À meia dúzia é mais barato, mas a permeabilidade vai sair cara

    Já ouviram falar de jogos de sentido único? Então não é preciso contar o que se passou na partida dos oitavos de final da Taça de Portugal Feminina de Futebol entre o detentor do troféu, Famalicão, e o tricampeão nacional e provável quarto-finalista da Liga dos Campeões, Benfica.

    Foi um massacre – seis golos, quatro bolas nos ferros e outras oportunidades em que a decisão final das encarnadas foi deficitária -, com a permeabilidade da defensiva famalicense a ganhar contornos de evidência demasiado severos. Não se pode falar de passividade – isso implicaria falta de vontade ou compromisso das atletas, que não parece ser, de todo, o caso -, mas de permeabilidade defensiva pode e deve-se falar.

    É verdade que do outro lado estava uma equipa do Benfica muito forte, sem Kika Nazareth, mas com Lúcia Alves em modo craque absoluta. É verdade que o golo aos dois minutos torna difícil a manutenção do plano de jogo. Não deixa de ser verdade, no entanto, que o golo aos dois minutos surgiu já de uma permeabilidade que não devia existir tão cedo na partida.

    SL Benfica jogadoras Futebol Feminino
    Fonte: Paulo Ladeira / Bola na Rede

    Não deixa de ser verdade que, mesmo sofrendo golo cedo, uma equipa com a qualidade individual das famalicenses não se pode deixar quebrar como aconteceu e permitir que a partida mudasse aos três e acabasse aos seis, como aconteceu. É verdade que este não é o Famalicão da temporada passada, mas não deixa de ser verdade que há matéria-prima, há recursos humanos suficientes para, pelo menos, evitar uma “tareia” destas (relembro, foram seis golos e quatro bolas nos ferros).

    O 3-4-3 losango do Benfica esteve muito bem montado e as jogadoras encarnadas cumpriram todas muito bem as funções que devem assumir nesse sistema. Todavia, nunca se viu da parte da turma minhota sequer um esboço de mudança, procurando um sistema ou modelo que encaixasse melhor no esquema elaborado por Filipa Patão.

    O uso de três centrais poderia ter sido algo a experimentar, ainda que se compreenda que, ao entrar a perder num jogo a eliminar, olhar para a parte de trás da maquinaria fosse mais inusitado. Ainda assim, foi mesmo pela franca incapacidade defensiva que o Famalicão perdeu este encontro – ou que o Benfica o venceu.

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    Márcio Francisco Paiva
    Márcio Francisco Paivahttp://www.bolanarede.pt
    O desporto bem praticado fascina-o, o jornalismo bem feito extasia-o. É apaixonado (ou doente, se quiserem, é quase igual – um apaixonado apenas comete mais loucuras) pelo SL Benfica e por tudo o que envolve o clube: modalidades, futebol de formação, futebol sénior. Por ser fascinado por desporto bem praticado, segue com especial atenção a NBA, a Premier League, os majors de Snooker, os Grand Slams de ténis, o campeonato espanhol de futsal e diversas competições europeias e mundiais de futebol e futsal. Quando está aborrecido, vê qualquer desporto. Quando está mesmo, mesmo aborrecido, pratica desporto. Sozinho. E perde.