Austrália 3-4 Estados Unidos: Norte-americanas contentam-se com o bronze

    A CRÓNICA: RAPINOE E LLOYD PROTAGONISTAS NA SÉRIE BIS-A-BIS

    Num jogo repleto de golos, os Estados Unidos conquistaram a medalha de bronze no torneio olímpico de futebol feminino

    As americanas venceram a Austrália por 4-3, adversário com quem tinham empatado a zero na fase de grupos. Do lado norte-americano, Megan Rapinoe e Carli Lloyd bisaram. Sam Kerr, Caitlin Foord e Emily Gielnik marcaram pelas australianas.

    Mesmo com a derrota frente à Suécia na meia-final, a Austrália entrava no relvado do Estádio Kashima já com o melhor resultado de sempre em Jogos Olímpicos garantido, mas com o brilho da medalha a ser suficientemente persuasor para motivar um último esforço em busca de uma proeza ainda mais gloriosa.

    Os Estados Unidos, após uma derrota inesperada frente ao Canadá, falharam o acesso à final, onde, até aqui, apenas não tinham estado presentes por uma ocasião.

    Para amenizar a desilusão, o início de jogo das americanas foi de quem não queria deixar Tóquio de pescoço vazio.

    O sufoco inicial que as bicampeãs do mundo exerceram sobre as australianas resultou numa ocasião soberba que o pé esquerdo de Christen Press não conseguiu transformar em golo.

    Na sequência do lance, o canto cobrado por Megan Rapinoe não fez escala na cabeça de nenhuma colega e voou diretamente para o fundo das redes. Teagan Micah, guarda-redes australiana que tão bem tinha estado a travar o remate de Press, fraquejou na tentativa de impedir o 1-0.

    O jogo não estava fácil para as guardiãs e, logo de seguida, foi a vez de Adrianna Franch, que substituiu a lesionada Alyssa Naeher, facilitar face ao remate de Sam Kerr. A jogadora mais adiantada da Austrália, sem que nada fizesse prever, empatou o jogo.

    O momento parecia ser favorável às Socceroos, pelo que o segundo golo dos Estados Unidos foi uma desfeita nas intenções australianas. Megan Rapinoe aproveitou um mau alívio da defesa Alanna Kennedy e, de primeira, com a bola no ar, marcou um golo para mais tarde recordar.

    Ainda que tudo isto tenha acontecido antes dos 21 minutos, a primeira parte ainda tinha mais para contar. Se o segundo golo já tinha sido penalizador para as australianas, o que dizer do terceiro. Lindsey Horan roubou a bola na primeira fase de construção e deu a Carli Lloyd o 3-1 com que terminou a primeira parte.

    Embora com a diferença no marcador, o jogo passou a apresentar equilíbrio. A segunda parte jogou-se na mesma toada.

    No entanto, os erros da defesa da Austrália foram mais uma vez nefastos à recuperação no resultado. Carli Lloyd bisou quando, ao abrir do segundo tempo, intercetou o atraso de Alanna Kennedy para a sua guarda-redes.

    A resposta voltou a não demorar por parte das australianas.

    Kyah Simon encontrou, com um cruzamento bem medido, Caitlin Foord que diminuiu a desvantagem. As tentativas por parte da Austrália de perseguir a medalha continuaram com o cabeceamento de Sam Kerr que esbarrou no poste.

    Ao minuto 90, Emily Gielnik estabeleceu o 4-3 final.

    A jogadora que entrou no decorrer da segunda parte marcou um belo golo de fora de área que não impediu as americanas de ficarem com o terceiro lugar no torneio. Os Estados Unidos levam o bronze, um mal menor num torneio em que deixaram a desejar.

     

    A FIGURA

    Megan Rapinoe – regressou à titularidade para acrescentar a genialidade da sua qualidade técnica. Marcou dois golos de belo efeito e foi o perfume do futebol dos Estados Unidos.

     

    O FORA DE JOGO

    Alanna Kennedy – cometeu erros clamorosos que ganharam ainda mais relevo por terem resultado em golos dos Estados Unidos. Não apresentou assertividade nas ações, transmitindo insegurança para o restante setor defensivo.

