Aplicação de Feedback Interrogativo no Futebol de Formação

    Dentro dos vários tipos de feedback, o feedback interrogativo assume um papel de destaque, no sentido em que promove ao atleta uma auto-análise e reflexão sobre as suas ações. É um momento que adquire especial importância nos escalões de formação. Este tipo de feedback é, evidentemente, dado pelo treinador ao atleta. É um momento em que o treinador questiona o atleta sobre as suas ações, comportamentos e decisões no exercício.

    Importa realçar que o treinador deve ser conhecedor da personalidade de cada atleta e saber a melhor forma de o abordar, porque muitas vezes no momento em que aplicamos o feedback interrogativo, o atleta pode interpretar como um sinal de alarme, como uma chamada de atenção, e não é isso que se pretende. Alguns atletas ficam intimidados por serem questionados, principalmente estando em frente aos colegas, expostos e com o foco de todos a recair sobre si naquele momento.

    Saber a forma de abordar e interagir com cada atleta é muito importante, e quando estamos perante atletas mais tímidos ou com uma personalidade mais frágil e/ou introspectiva, a melhor forma de o abordar será interagir com ele em privado, assim conseguimos que o atleta diminua e/ou não tenha medo de errar perante os colegas. O feedback interrogativo não deve ser apenas aplicado após uma ação ou comportamento que não teve sucesso, deve também ser aplicado quando o atleta toma uma boa decisão e/ou adota um comportamento ajustado perante determinada situação. Em ambos os cenários, de sucesso ou insucesso, aplicando o feedback interrogativo, o treinador estimula o atleta a pensar nas suas ações e perceber o que o levou ao insucesso, como também o que o levou a atingir o sucesso.

    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    É importante que o atleta tenha capacidade de refletir sobre as suas ações e o que motiva as suas tomadas de decisão, no treino ou em contexto de jogo.
    A repetição é um princípio promovido pelo treino, isto é, o treino promove a repetição de comportamentos, tomadas de decisão e execuções técnicas de forma constante até que o atleta consiga identificar e perceber o que lhe é solicitado numa determinada situação de forma quase instintiva e intuitiva.
    Mas mais importante ainda do que o atleta conseguir tomar a decisão certa e ajustar o comportamento a adotar perante determinada situação de forma instintiva, o atleta deve saber justificar as suas decisões e ações. Deve analisar e racionalizar o seu próprio comportamento.

    Estimulando o atleta a refletir sobre as suas ações em campo, estamos a estimular o jogador cognitivamente, para que esteja apto a pensar e olhar para o jogo com mais conhecimento e, consequentemente, tomar melhores decisões e ter sucesso. Finalizando, através do feedback interrogativo o treinador consegue avaliar se o atleta tem um bom conhecimento do jogo e das suas diferentes situações.

    Artigo de João Barros Cunha,
    treinador de futebol na Academia Sporting Aurélio Pereira

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