril Praia tendo perdido por 4-0 no terreno do Famalicão há menos de uma semana, esperava-se um jogo entre dois treinadores com uma filosofia base relativamente semelhante. De um lado, o escocês Ian Cathro, que quase renega as suas raízes culturais e aposta num futebol virado para a qualidade de bola no pé, no jogador elegante e num futebol ofensivo e de posse. Do lado contrário, Carlos Vicens, ex-adjunto de Guardiola no Manchester City – o que, naturalmente, lhe garante uma primeira impressão muito positiva-, e que nada mais quer do que implementar um futebol dominador, valorizar o jogo com bola e sufocar o adversário.

Rapidamente se percebeu que, mais do que um jogo de 11 para 11, iríamos assistir a 11 réplicas de duelos de um contra um. A marcação homem a homem, que tem marcado uma nova tendência no futebol moderno, foi determinante, para o bem e para o mal, para o desfecho deste jogo. A uma dada altura, dada a necessidade de aguentar o resultado e de impedir que o adversário encontrasse espaços de forma simples, Cathro acabou por abdicar dessa forma de defender, estabelecendo-se num bloco baixo. Assim, no segundo tempo, tentou que a equipa bracarense se expusesse para, consequentemente, ativar os homens da frente, que, tendo tanto espaço livre para correr, ameaçavam a baliza de Hornicek. Isso foi, ainda assim, uma necessidade do momento. Foi uma reação ao contexto do jogo. Fora isso, durante todo o primeiro tempo assistimos a uma marcação individual muito próxima, na qual os intérpretes, tanto defensivos como ofensivos, ganham maior destaque.

Braga jogadores Portugal
Fonte: Tiago Cruz / Bola na Rede

A arte de defender homem a homem pode ser a mais eficaz, mas é, também, a que exige mais esforços. Para já, exige trabalho por parte da equipa técnica para que os jogadores tenham bem noção das referências que devem ter em conta, de modo a defenderem-se e a não haver desequilíbrios, enquanto, ao mesmo tempo, procuram tornar a ação individual num organismo. Do lado dos jogadores, exige-se coordenação severa, uma concentração estonteante e uma versatilidade enorme. Honestamente, sou da opinião de que este tipo de defesa torna o jogo muito mais dinâmico. Aliás, a equipa que tem a bola e procura desenvencilhar-se dessa pressão tem de ser criativa, gerar trocas posicionais e a ocupação de espaços tem de ser plenamente racional. Tem de haver um sentido para onde vamos e, tal como na ação defensiva, é necessário existir coordenação de movimentos.

O lance do único golo do jogo explica exatamente aquilo que referi.  O movimento de aproximação de Begraoui arrastou com ele Vítor Carvalho e Pedro Amaral lançou a bola para André Lacximicant, que, mais rápido do que Lagerbielke, atacou as costas da defesa bracarense, e atirou a contar. Este movimento, por exemplo, já havia sido protagonizado pelos jogadores do Braga. Muitas vezes Pau Víctor recuava para fazer de terceiro médio. Se o jovem jogador espanhol conseguisse-se soltar-se do seu marcador direto, podia ver o jogo de frente e conduzir a bola por aí adiante. Como, quase sempre, o defesa-central do Estoril Praia o acompanhava, havia uma cratera no eixo defensivo, que, não raras vezes, a turma de Carlos Vicens tentava aproveitar com o movimento de rotura de Gabri Martínez. Os fatores determinantes para que esses movimentos não gerassem golo – que dizem respeito à perspetiva de êxito individual que se transpõe para o coletivo – acabou por estar na forma como o defesa conseguia controlar o espaço, apresentando um índice de concentração e compostura acentuados, ou, em último caso, devido a um inspirado Joel Robles, que era como um bloco de cimento à frente da baliza.

Rafik Guitane Pablo Gozálbez
Fonte: Pedro Barrelas / Bola na Rede

O dinamismo ofensivo do jogo canarinho, nomeadamente na forma como os médios ora lateralizavam, ora encurtavam, acabou por criar também dificuldades ao nível da definição de referências de marcação. Acima de tudo, um vagabundo (no sentido positivo do termo) como Rafik Guitane trouxe muita imprevisibilidade à equipa, e permitiu ir empurrando o Braga para a própria área. A mobilidade do jogador que, curiosamente, passou pelos guerreiros do Minho é uma constante ameaça, seja partindo de fora, como iniciando o movimento de um ponto mais central, e uma contrariedade natural à marcação individual.