     

    ANÁLISE TÁTICA – AUSTRÁLIA

    Com Carpenter de fora por castigo, o selecionador Tony Gustavsson chamou ao onze Clare Polkinghorne de modo a compor a linha de cinco mais recuada com que a Austrália defende habitualmente e que voltou a utilizar neste jogo.

    Na hora de atacar, as laterais Hayley Raso e Tameka Yallop projetaram-se em simultâneo, desvendando o sistema da equipa: 3-4-3.

    Mesmo com a pressão americana, não abdicaram de jogar futebol apoiado. Na primeira fase de construção, procuraram ligar o jogo pelo corredor central, através de passes verticais das centrais para as extremos a jogar por dentro, Kyah Simon e Caitlin Foord, ou para a médio Chloe Logarzo, que jogou entre linhas. De seguida, libertavam a bola no corredor lateral.

    Desta forma, conseguiram criar várias situações de cruzamento que resultaram em lances perigosos. Emily van Egmond, a jogadora mais recuada do meio-campo, foi quem mais critério deu ao jogo em posse.

    Na frente, Sam Kerr mostrou-se bastante dinâmica na procura da bola quer no espaço, quer no pé e, apesar do seu 1,68m, também se voluntariou a receber passes pelo ar.

    O que mais prejudicou a Austrália foram os muitos problemas defensivos. Houve erros individuais, mas também coletivos, nomeadamente no controlo da profundidade.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Teagan Micah (5)

    Hayley Raso (6)

    Clare Polkinghorne (7)

    Steph Catley (6)

    Alanna Kennedy (4)

    Tameka Yallop (7)

    Emily van Egmond (8)

    Chloe Logarzo (6)

    Kyah Simon (7)

    Caitlin Foord (7)

    Sam Kerr (8)

    SUBS UTILIZADOS

    Courtney Nevin (6)

    Mary Fowler (5)

    Kyra Cooney-Cross (6)

    Emily Gielnik (6)

    Laura Brock (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – ESTADOS UNIDOS

    Os Estados Unidos alteraram ligeiramente o sistema tático. Em vez do habitual 4-2-3-1, Vlatko Andonovski optou por um 4-3-3. Ao abdicar da criativa Rose Lavelle no meio-campo, montou, com Julie Ertz, Samantha Mewis e Lindsey Horan, um robusto triângulo na zona intermédia do campo.

    Este trio foi preponderante na estratégia da equipa pela superioridade numérica que tinha naquela zona do terreno e pela pressão alta que executaram na tentativa de saída de jogo da Austrália, forçando vários erros. A equipa mostrou como se pode dominante sem ter o protagonismo do jogo.

    Das poucas vezes que concederam espaço às adversárias, tiveram problemas no controlo dos cruzamentos. Com a entrada de Lavelle e o recuo de Horan, a equipa perdeu capacidade de pressão e teve que recuar mais o bloco.

    A missão ofensiva ficou a cargo das três da frente. Destaque para Megan Rapinoe a ser a luz da equipa em termos de criatividade e Carli Lloyd a não dar hipóteses na finalização.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Adrianna Franch (5)

    Kelley O’Hara (6)

    Becky Sauerbrunn (5)

    Tierna Davidson (5)

    Crystal Dunn (6)

    Julie Ertz (7)

    Samantha Mewis (6)

    Lindsey Horan (7)

    Christen Press (6)

    Megan Rapinoe (8)

    Carli Lloyd (8)

    SUBS UTILIZADOS

    Rose Lavelle (6)

    Tobin Heath (5)

    Alex Morgan (-)

    Emily Sonnet (-)

    Foto de capa: US Soccer

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    Francisco Grácio Martins
    Francisco Grácio Martinshttp://www.bolanarede.pt
    Em criança, recreava-se com a bola nos pés. Hoje, escreve sobre quem realmente faz magia com ela. Detém um incessante gosto por ouvir os protagonistas e uma grande curiosidade pelas histórias que contam. É licenciado em Jornalismo e Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e frequenta o Mestrado em Jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social.