É muito raro, atualmente, entre os “tubarões” europeus não vermos uma tentativa de pressionar ao homem. Isso deve-se à postura ganhadora, vertiginosa e dominadora que a equipa, através de uma mentalidade solidificada, pretende transpor e demonstrar em campo. O futebol está em constante evolução, os treinadores têm de procurar cada vez mais soluções, e, num desporto muitas vezes padronizado e onde a informação relativa ao adversário já é tanta, esta abordagem permite aos jogadores exprimirem-se dentro de campo e, até mesmo, trazer o duelo do futebol de rua, marcado por jogos mais reduzidos, para dentro de campo.

Gosto muito desta forma de ver o jogo e de assistir a partidas com estes pormenores táticos tão salientes, mas sem castrarem ou esconderem os jogadores e respetivas qualidades. Esta aposta pode ser um ‘all-in’, na medida em que a defesa arrisca muito, mas transmite o desejo de vencer a partida. É uma forma de desamarrar o jogo. A primeira parte do encontro de ontem foi um bom cartão de visita para mais uma jornada de Primeira Liga. Esperemos, agora, que a 15.ª ronda do campeonato não seja dominada por guerras comunicacionais entre os três do costume, mas antes pela discussão deste tipo de nuances.

Carlos Vicens Braga
Fonte: Tiago Cruz / Bola na Rede

Por fim, após este encontro, o técnico Carlos Vicens respondeu à questão colocada pelo Bola na Rede.

Bola na Rede: O Braga, tal como o Estoril, procura defender homem a homem a campo inteiro. No lance do golo do Estoril, o Begraoui baixou para servir de apoio frontal, arrastou o Vítor Carvalho, e o Pedro Amaral lançou a bola na direção do Laximicant, que estava no um para um com o Lagerbielke, e ganhou na corrida. Numa perspetiva mais individual, o mister considera que a decisão do Vítor Carvalho em seguir a referência foi a mais indicada ou deveria ter optado por estar mais alinhado com o Lagerbielke, cobrindo-o?

Carlos Vicens: Penso que, em último caso, a situação do golo é um lance do jogo. Sabemos que somos uma equipa que arrisca e que se expõe. Queremos ser agressivos e ambiciosos na fase de recuperação de bola, e, obviamente, há momentos do jogo em que um lance individual, uma ação bem executada pela equipa adversária, pode desarmar-te…há que o assumir. Obviamente, queremos tentar evitá-lo sempre, mas não podemos agora deixar de acreditar no que estamos a fazer. Já tivemos muitos jogos em que defendemos desta forma, complicando muito os ataques aos adversários que enfrentámos. Penso que houve mais vezes na partida que, quando não podíamos estar próximos para executar essa pressão de homem a homem agressiva, o Estoril Praia foi capaz de gerar mais aproximações do que em momentos onde realmente estivemos próximos para pôr pressão sobre a bola, e aí creio que dificultámos muito mais a construção da equipa do Estoril Praia. Portanto, a verdade é que é um lance de jogo, mas, se virmos o plano global, diria que a balança indica que dificultamos mais o rival quando estamos perto do que quando estamos longe.

Ian Cathro Estoril Praia
Fonte: Pedro Barrelas/Bola na Rede

De seguida, foi a vez de Ian Cathro responder ao Bola na Rede.

Bola na Rede: No último jogo, com a indisponibilidade do Rafik Guitane, o mister optou por colocar o Tsoungui em campo e apostar no Sánchez para jogar mais à frente. O Tsoungui, por não ter muitas caraterísticas ofensivas, serviu de apoio à construção, e não permitiu à equipa esticar-se mais no campo, e o Sánchez também não tem a imprevisibilidade e habilidade do Rafik em espaços curtos. Dito isto, o mister considera que uma das grandes diferenças deste jogo para aquele com o Famalicão passou muito pela capacidade que o Estoril Praia teve, na primeira parte, de empurrar o Braga para trás, pelo maior dinamismo no jogo ofensivo da equipa, que se criou, em parte, devido à liberdade de movimentos do Rafik e à projeção do Ricard Sanchez na ala, e que isso deixou a equipa mais confortável em campo?

Ian Cathro: Não, eu acho que a diferença foi a clareza no nosso trabalho na fase sem bola, na pressão. Acho que aí garantimos que entrávamos mais rapidamente nas nossas dinâmicas. Era mais na parte defensiva, mesmo nas coisas básicas, como na chegada e controlo da distância no momento de pressão, quando a bola ia no ar e passava para outra zona sermos os primeiro a chegar a certo espaço, a simplicidade da força no duelo, a procura do duelo também. Essas coisas mais simples. Acho que foi um dia onde não conseguimos entrar com essa dinâmica, e hoje já conseguimos.

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